Os melhores vingam

Foto: Jimmie48/WTA

Jannik Sinner e Aryna Sabalenka não foram apenas os melhores tenistas da semana em Xangai e Wuhan, mas reafirmaram ser os destaques de seus circuitos. O italiano superou o teste definitivo diante de Novak Djokovic com atuação exemplar e a bielorrussa chegou ao quarto título do ano, todos de primeiríssima linha, o que deixa em ótima condição para terminar o ano como número 1.

Sinner amplia de forma categórica sua soberania no tênis masculino atual. Já tem sete títulos na temporada, a maior coleção desde os nove de Andy Murray em 2016, sendo três Masters, primeiro a chegar a tanto desde Rafael Nadal em 2018. Isso é claro sem falar que ergueu inéditos troféus de Grand Slam, ambos na quadra dura. Com tamanha eficiência, supera a casa dos 10 mil pontos somados desde janeiro, o que é mais do que fizeram até agora Daniil Medvedev e Taylor Fritz juntos.

Não é só. Chega a seu recorde pessoal de 65 vitórias num único calendário e atinge a impressionante marca de 24 tiebreaks vencidos em 32 tentativas, tendo vencido de quebra 8 das 10 partidas contra top 5 em quadra dura (as exceções foram as derrotas para Carlos Alcaraz). Aliás, ao empatar o confronto direto com Djokovic por 4 a 4, amplia o domínio sobre o sérvio no piso sintético para 4 a 1, algo muito expressivo.

Apesar do placar de 7/6 e 6/3, a final deste domingo em Xangai finalizou com 65 pontos de Sinner e 60 de Djokovic, prova de imenso equilíbrio. E o momento crucial me parece ter acontecido no 0-30 do 4/5 do primeiro set, o que deixava então Nole a dois pontos da vitória parcial. Aí o italiano sacou muito. No desempate, optou por duas passadas de paralela de backhand que foram cruciais. Escolhas perfeitas na hora certa.

Em análise muito sensata, Djokovic destacou a evolução do saque do italiano ao longo da temporada e acentuou o padrão sufocante do estilo de Sinner, “que busca tirar o tempo do adversário o tempo todo, como eu próprio costumo fazer”. Vejam os números: no primeiro set, Sinner ganhou 21 dos 26 lances em que acertou o primeiro saque. Na partida, marcou o dobro de winners (23 a 12), com destaque para os obtidos da base (10 a 5). Note-se que o spin do forehand de Sinner roda hoje à média de 3 mil rpm e à velocidade de 125 km/h. Tremenda arma.

A primeira real oportunidade de Nole chegar ao histórico 100º título da carreira acabou frustrada. Ele, que nunca havia perdido nas quatro finais disputadas em Xangai, pode no entanto comemorar a ascensão ao sexto lugar na Corrida para o Finals, a 115 pontos de Casper Ruud e a 330 de Andrey Rublev. Isso no entanto não deve o eximir de jogar e ir bem no Masters de Paris, já que todos os postulantes a Turim estarão em quadra nos três 250 desta semana e nos dois 500 da seguinte.

Missão cumprida rumo ao número 1

Sabalenka por sua vez cumpriu sua missão na Ásia. Ela precisava aproveitar bem a pausa autoimposta por Iga Swiatek e viu a estrada aberta para retomar o número 1, o que ironicamente pode acontecer no mesmo WTA Finals que perdeu o posto para a polonesa, um ano atrás. Assim como nunca havia vencido dois Slam numa mesma temporada, repete o feito com torneios de nível 1000. Dos 16 eventos que disputou desde janeiro, chegou em sete finais e ganhou quatro troféus. Desde Wimbledon, venceu 24 de 27 partidas feitas.

A decisão deste domingo foi tensa. Depois de largar bem na partida, perdeu um set pela primeira vez em quatro jogos para Qinwen Zheng e isso animou as 15 mil pessoas na torcida frenética pela campeã olímpica e heroína local. Afinal das contas, a chinesa havia vencido todas suas últimas 10 partidas que chegaram no terceiro set. Aryna no entanto aproveitou o índice fraco de primeiro saque da adversária, componente essencial de seu estilo, e sacou com 5/2 para o título. Aí jogou muito mal.

“Precisei segurar a cabeça”, contou Sabalenka. Esse aspecto mental aliás tem sido o grande destaque de seu momento de ascensão. “Naquela hora, foi como jogar contra mim mesma”. Zheng saiu frustrada por mais uma derrota importante para a número 2 do ranking, admitiu ter errado ao jogar de “forma conservadora” mas conclui ao dizer que a derrota foi útil, pois “percebi minhas fraquezas”.

