Voltando de nova lesão no punho, Muchova usa o backhand de uma mão

Karolina Muchova (Foto: Owen Hammond/WTA)

Londres (Inglaterra) – A tcheca Karolina Muchova, de 28 anos, chamou a atenção no Queen’s Club depois de sua vitória na estreia sobre a australiana Maddison Inglis por 7/6 (7/5), 3/6 e 6/4, na volta de mais um problema no punho, desta vez o esquerdo. Muchova teve de jogar usando o backhand de uma mão.

Muchova possui um estilo de jogo clássico e dinâmico, ao contrário da maioria das atuais jogadoras, misturando slices, drop shots, forehands, backhands, subidas à rede. Nesta quarta, caiu em três sets diante da alemã Tatjana Maria, com parciais de 6/7 (3/7), 7/5 e 6/1.

Ex-número 8 do mundo, a tcheca tem apenas um título de WTA na carreira, no WTA 250 de Seul em 2019. Sua grande temporada aconteceu em 2023 quando alcançou sua primeira final de Grand Slam em Roland Garros, levando a então número 1 do mundo Iga Swiatek a jogar três sets na decisão. Ela também já esteve em duas semifinais do US Open e em duas finais de WTA 1000. A tenista começou a sentir uma lesão no punho direito no fim de 2023, passou por cirurgia e ficou fora dos primeiros meses da temporada passada.

Quando Muchova atuou em Roland Garros há duas semanas, fãs e especialistas notaram que seu característico slice de esquerda, antes usado para variar o ritmo, tornou-se sua única opção na derrota para Alycia Parks na primeira rodada.

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Não funcionou contra Parks, mas as quadras de grama são mais receptivas à estratégia e a tcheca avançou à segunda rodada onde travou um bom duelo com Maria. Muchova é conhecida há muito tempo por seu repertório completo de golpes, mas o backhand com uma mão é uma adição recente que ela nunca pretendeu fazer. É uma medida temporária imposta por um problema no punho esquerdo, que a manteve fora de ação entre Miami e Roland Garros. Ainda em reabilitação, ela vem usando o backhand de uma mão, informa Alex Macpherson em longa reportagem no site do torneio do WTA 500 de Queen’s.

“Senti que não jogar partidas era uma desvantagem para mim”, disse Muchova. “Mas eu estava pensando que na grama é bem desconfortável para os outros jogarem, e o slice é uma ótima tática. Então, escolhi lutar com [uma de uma mão] e ganhar experiência com a partida, e quem sabe até conseguir algumas vitórias. Eu simplesmente amo o jogo e amo jogar — não queria perder por causa do meu punho esquerdo. Estou apenas tentando descobrir onde jogar, como jogar taticamente com essa desvantagem”, afirmou.

Contra Inglis, foi fascinante observar como Muchova encontrou maneiras de compensar. Em sua estreia, ela usou não apenas o slice para pontuar, mas também criou espaço e ângulos. Seu jogo de pés permitiu que ela contornasse o backhand e avançasse para os forehands, e seu posicionamento no saque a ajudou a evitar o tipo de trocas prolongadas que poderiam expor suas limitações.

“São os dois lados”, disse Muchova, descrevendo a mentalidade necessária para jogar com uma vulnerabilidade tão clara. “Eu estaria mentindo se dissesse que estou muito positiva. É muito frustrante. Na minha cabeça, às vezes é como: ‘Droga, se eu pudesse te esmagar com as duas mãos agora, seria muito mais fácil’. Mas estou tentando deixar isso de lado e me concentrar em coisas positivas. Estou pensando em mais táticas — com certeza o saque, especialmente na grama. [Estou focando] no posicionamento, na velocidade para colocar as jogadoras em posições desconfortáveis”, esclareceu a Macpherson.

Tcheca sofreu com muitas lesões na carreira

Em comparação com os 10 meses afastada em 2023-24 recuperando-se do punho direito, agora, pelo menos, ela consegue jogar. Mas ambos os problemas são apenas os mais recentes de uma série de lesões que ela sofreu: abdominais, tornozelo, costas.

Muchova suspira profundamente quando questionada. “Eu aceito como é”, disse. “Não quero dizer que sou azarada. Não sei por quê — sinto que faço muito para evitar que essas coisas aconteçam com meu corpo, mas elas acontecem. Eu simplesmente tento tudo o que posso para que isso não aconteça na próxima vez, mas até agora sempre há algo”.

O apoio de amigos e familiares tem sido crucial, especialmente das compatriotas Barbora Krejcikova e Marketa Vondrousova, que sabem melhor do que ninguém o que Muchova passou. Ela treina no mesmo clube que Vondrousova, o I. ČLTK Praga, e brinca que elas sempre se encontram na academia para se recuperar de um novo problema. “Uma de nós está sempre com dificuldades, então conversamos muito”, disse Muchova. “Elas encaram da mesma forma. É o que é. Algo acontece, você tenta se recuperar, é uma pena, mas é esporte. É um esporte brutal, então pode acontecer — com alguém mais e com alguém menos”. Por enquanto, Muchova está otimista. O punho está ficando mais forte a cada dia, e ela espera conseguir usar o backhand de duas mãos novamente daqui a uma ou duas semanas.

Queda para Tatjana Maria na segunda rodada

Tatjana Maria, a adversária desta quarta-feira, é ex-semifinalista de Wimbledon e ficou famosa por trocar o backhand de duas mãos pelo de uma mão durante sua primeira licença-maternidade. Muchova disse que isso não está nos planos por enquanto. “Já fiz isso aqui e ali”, disse com um sorriso. “Consigo fazer boas jogadas. Quem sabe! Não sei [se uma jogada de uma mão funcionará a longo prazo], pois a grama é muito específica e também não joguei muitas partidas. Se eu jogar mais, talvez consiga fazer jogadas de uma mão ainda melhores. O objetivo é conseguir o máximo de partidas possível — e assim, mesmo com uma mão só, posso jogar muito bem contra qualquer uma”.

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Realista
Realista
1 dia atrás

Seria fantástico se uma jogadora habilidosa como ela usasse backhand clássico. Um deleite para os fãs de tenis.

Ronildo
Ronildo
1 dia atrás

Legal, uma verdadeira artista das quadras.

Mauro
Mauro
14 horas atrás

É, sem dúvida, uma jogadora com estilo muito agradável de se assistir.
ET: Punho e não pulso esquerdo

Giba
Giba
8 horas atrás

Muito bacana essa matéria. Não conheço outro caso como esse. Exemplo de amor pelo tênis. Ela é tão habilidosa que pode se tornar competitiva mesmo nessas condições. Joga demais e tem o tênis mais bonito entre as mulheres. Uma pena tantas contusões. Já tenho pra quem torcer em Wimbledon.

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