Começa o grande desafio de Djokovic

De volta ao tênis eficiente e competitivo que lhe faltou tantas vezes nos últimos 12 meses, Novak Djokovic chega a sua 58ª presença em quartas de final de Grand Slam pronto para iniciar o grande desafio que o separa do 25º troféu. Afinal, a lógica diz que ele terá de ganhar dos três líderes do atual ranking para isso, incluindo o atual campeão. Seria uma tarefa hercúlea caso o sérvio não fosse o maior tenista que já disputou o Australian Open.

Aos 37 anos e esbanjando vitalidade, Nole passou pelo quarto adversário consecutivo que tem pelo menos uma década a menos de idade: o garoto Nishesh Basavareddy tinha 18 de diferença; Jaime Faria, 16; Tomas Machac, 13; e neste domingo Jiri Lehecka, 14. Os dois últimos eram cabeças de chave e mesmo assim não tiraram set.

Mas agora vem Carlos Alcaraz e, apesar de o espanhol também ter 16 anos de vantagem, o patamar é outro. A apertadíssima rivalidade está com 4 a 3 de vantagem para Nole, sendo 2 a 1 para Carlitos em Slam. Os dois não se cruzam na quadra dura desde as duas vitórias do sérvio em 2023, em Cincinnati e no Finals. Aliás, nunca se cruzaram antes de uma semi até agora.

É um jogo sem favoritos, ainda mais depois da vitória de Djokovic na final olímpica de cinco meses atrás, o mais recente dos confrontos. Há pressão óbvia para os dois lados e pouca expectativa de inovação tática. Os dois vão tentar se impor na correria, embora eu ache que a ousadia de Djokovic pelas paralelas possa lhe dar buracos essenciais. Carlitos é extremamente versátil e pode optar por ser defensivo, mas existem muitos poucos homens na história que conseguiram derrotar Nole sem agressividade constante.

Enquanto Djokovic dominou o bom saque de Lehecka, sabendo explorar o forehand instável – o tcheco só conseguiu tirar um serviço e ameaçar quando passou a centralizar mais as bolas para tirar os ângulos -, Alcaraz só precisou jogar dois sets antes que Jack Draper acusasse o efeito dos 15 sets disputados na primeiras rodadas. O espanhol agora é o segundo mais jovem profissional a somar 10 quartas de Slam, superado apenas pelo sueco Mats Wilander.

Para encerrar o dia, veio a surpresa geral: Djokovic saiu de quadra sem dar entrevista a Jim Courier, o que sugeria irritação com a parcela do público que andou de novo atrapalhando a partida. Mas rapidamente veio a explicação. Nole decidiu retaliar o Canal 9, a emissora oficial do torneio, porque o jornalista Tony Jones fez referências irônicas e inapropriadas sobre a torcida sérvia e o próprio jogador. E manterá o boicote até uma desculpa formal. Certíssimo.

À espera de sua vez, Alexander Zverev perdeu o primeiro set nesta edição, mas jamais correu qualquer risco diante do canhoto Ugo Humbert. No entanto, para chegar pela terceira vez à semi em Melbourne, Sascha terá de superar Tommy Paul, para quem perdeu os dois jogos já feitos, ambos no piso sintético porém um em 2020 e outro em 2022. O norte-americano foi outro que teve vida fácil, com o esperado esgotamento de Alejandro Davidovich.

Sabalenka atropela, Coco reage

Com atuação peso pesado, Aryna Sabalenka atingiu a notável marca de 24 sets consecutivos vencidos no Australian Open. O último cedido foi o primeiro na final de 2023 diante de Elena Rybakina. A adolescente Mirra Andreeva não teve potência para encarar a bielorrussa em piso mais veloz e foi totalmente dominada. Até curtinha a número 1 deu.

A quadra dura é especialidade da bielorrussa, que ganhou 31 dos últimos 32 jogos de Slam sobre a superfície desde 2023. Ela aliás soma 10 quartas, maior número de qualquer outra tenista nas últimas cinco temporadas. Enfrentará agora a experiente Anastasia Pavlyuchenkova, essa sim uma tenista ofensiva e que venceu dois dos três duelos. Mas as duas não se cruzam há quase quatro anos.

Coco Gauff por sua vez chegou à nona vitória da temporada. Levou um susto de Belinda Bencic, que jogou um belo e arrojado primeiro set. Aí não sustentou o ritmo e foi amplamente superada. A campeã do US Open de 2023 é outra especialista na quadra dura, tendo vencido 22 de seus últimos 24 jogos.

O reencontro com a espanhola Paula Badosa será um tira-teima, com três vitórias para cada lado, ainda que Coco tenha vencido as duas de 2024. Na partida deste domingo, Badosa venceu fácil o primeiro set da canhota Olga Danilovic, mas perdia por 2/5 o segundo set. Achou forças para levar o tiebreak e evitou um perigoso terceiro set. A cabeça está firme.

Bia se solta nas duplas

Ótima atuação de Bia Haddad na parceria bem casada que faz com a guerreira Laura Siegemund. Embora por vezes as duas batam raquete, a combinação de bom saque, voleios firmes e devoluções variadas está dando muito certo. Curioso como Bia tem sido outra tenista nos jogos de duplas: saca muito mais forte, bate pesado e está firme na rede. Melhor ainda, parece se divertir. Nesta noite, o desafio são as cabeças 2, nossa conhecida Gabriela Dabrowski e a neozelandesa Erin Routliffe. Duríssimo.

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Tadeu
Tadeu
5 horas atrás

Final antecipada

Refaelov
Refaelov
5 horas atrás

“Curioso como Bia tem sido outra tenista nos jogos de duplas: saca muito mais forte, bate pesado e está firme na rede. Melhor ainda, parece se divertir…” será que a ausência da necessidade de cerrar os punhos e fazer contato visual com o técnico a cada ponto n tem alguma relação com isso Dalcin?

Saudações!

Ronildo
Ronildo
1 hora atrás
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Djokovic está muito bem neste AO, certamente revitalizado pela parceria com Murray. Porém Alcaraz será o fim para ele. Alcaraz entra mais concentrado nos jogos contra Djokovic como vimos em Wimbledon. Tanto que está 2 a 1 em slan para Alcaraz. Porém, se acontecer de, por qualquer motivo, Djokovic passar por Alcaraz, então Zverev terá a oportunidade de ser o stop para Djokovic neste slan. Se porventura Djokovic vencer Zverev na semifinal, então Sinner terá novamente a eminente glória de abater Djokovic na final do AO o que será novo feito histórico. Como vemos, há várias opções para Djokovic neste AO.

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
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