Musetti deixa para trás a “fase juvenil” no tênis

Foto: Pierre Froger / FFT

Paris (França) – Após alcançar a final de Monte Carlo, as semifinais em Madri e Roma e agora as quartas de final em Roland Garros como favorito, o italiano Lorenzo Musetti conquistou notoriedade aos 23 anos. Sim, “Lorenzo Musetti se tornou grande”, afirma Marco Calabresi, do jornal italiano Corriere Della Sera.

Segundo ele, tecnicamente magnífico em seus melhores dias, mas frequentemente traído por sua própria atitude, agora chegou o tão esperado clique mental que “me faz pensar como um top 10”, como disse em Madri há algumas semanas, e que “colocou ordem no meu caos no tênis”, como disse em Paris, após a vitória contra Mariano Navone. Em seguida, veio a primeira partida em Roland Garros contra outro top 10, Holger Rune, para quem já havia perdido em duas ocasiões, em Indian Wells e no ATP 500 do Queen’s. “Em termos de inteligência tática e consistência, considero esta uma das minhas melhores partidas”, disse Musetti após o sucesso contra o dinamarquês por 3 sets a 1.

Nesse sentido, “pensar como um top 10” significa encontrar recursos para vencer as partidas do ponto de vista tático e uma constância de rendimentos nos golpes, de que o italiano esteve bem servido desde que passou a treinar com Simone Tartarini, com quem aprendeu a jogar um tênis talentoso e  “tão diferente dos outros”, como avalia Mats Wilander.

Na era das duas mãos, Musetti é o único jogador top 10 a jogar um backhand com uma mão, mas agora seu saque aprimorado e seu forehand também se tornaram mais incisivos. O resultado é uma porcentagem de vitórias que disparou em comparação com temporadas anteriores: ela havia se mantido acima de 60% apenas em 2020, mas hoje, com 24 vitórias em 31 partidas, ultrapassou os 77%.

As transformações em sua vida pessoal foram cruciais para o amadurecimento do italiano. À espera do segundo filho, a paternidade mudou a vida de Lorenzo, o tornou responsável dentro e fora das quadras. Ludovico, seu primogênito, ainda não o viu vencer um torneio, mas com esta performance, isso acontecerá mais cedo ou mais tarde.

Musetti atingiu a sétima posição no ranking e não deve parar por aí, mesmo sem levantar nenhum troféu, exceto a Copa Davis, desde 2022, quanto venceu em Hamburgo e Nápoles. Ele perdeu as últimas sete finais que disputou, a primeira delas na United Cup de 2023, quando abandonou após sentir um desconforto no ombro diante do Frances Tiafoe, adversário que reencontra nas quartas de final de Roland Garros. Apesar do confronto disputado, a ótima fase de Musetti cria a expectativa de mais uma semifinal contra Carlos Alcaraz, como ocorreu em Roma.

Aquele Musetti provavelmente ainda era um adolescente: cabelo comprido, boné com a viseira virada para baixo, um nervosismo que se espalhava sempre que as coisas não iam bem e que só piorava. Este Musetti de agora, por outro lado, há apenas um ano deu o primeiro impulso à sua carreira, na grama: semifinal em Stuttgart, final no Queen’s, semifinal em Wimbledon, a primeira em nível de Grand Slam. Para a segunda, pode ser questão de horas, mas a sensação é de que serão muitas mais.

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Sérgio Ribeiro
Sérgio Ribeiro
2 dias atrás

Excelente reportagem, pois tanto ele quanto Jack Draper, somente agora aos 23 , jogando muito Tênis. Os ” entendidos ” críticos de JF , aos 18 , deviam rever seus conceitos.Abs !

Luiz Otavio
Luiz Otavio
2 dias atrás
Responder para  Sérgio Ribeiro

Excelente. Exatamente isto. O JF fechando entre os 50 do mundo este ano esta ótimo, tem muito a crescer fisicamente e tecnicamente, sem falar na experiencia. O que não dá é torcedor achar que ninguem pode criticar o JF de forma educada, como se fosse ofensa.

walter alberto
walter alberto
2 dias atrás
Responder para  Sérgio Ribeiro

O mais curioso é que os “futebolistas” aplaudiram quando o João desistiu do College, alegando que estava pronto para o Profissional. Agora recomendam que ele tenha o tempo dele. o Koch mencionou isso, quando falou que uma temporada no College faria bem a ele. Hoje vemos que a evolução não é como a torcida espera. Aliás, cada um tem sua jornada.

