Varsóvia (Polônia) – A número 2 do mundo Iga Swiatek falou à imprensa pela primeira vez desde a notícia de que ela testou positivo para a substância proibida trimetazidina (TMZ) durante exame antidoping foi revelada na última semana. Em entrevista a Anita Werner, da tvn24 na Polônia, a tenista revelou a reação que teve ao receber a notícia, os gastos que teve com sua defesa e diz qu recebeu apoio de outros tenistas.
A investigação da Agência de Integridade do Tênis (ITIA) determinou que a origem da substância era um medicamento contaminado. E a polonesa relata que tomou um medicamento vendido livremente em farmácias, e de laboratórios confiáveis, para controlar o sono. Foi constatada ausência de culpa significativa ou negligência por parte da tenista, que sofreu uma suspensão de apenas um mês. Ela foi afastada provisoriamente a partir de 12 de setembro de 2024, antes de apelar com sucesso da decisão. Com isso, perdeu apenas três torneios da temporada asiática do circuito, pôde voltar a jogar para disputar o WTA Finals e a Billie Jean King Cup e cumpriu os dias restantes da suspensão no fim da temporada.
“Minha reação foi muito violenta. Foi uma mistura de mal-entendido e pânico. Chorei muito. Eu recebi um e-mail, que é como somos avisados quando há algum problema ou quando precisamos preencher algo nos documentos. Abri esta mensagem e pensei que fosse uma notificação que os jogadores recebem automaticamente, mas desta vez descobriu-se que o e-mail era muito mais sério. De modo geral, não consegui ler até o fim porque já estava começando a chorar. Minha equipe disse que minha reação foi como se alguém tivesse morrido ou algo sério tivesse acontecido com a saúde. Felizmente, eu não estava sozinha naquele momento e porque pude dar meu telefone a eles e mostrar o que aconteceu… Achei que talvez fosse um erro. Eu realmente não entendia o que estava acontecendo. O próprio nome desta substância era-me completamente estranho, nunca tinha ouvido falar da sua origem. Não pensei muito, só fui inundado de emoções”, disse Swiatek.
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“A maior lição para mim será que nem sempre terei controle sobre tudo. Sou uma pessoa que controla praticamente todos os aspectos da minha vida. O fato de que meu destino não estava inteiramente em minhas mãos me ensinou que tais situações surgirão e terei que lidar com elas”, afirmou a jogadora de 23 anos. “Para mim, o mais importante é poder começar a próxima temporada do zero e simplesmente focar no meu jogo. Desde que recebi a notícia de que minha suspensão terminaria em pouco mais de uma semana, meio que aceitei esse estado de coisas. O fato de ter recebido tal penalidade é apenas uma formalidade”.
Tenista contratou advogado especializado e realizou novos testes
Swiatek contratou um advogado especializado nos Estados Unidos e também assumiu os custos com novos exames. Ciente de que são poucos os tenistas ou atletas de outras modalidades que teriam condições de pagar essa defesa, ela quis falar abertamente sobre os valores até para estimular a conscientização entre os jogadores. “Eu pude reunir muitas pessoas que se esforçaram para me ajudar. Algumas horas depois que descobri, todos nos encontramos e discutimos. Contratei um advogado dos Estados Unidos especializado nesses assuntos. Gastei cerca de 70 mil dólares com o advogado e 15 mil euros em perícias e testes”.
“Há também a perda da recompensa financeira para Cincinnati, mas honestamente isso não importava para mim. O mais importante era provar minha inocência. Estou disponibilizando esses valores para conscientizar as pessoas sobre os problemas enfrentados pelos atletas que não ganham tanto dinheiro quanto eu em quadra e praticam modalidades em que os rendimentos são muito menores”, enfatizou. “O fato de já ter recebido muito dinheiro na minha carreira certamente ajudou. Mas sei que muitos atletas não têm essas oportunidades e acho que isso é algo que pode atrasá-los”.
Comparações com outros casos e mensagens de apoio
A polonesa falou sobre as mensagens de apoio que recebeu do circuito e as comparações com casos que ocorridos com Jannik Sinner, Simona Halep e com seu compatriota Kamil Majchrzak. “Recebi muitos sinais de apoio, principalmente nas mensagens privadas. Conversei com muitos jogadores e, de fato, a maioria deles me disse que esse também é o seu maior medo: Que algo assim possa acontecer com eles também. No início, quando ninguém teve tempo de ler a documentação, perguntaram que tipo de medicamento era e de onde vinha a melatonina. Senti apoio e compreensão por parte deles e acho que a maioria dos atletas percebe que isso também pode acontecer com eles. Mas, claro, também há exceções”.
“É difícil me comparar com Sinner, com a Halep ou com Kamil Majchrzak, porque cada um de nós luta com um problema diferente. Acho que esta é uma pergunta para a ITIA e não para o jogador. Meu destino, assim como os dos outros, estava nas mãos deles que decidiam como seria cada caso. Confio que este processo seja objetivo e que tudo seja feito de acordo com o regulamento. Eu espero que ninguém julgue um tenista de uma forma ou de outra pela sua posição. Mas se esse é realmente o caso, acho que essa é a questão da ITIA”.
Aproximadamente R$ 500.000,00. Realmente é para poucos jogadores.
Espero que a atitude da ITIA em relação à Iga passe a ser a regra e não uma exceção condicionada pelo seu ranking. Sempre achei medieval punir antecipadamente, sem que a culpa fosse provada, como aconteceu com a Halep e outros/as.
Tem que punir sim, claro que ela vai se defender, mas não pode haver flexibilidade, tem que ser severamente punida. Deixemos essa seletividade à brasileira de lado. Tenistas como Serena, Nadal, eram testados de surpresa quase que rotineiramente, regras são regras, punição para a tenista Iga Já!
Existe um principio universal no direito que é o da presunção de inocência. A punição ocorre APÓS se provar que houve culpa na prática da conduta ilícita. Além disso, a severidade da punição tem que se dar com base em gradações na conduta. Exemplificando: você não pune com o mesmo rigor alguém que rouba R$100 e alguém que rouba R$20 milhões, apesar de a conduta praticada ser a mesma.
Todo esse povo envolvido com doping, inocentes ou não, poderiam se defender com uma única frase: “você acha que se eu me dopasse estaria jogando esse tênis chato e modorrento?”.
Esses valores representam só a premiação de segunda rodada de Slam. Que drama patético, essa aí é murruga hein