Por Eduardo Lima
De Campo Grande/MS
A suíça Martina Hingis sempre será lembrada como uma das mais talentosas e carismáticas tenistas que o esporte já viu. Nascida na Suíça em 1980, Hingis começou a fazer história desde muito jovem. Aos 16 anos, tornou-se a mais jovem a ocupar o posto de número 1 do mundo, em 1997, uma conquista que até hoje não foi superada. Com uma técnica refinada, Hingis trouxe ao circuito uma inteligência tática incomum para sua idade, o que lhe permitiu dominar adversárias muitas vezes mais fortes fisicamente.
Aliás, a força não era um de seus trunfos, pois seu estilo de jogo não dependia de força bruta, era sua habilidade em antecipar jogadas e sua precisão nas devoluções que encantavam fãs e críticos. Hingis dominava as quadras com uma visão estratégica quase “xadrezística”, prevendo movimentos e sempre um passo à frente das adversárias. Essa qualidade lhe rendeu cinco títulos de Grand Slam em simples (3 no Australian Open, 1997, 1998 e 1999, 1 em Wimbledon, 1997, 1 no US Open, 1997). Ela também foi finalista em Roland Garros por duas vezes, deixando claro que seu talento se estendia a todos os tipos de quadra, embora nunca tenha conseguido erguer o troféu de simples na capital francesa.
Apesar de seu brilhantismo, Hingis não escapou das adversidades. Problemas físicos a forçaram a se aposentar precocemente, aos 22 anos, em 2002, devido a lesões nos tornozelos. A notícia chocou o mundo do tênis. Porém, seu legado já estava consolidado, especialmente em uma era que começava a ver o crescimento de tenistas mais potentes e também técnicas, como as irmãs Serena e Venus Williams, e as belgas Justine Henin e Kim Clijsters.
Como uma verdadeira campeã, Hingis não ficou longe do tênis por muito tempo. Em 2006, ela fez um retorno triunfal ao circuito, mostrando que ainda tinha o talento e o desejo de competir em alto nível. Mesmo não conseguindo repetir os mesmos sucessos em simples, se reinventou como uma extraordinária jogadora de duplas. Ao longo de sua carreira, conquistou nada menos que 13 títulos de Grand Slam nas duplas femininas e 7 nas mistas, incluindo duas dobradinhas de títulos em Wimbledon (2015 e 2017) e os troféus em Roland Garros, em 1998 e 2000.
Um dos aspectos mais admiráveis de Hingis era sua capacidade de adaptação. Sua transição das simples para as duplas demonstrou sua versatilidade e dedicação. Ela se associou com algumas das maiores jogadoras da história, como a indiana Sania Mirza e juntas dominaram as competições de duplas em várias ocasiões.
No entanto, a história de Hingis também teve seus desafios fora das quadras. Em 2007, uma suspensão por doping novamente interrompeu sua carreira, mas ela retornou mais uma vez, provando que, independentemente dos obstáculos, sua paixão pelo esporte e sua habilidade inata nunca deixariam de brilhar.
Martina Hingis é, sem dúvida, uma das jogadoras mais fascinantes e influentes que o tênis já viu. Seu estilo elegante, sua inteligência em quadra e sua capacidade de voltar ao topo a colocam entre as lendas do esporte. Em um momento em que o tênis feminino estava evoluindo rapidamente, Hingis foi uma ponte entre duas eras: a dos grandes talentos técnicos e a dos novos padrões de potência física.
Ao olhar para sua carreira, não é exagero dizer que Hingis influenciou gerações de tenistas que vieram depois dela. Sua combinação de técnica e estratégia ainda serve de inspiração para muitos. Mesmo depois de sua aposentadoria definitiva em 2017, ela continua sendo uma presença importante no mundo do tênis – seja como comentarista ou treinadora.
Em 2005, a suíça fez um jogo exibição em terras brasileiras, no Rio de Janeiro, contra outra jogadora que sempre lutou para ter o mesmo legado e respeito dentro das quadras, como possuía fora delas, a russa Anna Kournikova. Nesse jogo, abandonado pela russa por conta de bolhas nos pés, os jornalistas notaram que o treinamento pré-jogo de Hingis equivalia aos mesmos quando em grandes torneios, o que deixa claro que o tênis era realmente levado a sério, fosse onde for.
O estilo habilidoso de Hingis sempre permeou o tênis até os dias de hoje, embora a força predomine, jogadoras como a australiana Ashleigh Barty (aposentada em 2022), a atual número 1 do mundo, a polonesa Iga Swiatek, e a tunisiana Ons Jabeur, sempre utilizando da técnica como suas maiores ferramentas para o sucesso.
Martina Hingis, com seu jogo habilidoso e espírito indomável, sempre será lembrada como uma das maiores tenistas de todos os tempos. Sua trajetória nos ensina que o verdadeiro talento transcende as limitações físicas e que a paixão pelo esporte pode durar a vida inteira, e nem sempre apenas os números definem o maior, ou a maior de todos os tempos.
Belo texto Eduardo Lima. Mas o jogo contra a Anna Kournikova parou não foi por causa da bolha nos pés. E sim na mão. Já que naquela época a Anna atuava mais como modelo do que tenista. Eu peguei essa época acho tudo isso que você falou Eduardo. Mas ela era muito deslumbrada e metida, mas não tira os méritos dos títulos que você citou.a Martina hingis tinha esse nome pois a mãe era fã da Martina navratilova.
Boa, Eduardo! Parece que o desafio comemorativo do site trouxe novos participantes e um frescor nos textos. Daqui a alguns anos, espero que voluntariamente e quando achar que a missão estará cumprida, será a vez de contar um pouco da trajetória de Beatriz Haddad Maia, que, assim como Maria Esther Bueno e Gustavo Kuerten, merece virar personagem central de biografias e documentários.
Hingis foi tão precoce que, embora Federer, outra lenda, seja 13 meses mais novo, atuou como boleiro em uma partida dela na Basiléia antes do virtuose suíço se tornar número 1 juvenil. Os dois jogaram juntos e foram campeões da Copa Hopman, em 2001. Ela teria brincado sobre tal feito ao dizer que ensinou o compatriota a vencer. Claro que Hingis foi uma inspiração para meninas e meninos do mundo inteiro.
Ela era excepcional e brilhante!!!
Outros tempos. Hoje não teria muitas chances. As garotas atuais são mais fortes, sacam e devolvem muito melhor, além de cobrir os espaços da quadra com uma facilidade incrivelmente superior.
Correto. Porém se ela iniciasse a carreira nos dias atuais também entraria neste contexto de preparação física nos moldes de hoje.
Jogava fácil. Era o centro das atenções e gostava de sê-lo. Deu uma pausa em 2002 e voltou em 2006, ainda jovem, 26 anos, não conseguiu acompanhar o ritmo da época.
Pela personalidade dela, não se submeteria aos treinos e sacrifícios que a atualidade exige.
Quanto a saque que não era dos melhores (Steffi Graf, mais antiga, sacava muito melhor), seria um banquete para as devoluções das top atuais.
Como esquecer aquele espetáculo que ela deu na final de RG contra Graf, foi a coisa mais ridícula que eu já vi no tênis. A mamãe tentando acalmá-la, vergonha eterna.