Iga reflete sobre pressão, comportamento e frustrações do passado

Foto: Katelyn Mulcahy/BNP Paribas Open

Indian Wells (EUA) – Vice-líder do ranking mundial, Iga Swiatek fez uma longa publicação em suas redes sociais a respeito de seu comportamento em quadra, pressão externa por resultados e frustrações do passado. Apesar de ter bons números no início de temporada, com 18 vitórias e apenas cinco derrotas, além de semifinais no Australian Open e nos WTA 1000 de Doha e Indian Wells, a polonesa não conquista um título desde junho do ano passado em Roland Garros.

“Um dos meus torneios favoritos ficou para trás. E estou caminhando lentamente na direção que eu quero, saindo daqui com um trabalho sólido feito, muitas boas memórias e algumas lições valiosas”, iniciou Swiatek. “Ainda que eu não esteja confortável me explicando sobre isso, gostaria de compartilhar a minha perspectiva e parar com as especulações e teorias infundadas”.

Eliminada pela jovem russa Mirra Andreeva na última sexta-feira, Swiatek iniciou sua reflexão falando sobre um incidente no terceiro set da semifinal, em que atirou com força uma bola na quadra e quase acertou um dos boleiros, sendo advertida pela árbitra de cadeira. “Eu vi alguns comentários a respeito de mudanças do meu comportamento em quadra e da maneira como exponho minhas emoções. Em primeiro lugar, sobre o incidente que eu tive na minha última partida, eu expressei minha frustração de uma maneira que não me orgulho”, escreveu a polonesa.

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“Minha intenção nunca foi acertar a bola em alguém, apenas descontar a frustração na quadra. Eu imediatamente me desculpei com o boleiro e me arrependi pelo que aconteceu perto dele. Já vi muitos jogadores batendo na bola com força por frustração e, francamente, não espero tantos julgamentos sobre eles. Normalmente eu controlo esses impulsos. Então, eu brinco que tenho pouca experiência nessas situações e calculei mal o risco no calor do momento”, acrescentou a número 2 do mundo, que buscava o terceiro título em Indian Wells.

Exame antidoping e perda do número 1 ainda afetam

Swiatek se lembra do exame antidoping positivo durante o WTA 1000 de Cincinnati, em agosto do ano passado. Embora ela tenha conseguido comprovar rapidamente que houve a contaminação de um medicamento regulamentado e de laboratório confiável, o que possibilitou um retorno ao circuito depois de um mês de suspensão, ela conta que isso ainda mexe com seu estado emocional. A polonesa também conta que a perda da liderança do ranking e a impossibilidade de disputar o número 1 com Aryna Sabalenka também impactam em sua motivação.

“O segundo semestre do ano passado foi extremamente difícil para mim. Especialmente depois do exame antidoping e das circunstâncias completamente fora do meu controle e que me tiraram a chance de competir por meus principais objetivos esportivos no final da temporada. Isso me obrigou a rearranjar algumas coisas comigo mesma. Na Austrália, depois de alguns resultados fracos nos últimos anos, eu joguei sem expectativas e focada apenas no meu trabalho e ciente de que poderia não vencer, independentemente dos meus esforços. Graças a essa mentalidade, joguei muito bem e estive perto de alcançar a final”, explica a semifinalista de Melbourne.

“Já no Oriente Médio, o que me travou foi saber que aquele exame positivo do ano passado, que me tirou de dois torneios grandes em outubro, e os muitos pontos que eu teria a defender no primeiro semestre, com um Grand Slam e quatro WTA 1000, basicamente tiravam a minha chance de disputar o número 1. Isso me deixou muito mal e todos puderam ver isso em Dubai. Sei que não é certo ficar presa em frustrações do passado e em coisas que estão fora do meu controle. Eu e meu time reconhecemos essa questão quase que imediatamente, mas mudar a perspectiva exige tempo, esforço e apoio da equipe”, complementa a tenista de 23 anos.

