Apenas como ironia, mas com a mais profunda verdade. A palavra “amador” segundo os dois primeiros itens do dicionário Michaelis significa “o que ama” ou “o que tem amor”. Só assim mesmo para explicar que jogadores sem mais nada a provar, amplamente consagrados e milionários, como Rafael Nadal ou Andy Murray (apenas como exemplos) seguem sem medir esforços para continuar jogando em alto nível.
É claro que essa insistência de atletas tão brilhantes é muito bom para o tênis. Mostra que são diferenciados. Afinal, recentemente temos observado que alguns jogadores preocupados com a saúde mental resolveram dar um tempo, como Dominic Thiem ou Naomi Osaka e até Garbine Muguruza, mas esta apenas por opção.
Sem jogar desde janeiro, Rafael Nadal manifestou sua intenção de voltar às competições no Aberto da Austrália. O diretor do torneio Craig Tiley festeja esta possibilidade e já dá como certa. Mas tenistas como o espanhol, ex-número 1 do mundo e dono de 22 títulos de Grand Slam não estão acostumados a perder e só entram em ação se estiverem competitivos. Neste assunto, o alemão Boris Becker afirmou nesses dias que Nadal ainda pode ganhar troféus importantes.
Nadal já anda fazendo treinos regulares, alternando entre a parte física na academia e a técnica em quadra. Ele disse que sente falta dos grandes palcos, mas desde sua última cirurgia em junho prefere viver um dia após o outro.
Uma situação semelhante aconteceu com Andy Murray. O britânico chegou até mesmo a anunciar a aposentadoria. Só que depois de colocar um quadril de aço retomou às grandes competições. Curioso que andando parece ter problemas, mas corre costumeiramente verdadeiras maratonas em jogos equilibrados. Perdeu para o argentino Tomas Etcheverry – em três sets, lógico – no ATP 250 da Basileia, competição de um nível que não costumava ser derrotado numa segunda rodada. Mas parece que não se importa. Afinal, está fazendo o que gosta, mesmo com a ameaça de ter sequelas no futuro, como advertiu um médico inglês.
Não sei se alguém ainda lembra, mas para mim é muito forte a emoção. Na sua despedida na Costa do Sauípe, Gustavo ‘Guga’ Kuerten declarou em lágrimas que amaria seguir jogando, mas seu corpo não permitia mais. É outro exemplo de um tenista brilhante que também é um “amador”.