Em apenas oito dias, o tênis italiano conquistou três títulos de peso no circuito internacional, sacramentando o país como a grande potência atual do tênis. No domingo passado, Jannik Sinner ratificou o número 1 do mundo com a conquista inédita para os italianos no ATP Finals e logo em seguida a Itália levantou pela quinta vez o mundial por equipes, a Billie Jean King Cup, no rastro da grande sensação da temporada, Jasmine Paolini. E neste domingo, veio o bicampeonato da Copa Davis, outra vez sob a regência de Sinner. Não é de causar inveja?
Sinner marca novas façanhas. É o primeiro profissional a encerrar uma temporada com dois troféus de Grand Slam, o título do Finals e a conquista da Copa Davis. Também iguala o feito de Roger Federer de 2005 ao ganhar ao menos um set em todas as partidas disputadas. Na verdade, venceu 73 e perdeu apenas seis, um retrospecto assombroso num momento em que se imaginava que dificilmente um tenista fora do Big 4 dominaria o calendário tão cedo.
Além da qualidade técnica evidente, vale ressaltar o salto de resistência física que Sinner obteve. Depois de Wimbledon, fez uma sequência exigente no piso duro, que começou com as quartas no Canadá e seguiu com as campanhas perfeitas em Cincinnati e no US Open. Fez depois a final de Pequim e faturou Xangai e Turim. Ou seja, foram 34 partidas desde 12 de agosto, das quais venceu 32 e só perdeu duas.
Esta foi no geral a terceira Copa Davis que a Itália levantou. Em 1976, Adriano Panatta conduziu o time ao título em cima do Chile, um ano também espetacular para o italiano, que incluiu os troféus de Roma e de Roland Garros, deixando pelo caminho nada menos que Bjorn Borg.
Já as meninas recuperaram a BJK Cup depois de 11 anos de espera e do frustrante vice do ano passado diante das canadenses. São agora cinco vitórias, sendo quatro entre 2006 e 2013, um período também fértil para as meninas italianas, que tinham Francesca Schiavone, Flávia Pennetta, Roberta Vinci e a mesma Sara Errani que foi fiel parceria de Paolini neste ano em campanhas importantes e na medalha de ouro olímpica.
A BJK Cup coroou o grande e inesperado ano de Paolini, que beirava o top 50 quando ganhou o 1000 de Dubai, em fevereiro, e aí adquiriu enorme confiança, a ponto de decidir tanto Roland Garros como Wimbledon em simples, numa adaptação espetacular aos dois universos tão distintos do saibro e da grama.
A Itália se torna assim apenas o quinto país a vencer as duas principais competições por equipe do tênis mundial no mesmo ano, algo que só parecia possível às grandes potências. Os norte-americanos fizeram isso sete vezes, a mais recente em 1990; os australianos, três vezes; e tchecos e russos, uma.
Criticada duramente pelas mudanças que autorizou na Davis, a ITF divulgou números para comemorar sucesso em 2024. Houve participação recorde de 157 países (e mais dois jogarão em 2025) e a cobertura da fase final de Málaga foi mostrada na TV de 151 países. Os canais de mídia social da Davis atingiram 65 milhões de vídeos vistos. Mas o dado mais importante foi mesmo comercial: 21 patrocinadores bancaram esta fase final, nove a mais do que no ano passado.
Murray e Djokovic surpreendem
Sem que ninguém esperasse, o escocês Andy Murray anunciou ter aceitado treinar Novak Djokovic ao longo da pré-temporada para 2025 e acompanhará o sérvio no Australian Open de janeiro, onde Nole buscará o 11º título e o 25º troféu de Grand Slam. É bom lembrar que Murray perdeu todas as cinco finais que disputou em Melbourne, quatro delas para Djokovic.
Não consigo imaginar o que Murray poderá acrescentar em termos técnicos ou estratégicos para seu pupilo, ainda mais que ele acaba de finalizar sua carreira e nunca teve qualquer experiência anterior nesse campo.
Parece ser muito mais uma questão motivacional, já que o escocês sempre teve um espírito guerreiro em quadra e Nole passou por uma temporada 2024 um tanto difícil, com atuações muito abaixo de seu padrão, cirurgia no joelho e apenas uma final de Grand Slam, que obviamente se salvou com a histórica medalha de ouro em Paris.
Que os dois serão a máxima atração em Melbourne, ninguém duvida.
Sinner é brilhante e nos brindará por anos com esse tênis moderno, prático, técnico e simples, aliás simplicidade é sua tônica
O tênis se rende a Itália, domina entre os homens e as meninas que grata surpresa.
Novak e Murray acho o máximo, tecnicamente terá pouco a agregar, mas eu quero ver o punho cerrado do escocês ao ver uma vitória do “pupilo:”
Sinner é impressionante, espero que siga evoluindo. Ele é muito jovem, ainda pode e precisa melhorar no saibro, principalmente.
Pergunta do Dalcim: ” Não é de causar inveja?” Realmente. Os italianos ficaram com o título, e nós com a inveja.
E o Sinner com um segundo semestre apoteótico. Títulos e mais títulos regados a 6 milhões de petrodólares num único torneio exibição. Seria perfeito o cenário, não fosse a formiga do recurso da WADA entrando no seu açucareiro.
Dalcim, não achas uma ironia o cara que perdeu 4 finais pra Djoko na Austrália, agora ser seu treinador, a começar ali mesmo em Melbourne?
Sem dúvida alguma.