Evolução no circuito e julgamentos externos

Vencedora de cinco títulos de Grand Slam, quatro em Roland Garros e um no US Open, Swiatek também refletiu sobre o momento de evolução do circuito e das adversárias. “Estou enfrentando novos elementos desse quebra-cabeça o tempo todo: Eu evoluo, mas minhas adversárias também evoluem e eu preciso me adaptar constantemente. Nunca é fácil e esse desafio tem sido grande para mim. O esporte não é jogado por robôs. Tive três temporadas incríveis, mas nada vem sem esforço. E mesmo assim, não é certeza de resultados. Assim é a vida e o esporte. E às vezes, eu mesma me esqueço disso”.

Por fim, a polonesa também comentou sobre as expectativas externas e o julgamento público de seu comportamento em quadra. Ela relata que era criticada quando não expressava em quadra, mas também agora em que expõe mais seus sentimentos. “Sobre o julgamento constante: Normalmente não mostro muitas emoções em quadra e sou chamada de robô, minha atitude é classificada como antinatural, não humana. Agora que eu sou mais expressiva na quadra e mostro os sentimentos que guardo comigo, sou chamada de histérica e imatura”.

“Isso não é saudável, ainda mais porque seis meses atrás eu pensava que minha carreira estava ameaçada, chorava todos os dias e não queria pisar numa quadra de tênis. Hoje, depois de tudo o que aconteceu, ainda estou processando todas as experiências. Falar abertamente sobre isso vai mudar alguma coisa? Provavelmente não, porque as pessoas amam criar teorias, julgamentos e impor suas opiniões sobre os ouros. Em todo caso, nenhum comportamento externo vai definir o meu e não vou aceitar que o meu time e que eu tenhamos que atender às expectativas de fora”.

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Valentina
Valentina
13 horas atrás

Infelizmente a pressão que nós mulheres passamos é maldosamente exagerado, seja em qual profissão for. Espero que as meninas, não só a Iga, reflitam sobre o exagero e se unam contra isso, cobranças, porque não é fácil para nós.

Paulo A.
Paulo A.
1 hora atrás
Responder para  Valentina

Verdade, e ainda têm que ouvir os comentários nem sempre elogiosos sobre aparência e comportamento.

rockton
rockton
5 horas atrás

23 anos. Ainda é uma “garota”. É um absurdo a pressão que colocam nela e que, por tabela, ela coloca em si.

Ricardo
Ricardo
5 horas atrás

Nesse mundo machista a cobrança em cima das mulheres é cruel e perversa.

Victório Benatti
Victório Benatti
4 horas atrás

Sempre gostei da Iga por jogar bem, e por usar a raquete Tecnifibre, da mesma marca da minha.
Só para constar, eu uso raquete Tecnifibre bem antes da Iga aparecer no circuito.
Tenho a impressão que ela deveria colocar estes comentários exclusivamente com sua equipe, que assim, poderia planejar melhor o treinamento e torná-la cada vez mais uma melhor jogadora.
Pra quê ficar falando da sua vida pessoal?
Se quiser melhores resultados e voltar a ser a número 1, vai treinar, garota!

Paulo H
Paulo H
3 horas atrás

Boas palavras, externando seus problemas pessoais. Espero que isso seja realmente superado e volte a brilhar com o tênis competitivo que sempre teve. Apesar de não ter um grande arsenal de golpes, compensa isso com esforço e muito preparo físico, assim como a Halep e outras.
Força iga!

melkizedeke
melkizedeke
2 horas atrás

Iga tem tudo para dominar o circuito por vários anos, até o BIG 3 tiveram ano em que não conseguiram resultado, mas, vem a aí a gira de saibro onde ela é dominante, siga firme, sou fã incondicional da mesma.

Gustavo M.
Gustavo M.
1 hora atrás

Que mulher chata… pelo menos não tivemos que ouvir a voz. Ela perdeu o #1 pq não ganha nada desde RG, simples. Não foi pq testou positivo, já que a Sabalenka tb ficou fora de torneios grandes ano passado, como wimbledon

William
William
1 hora atrás
Responder para  Gustavo M.

Kkkkkkkkk. Inveja mata amigo. Vai lá e faz melhor vai.

Michel Zonenschein Lafer
Michel Zonenschein Lafer
3 minutos atrás
Responder para  William

Mas ela é chatinha, sim. Zero inveja

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