Márcio Arruda
De Paris, especial para TenisBrasil
A campanha até as quartas de final de Roland Garros foi a melhor de Orlando Luz em um torneio do Grand Slam. E o gaúcho de 27 anos teve um desafio ainda maior em Paris. Depois de perder suas lentes de contato ainda no início da competição, o tenista precisou jogar de óculos pela primeira vez na carreira. Em conversa com TenisBrasil, Orlandinho revelou que tinha apenas 50% de visão, o que não o impediu de vencer mais dois jogos ao lado do croata Ivan Dodig.
“Foi uma semana de superação. Depois da minha primeira rodada, acabei perdendo as minhas lentes de contato. Eu tenho um problema muito sério, que é ceratocone. E não são lentes que a gente encontra na farmácia, preciso mandar fazer em laboratório. E acabei tendo que jogar de óculos. Foi uma emergência, depois da primeira rodada. Não sabia nem se conseguiria competir”, disse Orlando Luz.
“Tive dois dias de intervalo entre as primeiras rodadas. E pelo problema que tenho, o óculos não tem a mesma visão da lente”, relatou o tenista. “Tentei treinar sem lente e não tinha condição nenhuma. Eu tenho 20% de visão sem óculos. Nunca tinha jogado de óculos, tenho 50% de visão com ele. Faz muita diferença para devolver um saque que vem a 200 por hora, não é nada fácil. Sabia que era a única opção que eu tinha”.
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Orlandinho conta que a perda das lentes aconteceu porque ele guardou a necessarie com seus pertences por engano, na bolsa de outro jogador, que utilizava uma bagagem exatamente igual à sua. “Acabei guardando numa bolsa igual à minha, da Babolat, e nunca mais achei. Tinha até o par resreva, que eu levo para a quadra caso estrague. Entrei em contato com todo mundo e não conseguimos encontrar”.
Após a adaptação emergencial durante Roland Garros, ele já pediu para confeccionar novos pares de lentes de contato: “Já estão sendo feitas no Brasil e devem me entregar entre 20 a 30 dias. São muito caras, custam quase 6 mil reais e duram um ano. Então, todo ano eu preciso fazer dois pares, caso uma estrague. Gasto 12 mil reais por ano só com lente de contato. É bom o pessoal saber. Não foi opcional o óculos, a visão não é a mesma. Às vezes, chove, está garoando, embaça… Foi uma emergência. Fazer quartas de final com toda essa dificuldade, dando um jeito. É algo incrível”.
Derrota para os campeões nas quartas
Os algozes de Luz e Dodig foram o espanhol Marcel Granollers e o argentino Horacio Zeballos, que marcaram as parciais de 6/2 e 7/6 (7-4). Granollers e Zeballos terminaram a semana com o título de duplas em Paris. “No primeiro set eles foram bem superiores, jogaram muito bem e também algumas bolas de sorte caíram para o lado deles. Nos dois breaks que a gente tomou, a bola tocou na rede e passou por cima. Mas não tira o mérito deles. No segundo set, conseguimos mudar a tática, dar um pouco mais de lob na devolução e jogar mais com a direita. Infelizmente não conseguimos a quebra, mas é competência deles. Eles treinam para botar a bola na linha e conseguiram”.
Melhor ranking da carreira e próximos passos
Com a campanha, Orlandinho saltou 10 posições no ranking da ATP e atingiu a melhor marca da carreira, no 54º lugar. “Foi meu melhor resultado, até agora eu só havia avançado uma rodada no Australian Open. Comecei a jogar Grand Slam no ano passado e só em Roland Garros. Feliz com essa evolução, e uma evolução rápida. A gente não tem muita margem de erro para se acostumar. Jogar em estádios grandes é uma experiência maravilhosa. A gente treina para estar nesses lugares. Fico com um gostinho de ‘quero mais’ para chegar a uma semi e jogar na Suzanne [Lenglen] ou na [Philippe] Chatrier”.
O próximo compromisso será também na França. Ele disputa o challenger de Lyon ao lado do paulista Marcelo Zormann. Principais cabeças de chave, os brasileiros estreiam contra o belga Michael Geerts e o dinamarquês Johannes Ingildsen. “Vou ficar pela Europa, a ideia é jogar os torneios maiores. Nas próximas semanas, entretanto, ainda vou precisar jogar dois challengers, provavelmente com o Marcelo Zormann, até conseguir entrar em mais torneios com o novo ranking. Já tinha combinado isso com ele, mas acabei deixando-o na mão, por um bom motivo. E aí jogar um ATP na grama, em Easatbourne ou Mallorca e Wimbledon. Depois, seguir em torneios da ATP, começando por Bastad e Umag”.
