Hamburgo (Alemanha) – Ex-número 2 do mundo, finalista de Grand Slam e dono de 22 títulos no circuito, dentre eles dois ATP Finals e seis Masters 1000. Aos 27 anos de idade, o alemão Alexander Zverev é sem dúvidas um dos principais nomes do tênis mundial na atualidade, ocupando hoje a quarta colocação do ranking de simples.
No entanto, quem olha para os números e o currículo de respeito de Sascha, não imagina como foi difícil para ele enfrentar as dificuldades de uma doença crônica que afeta todo o seu metabolismo. Desde os quatro anos de idade, o alemão convive com a diabetes, algo que inicialmente teria fadado qualquer chance de se tornar um atleta profissional. Mas, com muito esforço e apoio da família, ele superou todos os obstáculos e se tornou um jogador mundialmente reconhecido.
Em entrevista para o Tennis Magazin, o seu irmão mais velho, Mischa Zverev, que também é tenista e chegou a figurar entre os 25 melhores do mundo em 2017, conta como foi o baque da notícia sobre a condição de saúde do pequeno Alexander.
A descoberta da doença
“Isso foi no dia do casamento dos meus pais, em novembro de 2001. Eu estava na escola e me contaram naquela noite o que aconteceu. Meus pais levaram Sascha ao médico e lá ele desmaiou de repente. Então eles foram para o hospital, fizeram muitos exames e veio o diagnóstico: a glicemia estava muito alta, ou seja, ele tinha diabetes. Na época eu tinha 14 anos, então não entendia o que isso significava, mas pela reação dos meus pais eu sabia que era algo ruim, eles ficaram arrasados”, recorda o veterano de 36 anos.
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Mischa também lembra como foi lidar com a situação há mais de 20 anos, quando a medicina ainda não era tão avançada quanto hoje. “Naquela altura a diabetes era mais complicada, não existiam sensores e nem o conhecimento que temos agora. Por isso naquela época lhe disseram que era impossível se dedicar ao esporte profissional, que teria que se contentar em ter uma vida normal. Foi um duro golpe para todos. Felizmente, eu era relativamente jovem e ingênuo o suficiente para dizer: ‘Farei tudo o que puder'”, conta.
A partir daquele momento, muita atenção teve que ser dada à nutrição de Zverev, e o irmão mais velho assumiu um importante papel para ajudar a família. “Embora de alguma forma eu sempre soubesse que ele conseguiria, sempre disse à minha mãe: ‘Pessoas especiais têm tarefas especiais na vida, e Sascha recebeu uma tarefa especial.”
Restrições na infância
Além de ser um obstáculo natural para um atleta de alto nível, cuja dieta é ainda mais restrita e a recuperação física e metabólica essencial para os resultados em quadra, Zverev também precisou abrir mão de alguns prazeres da vida quando criança.
“Sempre tratei ele normalmente, esqueci da doença. Realmente levamos uma vida normal, com muito esporte, mas as maiores restrições aconteciam nas festas de aniversário, quando o bolo chegava e o açúcar estava muito alto. Fora isso, tudo foi normal, nos divertíamos muito juntos naquela época, embora sempre tivéssemos muito cuidado para que a doença não controlasse nossas vidas. Essa foi a minha atitude desde o início”, diz o irmão nove anos mais velho.
Combustível mental
Ao invés de ficar abalado e se vitimizar com a doença, Alexander Zverev sempre tratou de lidar da forma mais natural possível com esse diagnóstico e nunca o usou como desculpa para qualquer derrota ou adversidade. Tanto que o alemão só tornou de conhecimento público que tinha diabetes em 2022, mas o plano inicial era contar somente quando chegasse ao posto de número 1 do mundo, algo que ainda não aconteceu em sua carreira.
“Sascha só precisava ser forte o suficiente e estar disposto a falar sobre isso em público. Ele queria provar às pessoas que com diabetes você pode ser o melhor tenista do mundo, vencer um Grand Slam e ser o número 1. Esse era o seu objetivo. Ele nunca quis que as pessoas vissem isso como uma justificativa ou uma desculpa para não poder fazer nada disso”, explica Mischa.
Para o irmão mais velho do atual número 4 da ATP, o fato dele ter trazido isso à tona mesmo sem ter alcançado esses objetivos foi muito importante, até mesmo pela sua representatividade dentro de quadra, ajudando outras famílias pelo mundo. “Tornar o assunto público é uma coisa, mas você pode fazer muito mais com isso: pode ajudar pais e filhos e até salvar vidas. Muito pode ser feito, especialmente nos países em desenvolvimento, onde não há medicamentos disponíveis suficientes. É por isso que era hora de dizer”, explica.
Fundação Alexander Zverev
Hoje consolidado como um grande exemplo para as novas gerações, Zverev criou sua própria instituição, cuja sede fica em Hamburgo, sua cidade natal na Alemanha, e que trabalha em prol das pessoas que também sofrem com a diabetes tipo 1, a mesma do tenista. Uma das frentes de atuação da entidade é disponibilizar insulina e outros medicamentos para quem precisa, além de promover o desenvolvimento pessoal e das competências desportivas, bem como de um estilo de vida saudável e ativo.
“Tudo isso o fortaleceu, principalmente no que diz respeito à motivação e à vontade que ele demonstra em quadra, seja treinando ou competindo. A doença o tornou ainda mais forte como pessoa, ajudou a protegê-lo de outras opiniões. Não é fácil crescer nesta sociedade das redes sociais, onde todos tentam dar conselhos inteligentes, mas com a diabetes tudo é mais complicado. Agora ele está tão forte que sabe perfeitamente o que é bom para ele”, finaliza Mischa Zverev.
Parabéns ao Alexander Zverev pela postura frente à doença. Realmente, o fato dele nunca ter usada a doença como desculpa para maus desempenhos, derrotas ou fases ruins é uma atitude exemplar.
Se não me engano Jaime oncins tinha asma
Realmente muito bacana essa história de superação do Zverev. Um exemplo para muitos, inclusive para outros tenistas top que sempre tem uma desculpa quando perdem. Nadal cansou de desmerecer o melhor desempenho de adversários em suas raras derrotas, sempre alegando questões físicas, e o Djoko recentemente deu a entender que a garrafa que caiu da mochila do torcedor prejudicou seu desempenho na derrota para o Tabilo. Nesse quesito, acho que Sinner e Alcaraz tem um comportamento muito mais legal nas derrotas, assim como o Federer sempre teve.
Parabéns Sasha Zverev pela iniciativa de ajudar os mais necessitados. desenvolvendo na sua fundação.. ajuda aos portadores de Diabetes. orgulho de vc. abç….
Soube que ele era diabético ao ler as reportagens do Ben Rothenberg sobre as denúncias da ex-namorada do Sascha por agressão física. Isso veio à tona há um tempinho