Eram favas contadas. Carlos Alcaraz e Jannik Sinner chegam invictos à decisão do ATP Finals e farão às 14 horas deste domingo o último grande jogo de 2025. Não havia mesmo forma melhor e mais justa de se terminar outra temporada de amplo domínio dos dois.
Esta, aliás, será a primeira vez na história do tênis profissional em que os mesmos jogadores decidirão os três mais recentes Grand Slam e também o Finals. Curiosamente, ambos chegam a este reencontro com 90% de jogos vencidos desde janeiro. Se Carlitos ergueu mais troféus (8 a 5), Jannik está perfeito na quadra dura coberta (14-0 contra 10-2).
Por razão óbvia, os holofotes estarão mais em cima de Sinner. Ele não é apenas o atual campeão, mas também o dono da casa e acaba de realizar uma façanha restrita a outros dois gênios do esporte: apenas Roger Federer e Novak Djokovic conseguiram decidir todos os quatro Slam e o Finals de uma mesma temporada. O italiano tem na verdade uma sequência de sete grandes finais consecutivas, que vêm desde o US Open de 2024. Nole chegou a oito, entre o Masters de 2014 e Roland Garros de 2016 e o suíço, incríveis 13, entre Wimbledon de 2005 e o Finals de 2007.
Mesmo tendo de ir dois dias seguidos à arena Inalpi, na sexta-feira para completar o grupo em cima de Ben Shelton e no sábado para encarar o ‘freguês’ Alex de Minaur, Sinner continuou esbanjando força física, precisão nos golpes e saque afiado, O primeiro serviço merece destaque à parte, já que tem sido um aliado fundamental nesta campanha, a ponto de chegar ao domingo ainda sem ter o serviço quebrado, evitando 12 break-points em três jogos distintos, incluindo quatro contra o australiano. Vale observar o vídeo abaixo, que mostra as pequenas mas essenciais mudanças no seu movimento,
Tennis Channel a analysé les changements au service de Jannik Sinner entre l’US Open et le Masters.
Le gros changement est le lancer de balle, plus à gauche, qui entraîne également une modification de la position du coude.
Intéressant.pic.twitter.com/5vj6Z36OGL
— Tennis Legend (@TennisLegende) November 15, 2025
Desde que perdeu a final do US Open para Alcaraz, Sinner se empenhou em melhorias. O saque foi apenas uma delas. Ele também trabalhou muito a transição à rede, dando-se hoje ao luxo de praticar alguns saques-voleios, assim como incluiu de vez as deixadinhas no repertório. Esse jogador claramente mais completo será um desafio diferente para o espanhol, que por sua vez recuperou o forehand matador e aumentou de forma significativa a média de velocidade do primeiro saque.
Alcaraz já se livrou do peso da briga pelo número 1, porém está diante de um troféu que ainda não tem no currículo e busca repetir os dois únicos compatriotas a serem campeões do Finals: Manuel Orantes (1976) e Alex Corretja (1998). Nesse aspecto, pode enfim superar Rafa Nadal, finalista derrotado em 2010 e 2013. Ele sabe que encontrará um estádio 99% hostil, mas não será uma experiência nova, já que superou Sinner na recente final de Roma.
O confronto direto entre os dois ainda é muito favorável a Alcaraz, que tem 11 a 5 no geral e 10 a 5 nos torneios de primeira linha, com 4 a 1 neste ano, 5 a 2 em finais, 7 a 2 na quadra dura e até mesmo 1 a 0 no sintético coberto, onde se cruzaram em Paris-Bercy de 2021.
Como o campeão será necessariamente invicto, está em jogo também a maior premiação da história do tênis profissional masculino: US$ 5.071.000, tendo o vice já garantido US$ 2.704.000.
As meninas brilham
Em outro sinal evidente de que há um grande futuro a sua espera, Nauhany Silva e Victória Barros tiveram um grande sábado. Naná ganhou a confiança do técnico Luiz Peniza e marcou o importante primeiro ponto para o Brasil diante de Portugal na repescagem da BJK Cup, em Hobart, vitória depois confirmada por Laura Pigossi. É importante ressaltar que Naná passou a semana passada na BJK Cup Juniors, no saibro de Santiago, onde ganhou seus seis jogos. Adaptação e fôlego de tirar o chapéu.
Victória por sua vez repete os recentes passos de Naná. Já faturou o título de duplas no W15 de Antalya, seu primeiro troféu como profissional, e neste domingo disputa final inédita de simples. As duas promessas têm apenas 15 anos e sobram em qualidade técnica e espírito guerreiro.
E mais
– O título em Turim também pesará no ranking. Se Alcaraz vencer, chegará em 2026 com vantagem de 1.550 pontos. Já Sinner poderá fechar apenas 550 atrás.
– De qualquer forma, os 11.000 pontos do italiano de momento já são mais do que o dobro de Alexander Zverev, com 5.160.