Complicado um tenista que necessita tanto da lente ir jogar um GS sem uma reserva, chega a ser constrangedor, espero que tenha aprendido.
Caramba. Acho que vc não leu. Precisa de óculos? Ou lentes? Kkkk
O texto explica isso. Ele levou lentes reservas, mas colocou tudo na mesma necessaire, que colocou na raqueteira de outro tenista.
Na raqueteira do Zeballos ou do Granollers?
Não devolveram as lentes!!!
Infelizmente você não leu a matéria corretamente.
Exatamente.
Sua realidade está desfocada. Vá ao oftalmo. Com lentes novas vc vai poder ler corretamente a matéria e parar de falar bobagens.
Ele emite comentários direto da realidade paralela da terra plana.
Você está errado. O texto foi retificado depois do comentário.
Vc leu o texto?
Galera, ele não leu direito pq estava sem lentes. (Contém ironia).
Pelo visto não fez a leitura do texto. O tribunal da caixa de comentários tem preguiça de fazer a leitura do texto antes de dar o veredito.
Interpretação de texto,leia com atenção.
Realmente não li o texto corretamente e meu comentário foi equivocado, peço desculpas ao Luz.
Quis comentar pq eu como um tenista amador de baixíssima qualidade tenho dois óculos reservas em locais diferentes no carro, mas em um caso de viagem dessas fica difícil separar o local de guardar, apesar que eu certamente faria isso, mas enfim, fui preguiçoso mesmo na leitura e mereci as ironias.
Rafael, não é comum as pessoas admitirem que erraram! Não comentei, mas tivesse feito alguma ironia, eu retiraria após essa sua declaração.
Parabéns Rafael pelo reconhecimento. E sei muito bem o que é ficar sem lentes. Tinha 11 graus de miopia até operar aos 40 anos. Na luta Luz, vc merece
Eu também li sem ver essa questão de lentes reservas. Creio que retificaram o texto depois.
Eles consertaram o texto depois, e nem colocaram uma errata. Na primeira postagem nao tava falando da lente reserva mesmo. Relaxa que fazem isso direto aqui, já passei por isso. Devem ter visto seu comentário para aprovação e arrumaram na surdina haha.
Faltou atenção à leitura, porque o texto já deixava bem claro que ele não tinha lentes reservas. Depois da observação do Rafael, o redator enfatizou isso mais uma vez para que não restassem dúvidas. E não fazemos nada na surdina. Ouvimos as observações ou queixas dos leitores e procuramos melhorar sempre.
Eu também tenho ceratocone e sei o quanto é difícil, as pessoas não fazem ideia a superação que esse cara está fazendo! Ele deu sorte que óculos serviu alguma coisa pq no meu caso óculos não serve mais já faz tempo. E ceratocone é algo progressivo em que a visão vai piorando a cada ano até estabilizar.
Muito vento e poeira é horrível para quem usa lentes para ceratocone e é o que mais tem em quadras de saibro, é admirável que ele não desista e continue persistindo em seus objetivos. Espero que consiga alcançá-los, esse cara merece muito!
Que azar do Orlando. E para um tenista a visão é fundamental. Quanta superação.
Entendo a sua luta e espero muito que supere isso o quanto antes. Mas, o mais importante é: será que vai firmar com um parceiro só? Infelizmente, não é possível melhorar o ranking a partir de agora trocando de parceiro a cada torneio.
Orlandinho poderia tentar fixar parceria com o Rafael Matos pra próxima temporada. Jogar com parceiro fixo facilita muito, e ainda poderíamos forjar uma boa dupla pensando em Copa Davis…
Ceratocone é uma enfermidade enganosa, olhando sequer parece, mas é terrível. Possuo nos dois olhos, com cegueira conta-dedos em um e 10% de visão no outro. Meus reflexos hoje em dia são ridículos. Situações cotidianas tenho que adaptar pra conseguir realizar (como ver o letreiro de um ônibus por ex.). Orlando está de parabéns pela luta, ainda mais no saibro com aquela poeira subindo toda hora. Podem criticar que nunca foi um primor pra cuidar do físico, mas vontade e dedicação não faltaram mesmo perdendo a lente. E fez bonito ainda por cima.