PLACAR

US Open vê desequilíbrio na chave masculina

É mais do que óbvio que Novak Djokovic e Carlos Alcaraz entram no US Open como os mais fortes candidatos a fazer nova final de tirar o fôlego, porém a distribuição da chave foi muito mais favorável ao recordista de Grand Slam. Atual campeão, o espanhol deve encarar desafios crescentes a partir das oitavas de final.

Se cruzar com Tallon Griekspoor na quarta rodada – não vejo Cameron Norrie em bom momento -, Alcaraz já começa a ter trabalho real. E no caso de a lógica prevalecer, essas oitavas verão o duelo direto entre Jannik Sinner e Alexander Zverev, ainda que ambos precisem tomar cuidado com suas estreias. O italiano, há duas semanas sem competir, começa contra o completo Yannick Hanfmann e Sascha encara o australiano Aleksandar Vukic, que tem evoluído rapidamente. Aliás, Grigor Dimitrov e Andy Murray podem duelar na segunda rodada e desafiar Zverev em seguida.

Daniil Medvedev necessita ficar muito atento caso cruze com Max Purcell na segunda partida – e mais ainda se jogarem de dia, quando o piso fica mais veloz -, mas depois disso o vejo como favorito às quartas, mesmo tendo Alex de Minaur no caminho. O outro postulante às quartas é incógnita, já que Andrey Rublev perdeu embalo e Karen Khachanov volta de contusão. Daí eu colocar mais fichas em Hubert Hurkacz, que está definitivamente competitivo.

Dois anos depois do amargo vice, Djokovic volta a Flushing Meadows e me parece que somente algo muito fora do previsto – como jogo longo em dia muito quente e úmido – o impedirá de chegar pelo menos na semifinal. Arrisco a dizer que há risco de suas oitavas acontecerem contra Mackenzie McDonald ou Jiri Vesely, Na rodada seguinte, os mais indicados são Taylor Fritz ou Christopher Eubanks, já que Stefanos Tsitsipas encara estreia nada divertida contra Milos Raonic.

Com o momento instável do atual vice Casper Ruud e de Holger Rune, há espaço aberto para Frances Tiafoe repetir a semi do ano passado, Tommy Paul seguir em seu embalo atual ou Alejandro Davidovich se inspirar em suas ótimas apresentações de Toronto. Claro que Sebastian Korda poderia também aproveitar o setor, mas acabou de desistir de Winston-Salem.

Felipe chega lá
Depois de bater duas vezes na trave seguidamente, enfim Felipe Meligeni conseguiu entrar num Grand Slam. Foram três jogos muito firmes em Flushing Meadows, comprovando sua adaptação cada vez melhor ao piso sintético. Está sacando bem, batendo de forma agressiva lá de trás e confiante na transição à rede. A evolução é evidente.

A rigor, a vaga não é um resultado nada surpreendente, porque Felipe tem marcado sua temporada por passos importantes. Disputou o primeiro Masters 1000 em março, em Miami, e ganhou seu primeiro jogo de ATP semanas atrás em Los Cabos, onde fez um jogo muito consistente contra Tommy Paul e quase levou um set.

Aos 25 anos, o sobrinho de Fernando Meligeni aguarda o final do qualificatório, que acontecerá neste sábado devido ao mau tempo, para conhecer seu adversário de estreia. Com boa dose de sorte, evitará reencontrar Paul ou encarar cabeças de chave como Ruud, Tomas Etchverry ou De Minaur, assim como nomes de peso como Gael Monfils. Tomara que pegue Hugo Dellien ou um outro quali.

Trajetória dura para Bia
Sem ter realizado bons preparatórios em Montréal e Cincinnati, Beatriz Haddad Maia fará sua terceira participação no US Open, um torneio onde soma apenas uma vitória, obtida no ano passado. Assim, é natural haver dúvidas sobre o quão longe nossa top 20 poderá ir.

A estreia contra Sloane Stephens até não seria tão ruim – a norte-americana acabou de levar uma surra de Sorribes Tormo em Clevelant -, mas ela ganhou o torneio em 2017 e jogará com o público a seu lado. É possível um duelo de canhotas contra a habilidosíssima Taylor Townsend em seguida e, se tudo der certo, haveria o reencontro com Karolina Muchova.

A tentativa de bicampeonato de Iga Swiatek tem tudo para passar por um confronto já muito aguardado diante de Coco Gauff nas quartas, o que repetiria a recente semi de Cincinnati. A parte de cima da chave conta ainda com Elena Rybakina, cuja trajetória inclui Victoria Azarenka ou Belinda Bencic. Sem falar é claro no problema do ombro.

O destino também recolocou Aryna Sabalenka e Ons Jabeur no mesmo lado. As duas têm adversárias de respeito antes das quartas. Jessica Pegula talvez seja a favorita com mais jogos delicados: Camila Giorgi, Elina Svitolina, Madison Keys, Liudimila Samsonova e Marketa Vondrousova são adversárias potenciais.

E mais

  • O US Open marcará a despedida do gigante John Isner, aos 38 anos. Agora 158º do mundo, o homem que já disparou 14.411 aces e jogou por 11h05 em Wimbledon só quer cuidar da família.
  • Muitas campeãs e finalistas de Slam soltas na chave: Venus Williams, Sofia Kenin, Bianca Andreescu, Sloane Stephens, Caroline Wozniacki, Leylah Fernandez, Jennifer Brady e Danielle Collins.
  • O promissor canhoto Jack Draper jogará o US Open. Ele se machucou em Roland Garros e voltou num challenger canadense e passou uma rodada em Winston-Salem.
  • Kei Nishikori voltará a disputar um Grand Slam após dois anos. Seu último foi o US Open de 2021, onde caiu na terceira rodada. Ele soma um vice e mais duas semis em Nova York.
  • Os colombianos Robert Farah e Juan Sebastian Cabal disputarão seu último Slam. Depois jogam a Davis e um challenger na Colômbia para encerrar a ótima carreira, que incluiu o título do US Open e de Wimbledon em 2019.
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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