Aos 22 anos, Zheng brigará nas duas próximas semanas pelo direito de jogar seu primeiro Finals, numa luta direta com Emma Navarro, já que o oitavo posto está garantido para a campeã de Wimbledon, Barbora Krejcikova.

Vencedores do Desafio

Oito participantes colocaram corretamente a vitória e o número de sets das finais deste domingo, mas cinco acharam que Sabalenka ganharia de virada e então ficaram imediatamente de fora. O vencedor foi João Sawao Ando, que errou o total de games por 2 nos homens e 1 na mulher, além de ter cravado o tempo exato da final feminina. Mas o Blog premiará também Cristiano Hla, que apontou apenas dois games a menos em cada final. Os dois ganharão camiseta TenisBrasil 25 anos e devem enviar nome e endereço completos aqui ou no email joni@tenisbrasil.com.br.

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Paulo Cesar
Paulo Cesar
4 horas atrás

Muito merecida a final Sinner X DJoko, com a vitória do primeiro. Mas, tecnicamente, creio que ficou abaixo da final de Pequim. O que acha Dalcim? Parabéns pela coluna.

DANILO AFONSO
DANILO AFONSO
4 horas atrás

Apesar da derrota fiquei contente com o desempenho do DJOKO no torneio. Bem superior ao que vimos no US Open, onde parecia mais lento e desfocado tomando decisões equivocadas.
Se no US OPEN vimos muitos slice defensivos de backhand em razão da sua condição física inferior, em Xangai substituiu por inúmeros backhand Open Stance que foram fundamentais para chegar na final. Nas quartas e semifinal aplicou com maestria o golpe.
Vou torcer para que ele jogue em Paris e no Finals, pois precisa somar pontos para manter um ranking mais favorável na próxima temporada.

Maurício Luís *
Maurício Luís *
4 horas atrás

Nole , ao meu ver e pelo andar da carruagem, terá dificuldade até mesmo em chegar aos 103 títulos do Federer… quanto mais nos 109 do Connors. Porque ele não está disposto a se aventurar em ATPs 250 só por causa de um recorde considerado mais como uma efeméride. Mas que deve ter ficado chateado em não ficar “centenário”, isso deve.
E quanto ao desafio, já nos primeiros ‘sets’ de Sabalenke e Sinner, vi a imagem de uma camiseta saindo voando com asinhas brancas. Snif… snif…
Mas pelo menos desta vez acertei os vencedores.

João Sawao ando
João Sawao ando
4 horas atrás

Depois de ganhar há um tempo atrás uma raquete yonex.ganhei também agora uma camiseta.obrigado tênis brasil

André Aguiar
André Aguiar
2 horas atrás
Responder para  João Sawao ando

Parabéns, João! Chegou muito perto de cravar os placares.

Flávio Vieira Barroso
Flávio Vieira Barroso
4 horas atrás

Novak Djokovic jogou em alto nível. Jogo foi bem parelho. Acredito que Sinner hoje está muito forte mentalmente, assim conseguiu jogar melhor do que o sérvio nos pontos importantes. Sem contar que o italiano está muito consistente e sem buracos em seu jogo. Fisicamente me parece perfeito também. Vitória sem dúvidas merecida. Mas, acredito que o Novak ainda têm chances de brigar por grandes títulos.

Última edição 4 horas atrás by Flávio Vieira Barroso
Marcelo Reis
Marcelo Reis
4 horas atrás

Apesar de gostar da Iga também, tô torcendo pra Aryna atear fogo nessa disputa do #1.

Já na partida masculina, o que me marcou foi o fato de Novak não ter tido nenhuma chance de quebra, logo ele que devolve tudo que é bola, muito embora não estivesse 100%. O saque do italiano contribuiu muito para isso, é verdade.

Jonas
Jonas
3 horas atrás

Indiscutível, o cara abriu mais de 3 mil pontos sobre Alcaraz. Sinner é um jogador extremamente regular da base, mas também saca demais e é um marreteiro de mão cheia, completo.

Acho improvável que essa temporada chegue aos 16.585 pontos que o Djokovic conseguiu em 2015, mas o italiano de apenas 23 anos tem muita coisa pela frente, é uma máquina. Claro, temos que aguardar a questão do doping, ele pode sim ser suspenso, mas sabe-se que não houve um ganho de desempenho, o Sinner joga isso tudo mesmo e não é de hoje.

Sobre Djoko, eu fico com a seguinte impressão: ele está tecnicamente bem para um tenista de 37 anos com menos ritmo que o Sinner, mas se quiser brigar por grandes títulos precisa ser mais consistente. Eu também acho que seus problemas físicos estão evidentes, essa semana foi joelho, quadril etc, não dá pra só ir levando.

