Progresso, a palavra de ordem do tênis feminino

Ninguém pode se queixar de que a temporada do tênis feminino não tenha tido muitas novidades. Além da troca de comando na ponta do ranking, nada menos que quatro jogadoras conseguiram dar um salto para o top 10, três delas de forma inédita. Metade das 10 primeiras colocadas, aliás, têm no máximo 25 anos.

Talvez o fator mais importante observado ao longo do extenso calendário tenha sido a procura incessante por evolução em diferentes aspectos. E isso começa pela líder Aryna Sabalenka. Dona de um estilo de alto risco, a bielorrussa mostrou maior controle emocional, diminuiu a ansiedade e soube trabalhar pontos delicados sem pressa. Foi esse conjunto que lhe rendeu os troféus dos Grand Slam sobre quadra dura.

A campeã do Finals Coco Gauff e a sensação Jasmine Paolini também deram evidente salto de qualidade. A norte-americana ainda não está completamente adaptada à necessidade de um estilo mais agressivo, principalmente porque ainda falta consistência no saque. A italiana deu um show de competência tática. Começou o ano como 30ª colocada e as duas finais inesperadas de Slam mostraram sua capacidade de encontrar diferentes soluções, façanhas para uma jogadora de 1,63m. Isso sem falar na ótima campanha de duplas ao lado de Sara Errani.

Qinwen Zheng segue o estilo de Sabalenka, com um tênis sempre muito forçado, e claramente houve um avanço na solidez de seus golpes e nas oscilações emocionais. Terminou como quinta do ranking porque o título olímpico não valeu pontos. Curiosamente, as norte-americanas Jessica Pegula e Emma Navarro fizeram um movimento contrário e trabalharam muito nos golpes de base. Pegula fez sua primeira final de Slam aos 30 anos e Navarro deu o maior salto entre as top 10, saindo do 38ª para o 8º com 54 vitórias na temporada, número inferior apenas a Sabalenka e Iga Swiatek.

A polonesa, por sua vez, fez um grande primeiro semestre, ampliando seu domínio sobre o saibro, mas perdeu o embalo. Importante é que Iga jamais parece acomodada. Fez nova troca no comando técnico porque reconhece a necessidade de jogar um tênis menos previsível. Pode-se ver um primeiro saque mais ousado, devoluções agressivas e tentativas de encurtar pontos, seja pelas paralelas ou ainda tímidas subidas à rede.

Se considerarmos os problemas físicos e pessoais que atrapalharam Elena Rybakina e somarmos a regularidade de Daria Kasatkina, a perspectiva é de grandes batalhas em 2025. Barbora Krejcikova e Karolina Muchova são tenistas versáteis, Paula Badosa enfim reagiu, as russas Diana Shnaider e Anna Kalinskaya têm potencial evidente e Mirra Andreeva, meros 17 anos, e Linda Noskova, de 20, ganharam rodagem importante.

O que Bia Haddad pode fazer nesse universo tão variado de estilos e ambições? Ela não vai deixar de ser uma tenista ofensiva, ainda que a parte defensiva tenha claramente evoluído em 2024. No entanto, seu plano tático depende muito de manter o serviço sólido, um de seus graves problemas ao longo do ano, porque o saque bem feito permite arriscar devoluções e jogar de forma mais solta. Bia já tem experiência e respeito no circuito e jogará os primeiros quatro meses sem grandes pontos a defender, período ideal para ajustar-se ao novo time técnico e ganhar confiança.

Fonseca no Next Gen

O torneio que reúne os oito melhores tenistas do mundo na faixa dos 20 anos terá a presença de João Fonseca, a partir desta quarta-feira, em Jeddah, torneio sobre piso sintético e regras muito diferentes do tênis habitual. Essa coisa de jogar sets ‘curtos’ (ganha quem fizer quatro primeiro), ainda por cima sem vantagem e sem ‘let’, não me agrada, porque sai completamente de parâmetro. Vale lembrar que essa turma toda já está com um pé e meio no circuito profissional de ponta. Dá para entender a ideia da ATP em mostrar diferentes formatos, mas o Next Gen deveria refletir melhor o potencial desses garotos.

De qualquer forma, a regra vale para todos, então o lance é se adaptar. Fonseca caiu num grupo muito difícil, onde estão o top 20 Arthur Fils, a revelação do ano Jakub Mensik e o bom norte-americano Learner Tien. O carioca ganhou de Fils no Rio Open de fevereiro, mas o contexto agora é bem diferente. Nunca enfrentou Mensik, 48 do mundo que ganhou neste ano de gente como Andrey Rublev, Grigor Dimitrov e Gael Monfils. Os duelos contra Tien foram juvenis, com uma derrota em Roland Garros e uma vitória na final do US Open.

No outro grupo, ficaram os norte-americanos Alex Michelsen e Nishesh Basavareddy, o chinês Juncheng Shang e o francês Luca van Assche. O torneio não vale pontos para o ranking, mas paga bem: US$ 150 mil para participar, US$ 37 mil por vitória na fase de grupos e US$ 113 mil se vencer a semi. O campeão invicto embolsaria US$ 525 mil. Mais do que tudo isso, está o prestígio. Afinal, Jannik Sinner, Carlos Alcaraz e Stefanos Tsitsipas já ganharam o Next Gen, surgido em 2017 e que já fará sua sétima edição.

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João Sawao ando
João Sawao ando
13 horas atrás

Acho que a Bia vai escalar o ranking, e o Joao joga sem pressão nenhuma o que vier é lucro ,jogando solto pode fazer grandes feitos e porque não ganhar o next gens

Carlo Mateus
Carlo Mateus
7 horas atrás

Na verdade Valmir, eu apenss simulei teu comportamento grosseiro de “dois pesos e duas medidas” no qual você exige do Redator/Editor tratamento igualitário, mas você não consefue fazer o mesmo, com pelo menos 5 argumentos ridículos explicando porque você não.

Além do mais, não percebeu a ironia e caiu na armadilha da língua… como sempre.

Obviamente consequência nao da baixa escolaridade, mas da alta soberba…

João Sawao ando
João Sawao ando
4 horas atrás

Rybakina teve problema com o treinador se não me engano é agora a sramkova que relata que não tem boas relações com o pai há mais de 10 anos ou seja desde 2014…devido a um namoro com um treinador de outro esporte que era 12 anos mais velho…ela tinha 18 anos na época e o namorado 30 anos ….sabia desse problema da sramkova dalcim?

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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