Quase Jasmine Paolini estraga o dia, mas a chuva e os santos ajudaram e assim todos os três top 10 do tênis italiano avançaram nesta longa terça-feira no Fóro Itálico, onde o surgimento das nuvens pesadas mudou também a velocidade do piso e testou a paciência e a competência dos jogadores.
Paolini marcou até aqui a grande virada dos torneios combinados de Roma. Começou toda animada, fez 4/0 e sacou para 5/1 até que de repente saiu dos trilhos. O excelente forehand canhoto da russa Diana Shnaider começou a gostar do jogo e, mesmo a italiana tendo 6/5 e saque, foi levada ao tiebreak e aí desandou de vez.
Quando Shnaider, afinal uma 11ª do ranking, abriu 4/0 no segundo set, até a torcida parecia desanimada. Os deuses então mandaram a chuva e, ainda que curta, a paralisação fez Paolini enxergar de novo o jogo. Para quem só havia vencido quatro pontos no set, foi incrível como ganhou seis games consecutivos e empatou tudo. Voltou e levar quebra no game inicial do terceiro set, Shnaider fez 2/0 e aí de novo levou o chamado “pneu moral”.
“Estava confusa na parte tática”, admitiu a quinta do ranking, que é a primeira italiana a ir tão longe no torneio desde a final de Sara Errani, em 2014. Aliás, foi a amiga e parceira de duplas quem deu a dica essencial justamente naquela parada da chuva. “Ela insistiu para eu bater tudo no backhand da Diana e só ir no forehand se a bola fosse realmente fácil”.
A semifinal tem tudo para ser outra batalha, já que Peyton Stearns é uma baita surpresa, agora com três espetaculares e exigentes vitórias no terceiro set em cima de nada menos que Madison Keys, Naomi Osaka e Elina Svitolina. Nunca havia jogado em Roma e, número 42 do ranking, era a única não cabeça ainda viva nas quartas. Agora, virou até cabeça de chave em Roland Garros. Suas únicas finais de WTA foram no saibro, com título em Rabat e vice em Bogotá.
O sonho continua
Jannik Sinner e Lorenzo Musetti só tiveram o primeiro set duro e mantêm o sonho, cada vez menos impossível, de uma final caseira no Campo Centrale. O número 1 do mundo poderia ter simplificado o placar contra o bom argentino Francisco Cerúndolo, mas deixou escapar uma quebra de vantagem no primeiro set e aí precisou suar muito para levar no tiebreak. O importante é que os golpes estão lá e isso será ainda mais importante se der Casper Ruud contra Jaume Munar, que tiveram jogo adiado devido aos atrasos todos.
Musetti repete as quartas que fez em Monte Carlo e Madri – foi até a final de Mônaco e à semi na Espanha – e ainda não perdeu set no Fóro Itálico, tendo superado Daniil Medvedev com riqueza de golpes e apuro tático. Foi curioso que a chuva caiu na hora de sacar com match-point e teve de esperar 2h52 para fechar o ponto final com mais uma deixadinha. Vem agora um tremendo desafio contra o bi e atual campeão Alexander Zverev, a quem venceu em 2 de 3 jogos. O alemão bateu Arthur Fils com uma de suas melhores atuações no saibro europeu.
Aliás, a trajetória de Musetti é muito dura, já que poderá cruzar em seguida com Carlos Alcaraz ou Jack Draper. O espanhol continua com intensos altos e baixos e passou enorme sufoco contra Karen Khachanov. Já o canhoto britânico precisou correr demais atrás das deixadas de Corentin Moutet e certamente ficou aliviado ao ver o terrível canhoto francês sentir a coxa nos games finais. Moutet é irritante, porém sobra categoria.
A boa surpresa foi ver o retorno de Hubert Hurkacz às rodadas importantes. O polonês andou sofrendo com o joelho direito – está jogando até com proteção – e só havia ganhado uma partida depois da semi em Roterdã até chegar Roma. E mostrou estar em forma, ao tirar Jakub Mensik num tenso jogo de três sets em que venceu os dois tiebreaks. Seu adversário será Tommy Paul, muito firme na base diante de Alex de Minaur, autor de notáveis 30 erros só com o backhand.
Fim da parceria
Longe de Roma, a outra notícia do dia foi a separação de Novak Djokovic e Andy Murray depois de seis meses de trabalho. Para ser sincero, nunca fui muito simpático à parceria, principalmente do lado do escocês. Ele mal encerrou a carreira e optou por iniciar fase de treinador ao lado de alguém a quem muito pouco poderia ajudar, exceto em prestígio e marketing. Não era um papel cabível ao currículo de Murray. Será um prazer vê-lo como treinador, mas talvez a escolha mais sensata seja alguém da nova geração, a quem possa efetivamente ensinar o muito que sabe.
Dalcim, eu vi agora à noite a grande vitória do Pedro Rodrigues sobre o Roncadelli. Gostei da eficiência dos golpes, e me parece q o garoto pode ir bem longe tb. Mas eu queria te perguntar o q acha do forehand dele – caindo pra trás. Algo vai ser feito, ou vai ser assim mesmo? Não é uma crítica.
Bom, eu não o vejo jogar há algum tempo, então não posso opinar. Mas se existe esse problema, com certeza absoluta terá de ser corrigido.
É q a gente sabe q uma vez ou outra pode acontecer de um tenista bater caindo pra trás. Mas ele bate todas as bolas assim, e imaginei como deve ser difícil ajustar. Grato pela resposta.
Jamais soube de algum jogo com uma bicicleta moral, antes dessa partida da Paolini. Coisa rara
Dalcim, o que de fato é necessário para um ex tenista virar treinador? Vimos caso do Massú tendo sucesso com o Thiem, assim como Ljubicic com o Federer, Moya com o Nadal, entre tantos outros.
Mas, como você bem salientou, o Murray tinha acabado de se aposentar do circuito, e sem nenhuma bagagem como treinador, era difícil imaginar que pudesse agregar algo ao jogo de um tenista de quem era grande freguês.
Pergunto o que é necessário fazer para o ex tenista virar treinador, justamente porque no futebol, é exigido uma licença em diferentes níveis, e não sei se no tênis é exigido algo do tipo também.
Não, em termos de cursos oficiais não é exigido nada, muito menos de um tenista que foi número 1 do mundo. Agora, são situações muito diferentes e certamente também exige um aprendizado e experiência. Acho que Murray tem tudo para ser um bom treinador e espero que ele pegue alguém de potencial.
Moutet é o novo santoro!!
Sim. Murray e Djokovic foi mais uma questão de marketing, ainda que o inglês seja muito mais gramista do que o sérvio. Mas nem precisava, o estilo defensivo combinado com a grana lenta de Wimbledon, deu alguns bons resultados nesses anos de entresafra. Só havia o Federer velhaco para tentar competir la.
Fica a pergunta. Quem Goran Ivasinevic foi para estar tão gabaritado ? . O que ele e Boris Becker arrumaram depois de Djokovic ? . Li entrevistas de Sérvio no início, elogiando Murray por levar vídeos de todos os Oponentes, e as discussões das estratégias para cada um deles. Djokovic saiu se inscrevendo em tudo que é MASTERS 1000. Com as derrotas vimos ele alterar tudo. Agora apelou para um Sérvio que o conhece desde criança. Não era marketing não. Abs !