– Félix Auger-Aliassime aparecerá pela primeira vez no top 5 do ranking. O notável é que ele ocupava o 27º posto no US Open e a arrancada se deu com vitória em 24 de seus últimos 30 compromissos.
– Alcaraz já tem 71 vitórias no ano, soma apenas inferior à de Andy Murray (78 em 2016) e à de Sinner (73 em 2024) na última década. O espanhol ainda poderá jogar três vezes na final da Copa Davis.
– Há três britânicos na decisão de duplas em Turim: Neal Skupski e Joe Salisbury enfrentarão Henry Patten e o finlandês Harri Heliovaara. Nenhum deles havia chegado tão longe no Finals. Skupski e Salisbury estão invictos e podem pegar o prêmio máximo de US$ 959.300.










Conforme citado no texto, será apenas o segundo confronto entre eles na dura indoor, sendo que o anterior inaugurou o H2H.
Ambos estão na ponta dos cascos, o que promete uma final memorável. Pena não ser em melhor de cinco.
Palpite: Sinner em 3.
O que eu gosto do Alcasinner é a busca da perfeição entre um torneio e outro, buscando melhorar os golpes e a técnica. Tenho quase certeza que em 2026 vai seguir a mesma dinâmica de 2025 , com as finais e divisão dos GS e ATP Finals entre os dois tenistas.
Muito bom, Mestre!
Espero que amanhã o jogo seja equilibrado.
Me chamou a atenção dos outros jogadores do top 8 só terem beliscado dois atp 500 e apenas alguns 250.
Sem dúvida, algo incomum.
Não custa lembrar que dos últimos 8 Slam e 2 ATP Finals das últimas duas Temporadas, todos sem exceção, nas mãos de Jannik Sinner e Carlos Alcaraz. E alguns ainda duvidam que existem recordes , que não possam ser superados ( tirando 14 RG e 237 Semanas Consecutivas no Topo) . O Serviço atual de Sinner, comprova que este é um dos principais fundamentos do Esporte, e que pode sim ser melhorado. O papo de mudar o Tênis, por causa de seu impacto nos pontos, é de quem jamais empenhou uma Raquete ( Djokovic melhorou muito durante sua brilhante carreira ) . Abs !
* Jamais Empunhou …Abs !
Qual seu palpite Dalcin? Quem leva o título?
Olha, acho que é extremamente imprevisível e parelho, mas eu colocaria fichas no Alcaraz.
Amanhã teremos a final que todos esperávamos ver. O Big2 está muito a frente dos demais, a tendencia clara é que tais finais se repitam com frequência em 2026, ao menos nos principais eventos. Amanha vejo Sinner favorito, mas depois da exibição do espanhol hoje vejo o italiano menos favorito do que eu imaginava…
Dalcim,
Se não estou enganado, o prêmio conquistado por Elena Rybakina no WTA Finals 2025 (US$ 5.235.000), foi maior que o prêmio que os garotos estarão disputando.
Sim, eu me referi ao circuito masculino, Samuel. Mas vou deixar isso mais claro.
Dalcim, vc acha que esse é o momento de Sinner fechar a porta na cara d e Alcaraz?
Pq temos que ver a circunstância, no US Open eu não sei nem se Sinner tava jogando melhor que Alcaraz, a gira de saibro do espanhol foi melhor que a do italiano, ou seja, apesar da pipocada, o normal seria o espanhol ter ganho, porém agora quem tá jogando melhor e tem um melhor histórico na coberta é Sinner, é hora dele mostrar que se ele for o favorito ele ganha, inclusive isso até envia uma mensagem pra o espanhol no AO, caso ele esteja na expectativa de ano que vem completar o Grand Slam, que saiba que no AO o italiano é o favorito.
AH, sem dúvida que a vitória é muito importante para o Sinner sob todos os aspectos, Nando. Uma derrota em casa e em seu piso mais dominante seria bastante desmotivadora.
A diferença que esses dois colocaram diante dos demais no circuito é absurda. Ou surgem alguém novo ou vida longa para o big 2.
Eles 2 são a “evolução” (eu prefiro continuidade) que o circuito vinha esperando há mais de 10 anos. O tênis foi construindo, geração após geração, jogadores capazes de subir o nível em algum grau em relação à geração anterior (de Becker para Sampras para Federer para Nole+Nadal – estes são de geração posterior à do suíço, ainda que muitos não o queiram admitir), mas o último fora de série que tivemos foi o sérvio, o qual não viu chegar ninguém para lhe fazer frente, com o circuito tendo passado por pelo menos 2 gerações “perdidas” (a do Dimitrov-Nishikori, e depois a do Zverev, que viu um de seus mais limitados jogadores – o Urso – como o único a vencer slam, por incrível que pareça). Finalmente o circuito viu chegar atletas capazes de continuar jogando em nível ao menos próximo ao da régua (altíssima, sem dúvidas) que os membros do Big 3 (+Murray e, em menor grau, Stan e até Delpo) impuseram. Eu venho esperando isso há anos.