Considerada até pouco tempo como a “ministra da felicidade” do circuito, a tunisiana Ons Jabeur é mais uma estrela que se afasta das quadras com a justificação de que o tênis perdeu a graça.
A duas vezes finalista de Wimbledon se diz sentir num buraco e que não se sente mais alegre ao estar em ação. Aos 30 anos, deu-se assim um tempo assim que acabou Wimbledon, sem prazo para retorno.
O que impressiona é que esse estado de desinteresse relatado por Jabeur se assemelha ao que alguns outros nomes indicaram passar nos últimos tempos. “Nunca me senti tão vazio antes”, afirmou o número 3 do mundo Alexander Zverev. “Jogar tênis profissional é igual correr em uma roda como um hamester”, comparou Casper Ruud.
Pouco antes de conquistar o Australian Open, a norte-americana Madison Keys também procurou por ajuda e o russo Andrey Rublev apontou desilusão grave quando as coisas não acontecem como ele espera. “Estamos muito expostos desde uma idade muito baixa e isso se estende por meses, anos. Há uma hora que você começa a se questionar”, explicou Keys.
O rolo compressor que é o circuito de tênis levou a australiana Ashleigh Barty a se aposentar tão cedo. Em sua biografia, ela conta que “você não consegue parar, sentar e apreciar o momento, porque logo depois já tem de estar em campo para uma nova batalha”.
A própria vice-campeã de Wimbledon de dias atrás, Amanda Anisimova, interrompeu drasticamente a carreira e passou oito meses tentando limpar a cabeça com atividades diversas e não competitivas. “Foi algo necessário para eu me reencontrar como pessoa”, contou durante a campanha.
Com um calendário econômico mesmo no seu auge, Novak Djokovic diz que compreende a crise. “Estive assim muitas vezes. É um momento em que você se sente oco e sem alegria em competir. Esse tema precisa ser abordado com mais frequência no tênis”.
E mais
– Zverev surgiu treinando com Toni Nadal em Mallorca e a possível parceria foi aprovada por Becker, mas ele ressalta que Toni exige disciplina. E isso é algo que claramente não combina com Sascha.
– Em entrevista à TNT, Hurkacz comparou Sinner e Alcaraz ao Big 4 e garante que o nível que os dois impõe hoje é maior do que 10 anos atrás. E que os dois líderes de hoje jogam melhor do que Federer, Nadal, Djokovic e Murray em seus auges.
– Sabalenka superou a casa dos 12 mil pontos no ranking e é a primeira a fazer isso desde Serena em 2015. Sua vantagem de 4.751 pontos sobre Gauff, no entanto, é inferior ao 4.800 de Swiatek sobre a própria Aryna, em fevereiro de 2023.
– A ESPN americana teve a maior audiência na transmissão de Wimbledon dos últimos seis anos. A final masculina teve 31% mais espectadores do que a decisão do ano passado e chegou ao pico de 4 milhões. Já a final feminina cresceu 18% e as semis masculinas, 34%.
– A ITIA recorreu da liberação de Tara Moore do caso de doping de 2022 e ganhou: o CAS confirmou a pena de quatro anos de afastamento por uso de dois tipos de anabolizantes. A britânica alegou ter ingerido carne contaminada, mas a tese foi refutada.
– Quatro tenistas mudaram de nacionalidade durante esta temporada: a russa Daria Kasatkina virou australiana, a norte-americana Tyra Grant foi para a Itália, a espanhola Rebeka Masarova mudou para suíça e a tcheca Linda Klimovicova se transferiu para a Polônia.
Olá, Dalcim, gente boa!
Sendo apreciador há muito do seu texto – e aproveitando o tema mais ‘alternativo’ – gostaria de perguntar se você (caso leia biografias de tenistas ou personalidades esportivas), poderia sugerir um ranking (top 3,5, por exemplo).
Na mesma linha, se poderia dar um pequeno parecer sobre, por exemplo, a do Agassi, Bill Tilden, Ashe,etc. Ou alguma que vc tenha curtido.
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Brigadão!!
Gosto, sim, de ler biografias, William. E acho que a do Agassi é a melhor de todas entre os tenistas. Depois, eu citaria a do Connors, do McEnroe, do Federer e do Nadal, pela ordem. Não gosto muito de ‘biografias’ oficiais, mas as três primeiras mostram um lado muito interessante do circuito com pouco romantismo. Abs!
A do Guga também é muito boa. Tem partes do livro que são divertidas, outras tensas e algumas tristes.
Pq eles mudam a nacionalidade deles? Alguém pode me explicar?
Geralmente é por melhores condições de treinamento.
Concordo com tudo que você falou , mas quando Nadal , Federer , Djokovic jogavam ninguém ouvia falar desse desgaste , porque ? Eles eram super heróis ?
Sem dúvida, foram muito especiais.
Nosso amigo Hurkacz andou comendo um bifinho estragado… Sinner e Alcaraz ainda precisam comer muito feijão com arroz para chegar ao nível do Big 4… E olha que eu nem acho que eles foram os melhores. Esse título pertence a Rod Laver, seguido de perto por Borg.
Mas eu não duvido que os 2 terão carreiras magníficas.
As dificuldades dos tenistas em resistr à máquina de moer carne do circuito apenas revela a grandeza do Big 4, que teve que conviver com isso por praticamente 2 décadas… Imaginem o mental desses caras…
Concordo. E acrescento que poucos foram os que conseguiram se manter no topo por tanto tempo além do Big 4. Jimmy Connors foi um deles. Entre as mulheres, Chris Evert e Martina Navratilova.
