Málaga (Espanha) – Não foi uma situação fácil de lidar, mesmo para Rafael Nadal, que provou ao longo de sua carreira que tem uma habilidade extraordinária de controlar suas emoções. Ao entrar no estádio nesta terça-feira, o ex-número 1 do mundo não conseguiu segurar as lágrimas enquanto ouvia o hino de seu país, sabendo que poderia ser a última vez que o faria antes de entrar em quadra.
“Foi um dia emocionante”, disse Nadal mais tarde, após perder em sets diretos em seu confronto com Botic van de Zandschulp pela Davis Cup Finals. “Eu sabia que poderia ser minha última partida como tenista profissional. Os momentos que antecederam foram emocionantes, meio difíceis de lidar, em geral. Tantas emoções. Tentei fazer isso da melhor forma possível.”
Em inglês, Nadal foi perguntado como gostaria de ser lembrado: “Como uma boa pessoa, de uma pequena vila de Mallorca.”.
Em um discurso de quase 12 minutos em espanhol, Nadal disse se sentir privilegiado de receber tanto carinho ao redor de todo o mundo, especialmente na Espanha, naturalmente. “Quero felicitar a equipe holandesa e a toda a equipe espanhola que está aqui e que me permitiu viver o sonho que tinha de jogar outra vez a Copa Davis. Não saiu como todos desejávamos, gostaria de ter ajudado mais, mas sinceramente dei tudo o que tinha e quero agradecer de coração me terem dado a oportunidade de passar estes últimos dias como profissional em equipe.”
Em seguida, admitiu: “Em realidade, a gente nunca quer chegar a este momento. Sinceramente, não estou cansado de jogar tênis, mas o corpo chegou no momento que não quer mais jogar. É preciso aceitar a situação, mas sinceramente, me sinto superprivilegiado por fazer de um de meus hobbies a minha carreira, que foi muito maior do que poderia imaginar. Só tenho de agradecer à vida e a toda esta gente que está aqui, embora alguns não estejam, como minha família, a equipe, amigos”, disse, preferindo não dar nomes, para não correr o risco de esquecer alguém. Nadal ainda agradeceu aos patrocinadores que teve ao longo dos anos. “Muito obrigado, sem vocês não teria sido possível.”
O ex-número 1 do mundo também não se esqueceu de agradecer aos veículos de comunicação. “Estiveram comigo me acompanhando, contando o que foi a minha história, em muitos lugares do mundo. Quero agradecer pela maneira como me trataram na maioria das vezes. Me senti bem tratado por vocês e, o mais importante para mim, é que houve uma relação de respeito”, destacou. Na sequência, exortou os dirigentes do tênis a prosseguirem o bom trabalho e se colocou à disposição como embaixador. “É o que procurei fazer, dentro do respeito, da humildade, valorizando as coisas boas, sendo uma boa pessoa. Deixo o mundo profissional tendo encontrado muitos amigos pelo caminho. Sinto que deixei um legado não só esportivo, mas também pessoal porque se não todo o carinho que recebo ao redor do mundo não seria o mesmo. Muitíssimo obrigado por tudo.”
Boa pessoa… tá bom.
Foi sempre um bajulador da mídia e do politicamente correto, sempre em cima do muro e evitando polêmicas. Nunca falou realmente o que pensava. E agora ainda é “embaixador do tênis” de um país que desrespeita direitos humanos. Grande pessoa mesmo.