João Sawao ando
João Sawao ando
3 horas atrás

Karue sell reclama de não ter recebido wild card no challenger de Campinas. E é por dessas atitudes que o programa dele de tênis ele fala em inglês no you tube embora pudesse falar em português.nao dão valor a ele pela posição que está no ranking e reclamou aparentemente da organização do torneio.

TLRM
TLRM
3 horas atrás

Mestre, quanto ao Sinner me parece chover no molhado. Cada vez mais consistente e, de fato, a melhora no serviço tem feito uma diferença colossal em seu jogo. Mesmo o Djokovic sofreu com os saques do italiano, em especial os abertos no lado do forehand.

Quanto ao sérvio, ele me parece uma incógnita. Grandes jogos em Xangai, uma exibição de luxo contra Fritz, mas também pode ser o mesmo pragmático e preguiçoso jogador do US Open. Difícil saber o que esperar. Porém, novamente mostra que consegue encarar os melhores desde que haja comprometimento. Por fim, achei que o físico até o emocional pesaram depois da derrocada no tiebreak.

Abraço,

Emilio Rossetti Pacheco
Emilio Rossetti Pacheco
3 horas atrás

Foi quase Dalcin! Amo o seu blog, sou leitor há 10 anos e continuarei tentando! Um grande abraço aqui de Fortaleza!

DANILO AFONSO
DANILO AFONSO
2 horas atrás

RONILDO, na reta final do US OPEN lembro de você postar que o torneio tinha perdido a graça com a eliminação precoce do Djokovic, pois não era tão interessante acompanhar o restante do evento sem poder secá-lo.
O Master 1000 de Xangai foi do jeito que você gosta. Teve várias rodadas para secar o sérvio e ele infelizmente (felizmente pra vc) perdeu a final…kkkk
Diferentemente do pensa alguns, creio que Djoko ainda joga mais 3 temporadas. Você ainda terá um bom tempo para secá-lo. Quem sabe jogue a olimpiadas de Los Angeles 2028 já relaxado, sem qualquer pressão.
Abs !!

João Sawao ando
João Sawao ando
2 horas atrás
Responder para  DANILO AFONSO

Se estiver bem da contusão
Joga.mas como ele tem o ego muito .ele vai começar a perder para tenistas que ele não costumava perder …e daí pode ser que o entusiasmo se acabe um pouco…fazendo ele desistir….e desse modo se aposentar.eu acho que ele joga até os 39 anos de idade….

Gustavo
Gustavo
2 horas atrás

No esporte de alto rendimento, cada detalhe importa. Dentro e fora de quadra.

Gustavo
Gustavo
1 hora atrás

Sinner ganha o título com uma comemoração muito discreta. Um aperto de mão cordial na rede.

Respeito a Sinner por não aproveitar as comemorações, ele sabe que muitas coisas vão surgir em breve na audiência do CAS e é sensato manter a calma.

Eric
Eric
1 hora atrás

Mestre Dalcim,
Uma coisa que chamou a atenção de muitos é o fato de Djokovic não ter tido nenhum break point contra o sinner (pequim e ausopen).
Seria um mero acaso ou indicaria algo mais? (Por exemplo, encaixe do jogo ou questão da idade mesmo)

Sérgio Ribeiro
Sérgio Ribeiro
1 hora atrás

Não foi tão difícil prever JANNIK SINNER como N 1 ao FINAL da Temporada com antecedência e muito menos o calor de Sabalenka pra cima de Iga Swiatek no FINAL , pra assumir o N 1 com todos os méritos na corrida . Alcaraz retomou o N 2 e pra mim briga pelos Títulos em Paris e FINALS com chances . Continua com a melhor partida do ano contra o Italiano na Final de Pequim. Novak Djokovic foi bem claro desta vez não deixando margem pra dúvidas . “ Enquanto puder enfrentar os melhores sigo motivado , principalmente nos SLAM . A conquista Centenária e’ um bônus na minha carreira “. Postei isso a Temporada toda e a cada derrota do Sérvio, vinha o comentário da tal “ desmotivação “ que realmente não cola . Arrisco a cravar que o Sérvio tenta o Título 100 no ATP FINALS 2024 ( isto se resolver pular Paris ) . A conferir. Abs !

Gustavo
Gustavo
37 minutos atrás

Um tie break ruim custou a partida. De qualquer forma, esta partida mostra que Djokovic ainda pode jogar empatar de igual para igual com os melhores do mundo. Os 37 são os novos 27 kkkk

No geral, uma ótima semana.

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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