Feliz por ter uma matéria focando a Ons Jabeur, uma tenista que além de talentosa, é uma guerreira e com certeza abrirá caminhos pras atletas árabes, as quais, por uma questão cultural, encontram muito + dificuldades que as ocidentais pra seguirem carreira.
Sou fã dela.
O pior é que ela chorava em quadra e eu nn entendia, ficava ate com medo de ser uma nova lesão, mas o mental dela tb estava fraquissumo
Na minha humilde opinião o problema é dinheiro que rola , antigamente não se ganhava tanto ,hoje o zverev por exemplo já ganhou mais em premiação que o Agassi , então a motivação vai embora e sinceramente eles não querem pagar o preço da glória
Esses fatos podem ser olhados sob diversos pontos de vista: geração mimimi que não consegue enfrentar fases áridas de uma profissão; alimentação e educação ruins têm produzido pessoas depressivas em larga escada; depois de ganhar US$ 10mi fica desnecessário e entediante trabalhar, eis que um ricaço jovem.
É um bocado mais complexo que isso. Grande parte dessa falta de resiliência é nossa culpa, pois criamos nossos filhos distantes, largando-os com seus celulares, games e redes sociais cheios de dopamina. A competição, os valores materiais e o julgamento também subiram a níveis não mais suportáveis para a maioria. Essa é a fórmula do mundo que nós criamos, e não só eles.
Abs
Tem gente que acredita que Hurkacz anda comendo carne estragada, como podemos ler acima. Pelo jeito, Boris Backer também, ao se referir à Nadal versus Sinner/Alcaraz. Talvez muitos outros estão comendo carne estragada.
Se compararmos o nível do tênis praticado em um ano com o ano imediatamente anterior, talvez podemos acreditar que o nível do ano anterior seja acima do nível atual, ou seja, 2025 abaixo de 2024, 2024 abaixo de 2023, 1969 abaixo de 1968, etc. Nessa linha de raciocínio alguém poderia dizer que 2025 estaria abaixo de 1968, para ficarmos dentro da era aberta, já que o ano anterior estaria sempre acima do ano atual.
Mas o nível melhora de forma imperceptível aos nossos olhos, pois, seria covardia comparar, por exemplo 2020 com 1970. Qualquer pessoa, mesmo quem nunca viu tênis, vai perceber que o nível atual está acima do nível do passado.
Dito isto, justifica-se dizer que Laver é Borg foram melhores que os jogadores atuais. Quem diz isso está vendo apenas os resultados e não a dificuldade da concorrência que hoje é incomparavelmente maior que no passado distante.
Penso que é o mesmo que comparar Pelé e Messi. Claro que o jogo evoluiu e ficou muito mais exigente, mas o que faria Pelé com a medicina e tecnologia atual? E o que faria Messi naquela época onde um atleta de 30 anos não conseguia mais jogar?
Com as condições vigentes ambos conseguiram se destacar e encantar o público com sua mágica. Para mim são atemporais e incomparáveis, porque não se quantifica magia, que no fundo é o que todos queremos.
Abs
Bem, a meu ver , o Big 4 + Wawrinka, conseguiu se formar como pessoa e atleta , ainda bem distante das redes sociais e destes alucinados apostadores. Sinner e Alcaraz, ficaram milionários ainda muito jovens , e com dinheiro para bancar um Staff espetacular, com direito a familiares dando toda a cobertura. Aqueles que se perderam no Extra quadra ( incluo as meninas) , estão realmente com sérios problemas de saúde mental. Zverev e Jabeur, cada um a seu modo , estiveram muito próximos ao sonho do Slam. Hurcakz pegou o Big 3 no auge , quando tinha 20 anos. O que ele afirma choca os fanáticos, mas pra mim , os dois garotos jogam mais que o Big 3 , na mesma idade. Quanto a longevidade, somente o tempo dirá. Isto em nada os tirará do Olimpo!!!. Abs !
Se no nosso trabalho, onde a competitividade e as exigências são muito menores já sofremos com a pressão e o stress diário, imagine em um ambiente onde estão os melhores do mundo, alguns dos atletas mais bem pagos e consequentemente mais preparados de todos os tempos.
A fama mundial e as imperdoáveis redes sociais também tem papel crucial no desânimo da juventude.
Junte a isso uma pitada de falta de resiliência, muito por causa do excesso de dopamina que contamina nossos pensamentos, e temos o ambiente ideal para a debandada de diversos nomes de peso.
Infelizmente ainda veremos muita gente boa abandonando o barco.
Dalcin, enquanto meu calendario de tenis não for implantado no mundo. o desgaste de atletas vai permanecer, com até 4 torneios em sequencia para os top 32, um absurdo.
O tenis precisa ser jogado nos 12 meses do ano, cada jogador tira suas férias quando quiser.
Sao 14 sequencias de 3 ou 4 semanas por ano, todos equidistantes, com tempo igual de descanso após cada sequencia.
Semana 1 – 3 torneios 250
Semana 2 – 1 torneio 500.
Semana 3 – 1 torneio 1000, ou entao
Semana 1 – 3 torneios 250
Semana 2 – 1 torneio 500
Semanas 3 e 4 – 1 torneio Gran Slam.
As 14 sequencias ocupam 12 meses, desta forma:
4 sequencias com 250 – 500 – Gran Slam = 4 meses.
4 sequencias com 250 – 500 – 1000 de 2 semanas = 3,5 meses
6 sequencias com 250 – 500 – 1000 de 1 semana = 4,5 meses
Este será o gabarito mundial – 42 torneios 250 – 14 torneios 500 – 10 torneios 1000 – 4 torneios 2000.
Se o Tio Toni, um cara capa do impossível, não der um jeito no Zverev ninguém dará. E quando digo jeito me refiro ao aspecto mental/confiança, pois qualidades técnicas sobram no cara…