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A reconstrução de Iga até a volta ao número 1

A conquista do WTA Finals de forma invicta e a volta ao número 1 do ranking consolidam a ótima temporada de Iga Swiatek e a recuperação que a tenista teve na reta final de 2023. Depois ter liderado o ranking por 75 semanas, entre abril do ano passado e setembro deste ano, a polonesa chegou a ser ultrapassada por Aryna Sabalenka após o US Open. Mas nos últimos três torneios do ano, venceu 12 jogos de 13 possíveis, com direito a 11 vitórias seguidas. E os títulos em Pequim e Cancún fazem com que a jogadora de 22 anos termine a segunda temporada seguida no topo do ranking. A recuperação nas últimas semanas é fruto de uma mudança de mentalidade, do momento de aceitação sobre o próprio jogo e da melhor adaptação às condições do Finals ao longo da última semana. Iga reconhece que começou a jogar um pouco mais solta depois de ter perdido o número 1 para Sabalenka.

“Antes do US Open, honestamente, eu estava indecisa se realmente queria continuar jogando todos os torneios para lutar pelo primeiro lugar no final do ano. Mas percebi que há coisas mais importantes para cuidar. E às vezes é melhor ir com calma”, afirmou durante a campanha para o título em Pequim. “Agora posso me concentrar mais em trabalhar e voltar a um ritmo de treinos mais normal, eu diria. Meu principal objetivo é fazer algumas coisas de maneira diferente na quadra em termos de técnica e tática para me desenvolver como jogadora, e não apenas buscar pontos no ranking”.

“Parece que agora posso jogar livremente de novo. Já faz um tempo que não me sentia assim. Então, vou lembrar pelo resto da minha carreira que, mesmo nos momentos mais difíceis, você sempre pode superar isso. Estou feliz por ter mudado minha atitude depois do US Open e espero poder mantê-la pelo maior tempo possível”, acrescentou a polonesa, que conquistou seis títulos na temporada, venceu 68 partidas e perdeu apenas 11. E mesmo com números excelentes, ela precisava aceitar que dificilmente repetiria o ano passado, com oito conquistas e uma série invicta de 37 jogos. “O ano de 2022 foi tão incrível que não sei se será possível repetir uma temporada como aquela. Mas sabia que estava tendo outro ótimo ano também agora. E, honestamente, meio que aceitei que não seria uma temporada como a do ano passado”.

Durante a disputa do Finals, com a liderança novamente em jogo, o foco novamente foi em manter as próprias rotinas de trabalho. Ainda mais em uma semana de muito vento, com jogos suspensos por chuva, e um piso mais lento e que exigiria consistência para trabalhar os pontos e excelente movimentação nos ralis de fundo. “Aprendi a lição e desta vez não queria que [a disputa pelo número 1] tivesse impacto sobre mim. É difícil não pensar em coisas assim. Mas na verdade, quando entrei na quadra, sabia que precisava me concentrar em coisas diferentes. E, na verdade, as condições aqui eram meio complicadas o que, também me ajudou a focar apenas na minha movimentação e nos meus golpes, e isso me manteve ocupada sem pensar em tudo isso. Estou muito feliz e orgulhosa de mim mesma. Esta semana não foi fácil, mas sinto que foi reflexo de toda a temporada”.

Com apenas 20 games perdidos na campanha para o título e ‘pneus’ em duas campeãs de Slam da atual temporada, Coco Gauff e Marketa Vondrousova, Iga pulverizou um recorde de Serena Williams entre as campeãs do Finals com menos games cedidos durante o torneio. A marca estabelecida pela norte-americana era de 32 games perdidos em 2012.

Melhoras no saque, na rede e jogo mais seguro
Nos dois últimos torneios do ano, Swiatek só perdeu um set, para Caroline Garcia nas quartas de final em Pequim. Diante de uma das recordistas de aces na temporada, ela precisava cuidar muito bem do próprio saque e se defender bem para neutralizar o poderio ofensivo da francesa. “Sinto que estou sacando melhor. Não sei exatamente por quê, mas estou mais relaxada e mais livre. Tudo é um pouco mais fácil do que nos torneios anteriores”. Ela também explica que começou a trabalhar mais seu jogo na rede com o técnico Tomasz Wiktorowski. “Acho que contra algumas jogadoras é necessário ir à rede. Estou feliz que isso tenha sido uma decisão minha e também porque o trabalho que estou fazendo com os voleios está valendo a pena e já posso ver o progresso. É importante me tornar uma jogadora mais completa”.

Dois dias depois, conquistou o WTA 1000 na capital chinesa com duas estatísticas inimagináveis na final contra a russa Liudmila Samsonova, apenas dois winners e nenhum erro não-forçado. “Acho que joguei de forma menos agressiva do que nos últimos torneios. Sinto que estou mais sólida. Mas obviamente eu ainda preciso ser agressiva, porque eu não poderia chegar tão longe se ficasse apenas empurrando a bola. Mas acho que estou cometendo menos erros do que antes. Sinto que posso fazer bem as duas coisas. Quando senti que era o momento certo de jogar mais rápido ou de tirar o peso da bola, eu o fiz. Mas às vezes, é mais o feeling do que necessariamente a tática ou de algum tipo de plano”.

O que disseram as adversárias nas últimas semanas
Vice-campeã em Pequim, Liudmila Samsonova falou sobre o nível de estresse que enfrentar uma adversária tão sólida pode causar a uma jogadora. “Esse é o nível de estresse que ela causou às outras jogadoras. Ela não comete erros não forçados. Acho que isso é o que ela está fazendo de melhor. Toda vez você precisa fazer algo mais. Não é real o que você sente, mas ela faz você se sentir assim. Foi isso que aprendi hoje”.

Aryna Sabalenka, que foi superada na semifinal do Finals e perdeu a liderança do ranking, destacou a capacidade da rival de se adaptar ao ambiente do torneio “É difícil jogar nessa quadra e se ajustar ao quique da bola, ela fez isso melhor do que eu hoje e começou a colocar muita pressão sobre mim. Tive muitas dificuldades aqui, enquanto ela sempre jogava nas posições certas dessa quadra. Tenho que dar crédito para a Iga, que se adaptou muito bem às condições”.

Já Jessica Pegula, que sofreu uma dura derrota por 6/1 e 6/0 na final em Cancún, destacou a consistência e a capacidade de recuperação ao longo da temporada. “Na minha opinião, ela é a jogadora a ser batida nos últimos dois anos. Ela está mostrando que mesmo quando perde algumas partidas ou não vence um torneio, ainda consegue se recuperar e jogar em alto nível em todas as semanas. Isso é o que uma jogadora de ponta faz, o que uma campeã faz, e acho que ela mostrou isso”.

Jornalista de TenisBrasil e frequentador dee Challengers e Futures. Já trabalhou para CBT, Revista Tênis e redações do Terra Magazine e Gazeta Esportiva. Neste blog, fala sobre o circuito juvenil e promessas do tênis nacional e internacional.
Jornalista de TenisBrasil e frequentador dee Challengers e Futures. Já trabalhou para CBT, Revista Tênis e redações do Terra Magazine e Gazeta Esportiva. Neste blog, fala sobre o circuito juvenil e promessas do tênis nacional e internacional.

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