JClaudio
JClaudio
2 dias atrás

Tem um estilo clássico, bate na bola com muita elegância, mas não ganha torneios, chega em finais e semifinais e não ganha.
Falta os títulos, sem eles, pouco importa sétimo ou septuagêsimo, o ranking não diz muito.

Roberto Pascarelli
Roberto Pascarelli
2 dias atrás
Responder para  JClaudio

Desculpa Claudio, mas discordo. Primeiro, que chegar em semi finais de diferentes Grand Slams ja eh um grande feito (e voce nao faz isso sendo o septuagesimo). Segundo que, para os mortais (e aqui temos que excluir fenomenos como o Big3, Alcaraz e Sinner), os titulos acabam por vir em algum momento, quando ha consistencia. O Ruud tambem nao tinha ganhado nada de importante, mas depois de varias finais importantes, acabou finalmente vencendo um M1000. O Musetti esta amadurecendo, e titulos virao.

JClaudio
JClaudio
2 dias atrás
Responder para  Roberto Pascarelli

Olá Roberto…
Quando surge uma discussão sobre títulos conquistados, sempre lembramos do Ferrer, chegou nos grandes torneios, fazendo final ou semi (ganhou “apenas” 1 master mil).
Fez final e semi de slam (mais de uma vez), mas não conseguiu ultrapassar a “barra” das conquistas, mesmo com muitas oportunidades, acabou eclipsado por uma geração muito forte.
É possível que Musetti consiga ganhar títulos em abundância (não creio muito, pelo simples fato de bater a esquerda com uma mão, é um estilo de jogo condenado pelo “tênis moderno”), porém, são sete finais seguidas onde perde.
O Ruud me lembra mais o Ferrer que o Musetti.
O septuagêsimo foi um exagero, vc tem razão.

Jorge
Jorge
2 dias atrás
Responder para  JClaudio

Ferrer foi top 5 de mundo na era do big 3… Tinha “um metro e meio” de altura e ainda assim ganhou uns 30 títulos de ATP. Se isso é pouco, eu não sei o que é muito.
O jogo do Musetti é bem mais sofisticado que o do Ferrer, ganhar títulos é uma consequência da consistência que ele adquiriu só recentemente.

JClaudio
JClaudio
1 dia atrás
Responder para  Jorge

Olá Jorge, os três concordam que Musetti tem um estilo clássico, sofisticado e elegante.
jClaudio acredita que o italiano não vingará (o backhand de uma mão é o impedimento), o Roberto acredita está amadurecendo e conquistará o títulos (os títulos virão), o Jorge acredita que ele já tem consistência no seu jogo, conquistado recentemente (chegou onde deveria).

Fábio S
Fábio S
2 dias atrás
Responder para  JClaudio

Dá o principal para um Tenista normal, grana.

Joselito
Joselito
2 dias atrás

É impressionante como ele consegue trazer a bolas perdidas para jogo com seu slice. Mas para caras do tipo Djoko (versão Slam), Sinner, Alcaraz não é o bastante.

Davi Poiani
Davi Poiani
2 dias atrás

Musetti tem um tênis primoroso, muito bom de assistir, baita de um talento. E faz muito bem ao tênis ter pelo menos alguns caras no topo que preservem e levem adiante a tradição do one-handed backhand.

Carlos Alberto Ribeiro da Silv
Carlos Alberto Ribeiro da Silv
2 dias atrás

O Lorenzo Musetti está no processo para conseguir os títulos. Se ele vai alcançar o propósito que é conquistar títulos, só o tempo vai dizer. O mais importante é que ele está sendo consistente e está chegando nas fases finais dos torneios. Isso significa que, mesmo não atingindo o objetivo principal que é a conquista de títulos, na preparação para o próximo desafio, ele não precisa começar tudo do zero e pode aproveitar muito do que fez em torneios anteriores. Se não tiver uma sequência de bons resultados, obviamente que a preparação para os desafios futuros será mais trabalhosa.

Profeta do Kaos
Profeta do Kaos
2 dias atrás

Espero esse Musetti no RioOpen do ano que vem ao contrário do chinelinho q fingiu lesão aqui e na semana seguinte tava jogando no México.

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