Pela primeira vez em sua década de história o Rio Open coloca três tenistas nacionais nas quartas de final de simples. O fenômeno João Fonseca e os ‘Thiagos’ Wild e Monteiro terão nesta sexta-feira a missão de tentar quebrar o jejum amargo, já que o Brasil jamais teve um semifinalista no seu ATP 500.
O carioca de 17 anos que superlotou o estádio principal novamente foi o grande destaque da armada nacional. Com atuação madura, ainda que menos perfeita do que na estreia diante de Arthur Fils, foi muito superior ao chileno Cristian Garin, ex-17 do mundo e campeão do torneio há quatro anos, dando mais um passo astronômico em sua jovem carreira.
Mais nervoso, o primeiro saque teve oscilações, o que levou Garin a recuperar uma quebra e virar para 4/3, quando sabidamente passou a sacar mais pelo forehand do brasileiro. Porém João manteve a cabeça fria e reagiu, o que mais tarde considerou o momento chave da partida. Como se tivesse 20 anos de circuito, soube administrar as horas delicadas do jogo – buscou a toalha ainda no segundo ponto -, não se abalou com alguns erros e chamou a torcida com astúcia. Escreveu um desabafo na câmera – ‘Aqui é Brasil, porra!’ e conteve os exageros: “Nada de (me chamar de) estrela”.
Depois de duas atuações magistrais e da economia de esforço desta quinta-feira, é justificável o otimismo diante do argentino Mariano Navone. Embora seja um tenista tipicamente de força e pernas, é necessário ver como a falta de rodagem do 113º do ranking irá se virar diante do caldeirão que tem sido a torcida brasileira para Fonseca, cuja marca registrada tem sido a agressividade.
Wild por sua vez marcou uma vitória em dois tempos. Começou muito bem na quarta-feira e dominou amplamente o jogo consistente do saibrista Jaume Munar. A chuva parou o jogo no sexto game do segundo set e o espanhol voltou mais firme que Wild. Na hora da decisão, o paranaense fez excelentes jogadas na reta final da partida, com excepcionais forehands e perfeitas deixadinhas, que desestabilizaram o estilo paciente do espanhol.
A tarefa de Wild sobe de exigência nesta sexta-feira, já que enfrentará o atual campeão e ex-top 10, o canhoto Cameron Norrie, que fez dois jogos muito fáceis contra Hugo Dellien e Tomas Barrios. Com baixa libragem das cordas, o britânico usa muito bem o peso da bola do adversário.
Monteiro levou a melhor no jogo de amigos contra Felipe Meligeni e repete as quartas de final de 2017. Os dois só haviam se cruzado uma vez no circuito, mas cansaram de treinar juntos, incluindo a recente Copa Davis. E esse amplo conhecimento ficou evidente na partida intensa que fizeram, com muitas boas trocas de bola e winners precisos. O fator crucial foi mesmo a consistência do ex-top 70 nos pontos grandes.
O desafio de Monteiro agora é o argentino Sebstian Baez, que prima pela consistência, ótimo jogo de pernas e grande espírito de luta. Ele brecou a série de vitórias do também canhoto Facundo Diaz, argentino de 23 anos que acaba de ganhar seu primeiro ATP, em Buenos Aires, e repetiu a recente vitória na estreia de Córdoba. Sacar bem como fez nesta quinta-feira pode ser a chave para Monteiro atacar as primeiras bolas.
E mais
– A presença de quatro brasileiros na segunda rodada de um ATP brasileiro não acontecia desde a edição inaugural do Brasil Open, em 2001, com Meligeni, Saretta, Simoni e Mello.
– Nessa mesma semana, Meligeni e Simoni seriam semifinalistas, outra marca que pode ser igualada neste Rio Open.
– O último brasileiro a disputar uma final de ATP nacional foi Thomaz Belluci, ainda no Sauípe, em 2009.
– O tênis nacional também nunca ganhou a chave de duplas no Jockey Clube Brasileiro e quem se candidata a quebrar esse tabu é o canhoto gaúcho Rafael Matos. Ao lado do colombiano Nicolas Barrientos, os dois marcaram a segunda virada seguida e estão nas semifinais.
– Francisco Cerúndolo enfrenta Dusan Lajovic na outra partida de quartas.
– Com duas vitórias num ATP 500, Fonseca já se encaixa entre os 350 primeiros do ranking e pode subir mais 100 caso chegue na semifinal.
– Wild tem grande chance de alcançar o mais alto ranking da carreira, com o 72º posto. Se fizer semi, pode chegar no 60º. Já Monteiro recupera a 102ª posição e Meligeni será 130º.
Força Brasileiros.
Parabéns pros tres brazucas. Eu vi o João Fonseca jogando um ITF em Outubro de 2022 no Ipanema Country Club, percebi o talento do rapaz, mas nao imaginava q teria tanto progresso em um ano e meio. Espero mesmo q ele vá longe.
Dalcim, com os pontos que até agora amealhou, o João já tem chances matemáticas de jogar o qualy de RG? Dá para sonhar?
Claro que está muito longe ainda, Paulo, e ele ainda precisa ganhar mais um jogo para ficar na casa dos 250. Mas Fonseca terá ainda mais dois ou três meses para somar os pontos que faltam, caso não os consiga ainda no Rio. Então, pode ficar otimista, sim… rsrs
Com o João, tudo é possível e de nada se pode duvidar! É melhor já irmos nos acostumando…rsrs
Um dado que vale a pena comentar: João Fonseca será o melhor colocado no ranking ATP da semana que vem entre os menores de 18 anos. Com o triplo de pontos do segundo colocado (até agora)
É, de fato, um fora de série. E da melhor estirpe.