Roma (Itália) – A tunisiana Ons Jabeur, retornando de lesão que a afastou das competições, admite que está enfrentando um “momento difícil” em sua carreira. Após a lesão no ombro em agosto de 2024 e da distensão na perna em Miami, três meses após seu retorno este ano, que a fez sair mancando da quadra em lágrimas, ajudada por Jasmine Paolini, foi derrotada na primeira rodada de Madri, há duas semanas.
Mas não é isso que mais pesa no coração da tunisiana de 30 anos. Há duas semanas, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, do qual ela é embaixadora da boa vontade desde fevereiro de 2024, anunciou que havia ficado sem alimentos em Gaza devido ao bloqueio israelense à ajuda humanitária. A situação agora ameaça chegar a níveis catastróficos de desnutrição e doenças. Há dois meses o PMA não consegue entregar suprimentos à população de Gaza.
“Eles estão fazendo um trabalho incrível”, disse Jabeur em Roma a Alex Macpherson, do site da WTA. “Eles estão tentando pressionar e pressionar, mas infelizmente, quando você fecha a fronteira e tenta matar crianças e muitas outras pessoas de fome, isso é muito desumano. Estamos em 2025 e não consigo acreditar que isso esteja acontecendo.”
Seu trabalho com o Programa Mundial de Alimentos lhe deu uma perspectiva valiosa sobre o mundo além do conforto dos lounges dos jogadores. Durante viagem ao Egito no ano passado, Jabeur conheceu uma mulher cujo projeto de padaria estava sendo apoiado pela agência.
“Foi incrível ver uma mulher lutando daquele jeito”, comentou. “Para mim, foi uma história inspiradora. Você não tem ideia do quão pouco eles têm, do quão generosos eles são. Ela continuou me dando o bolo dela e o que estava fazendo. Eu disse: ‘Não, não, você precisa dele.'”
Apesar desses momentos, Jabeur diz que chora com frequência após suas reuniões com o Programa Mundial de Alimentos, e seus olhos se enchem de lágrimas novamente enquanto conversa com o jornalista.
“Um dos caras [na Palestina] perguntou: ‘Somos humanos?'”, contou a tunisiana. “Só de fazer essa pergunta você já está vivendo no inferno. Eu sei que o PMA está pressionando para levar comida para lá, mesmo com muitos trabalhadores mortos. Eles estão fazendo trabalho voluntário. O mundo está terrível agora, e eu não sei como as pessoas estão pensando.”
A Palestina está em sua mente 24 horas por dia, sete dias por semana, e embora tente deixar a tristeza de lado quando está em quadra, ela admite que não é fácil. “Isso realmente me afetou emocionalmente”, confessa.
Além disso, ela testemunhou o que pode acontecer com vozes pró-Palestina ao redor do mundo — críticas públicas, ameaças de ação legal e até deportação. Ela mesma já passou por algumas dessas situações.
“Já fui chamada de terrorista muitas vezes”, contou, sem entender. “Não sei como isso se relaciona. Estou tentando ajudar as pessoas, especialmente as crianças, que estão passando fome.”
Jabeur planeja continuar usando sua voz e sua plataforma, na esperança de que os que estão no poder ajam. “Isso não pode ser considerado normal”, disse ela.
Em dezembro, enquanto estava afastada das competições, aproveitou para fazer a peregrinação da Umrah a Meca com o marido Karim Kamoun. Era uma jornada que ela pretendia fazer há muitos anos e, ultimamente, tem encontrado muito conforto em sua fé.
“Minha religião sempre foi algo pessoal, como acho que deveria ser para todos”, disse Jabeur. “Mas eu sentia a necessidade de me conectar com Deus. Meca é um lugar espiritual inacreditável. Eu me senti super relaxada e calma. Rezei muito — pela Palestina, pela minha família, pela minha saúde.”
Três vezes finalista de Grand Slam, Jabeur também sente que tem assuntos pendentes em quadra, apesar de seu sucesso. “Nós, tenistas, somos gananciosos. Sempre queremos mais e mais e mais. Tento me lembrar todos os dias de que o que fiz é inacreditável. Ainda acho que falta alguma coisa. Estou esperando o momento certo do clique, e sinto na minha alma que ele está chegando.”
Deixamos cair lágrimas, vendo uma série, novela ou mesmo um filme, enquanto permanecemos indiferentes com o sofrimento existente entre nós , esbarramos todos os dias em alguém totalmente vulnerável, até tentamos nos desviar, descobrimos que são muitos, nao conseguimos, preferimos a insensibilidade, a frieza e o medo de descobrir que somos humanos.
La deshumanización del enemigo…
Maravilhoso o trabalho da Ons.
Merece todos os aplausos.
Seria muito bom ter várias Ons!!!!!
A Ons é de fato uma pessoa especial. Mostra senso de humanidade e também coragem ao manifestar-se sobre esse massacre que está ocorrendo em Gaza.
Parabéns Ons Jabeur! Uma das poucas vozes no esporte a se levantar contra o genocídio que o Estado sionista de Israel pratica na Palestina.
A indignação de ONS JABEUR é seletiva? Ela é hipócrita ou corporativista? Quando o Hamas invadiu Israel e foi aterrorizar, torturar, mutilar estuprar sequestrar e matar civis idosos mulheres e crianças israelitas, Jabeur mostrou esta indignação? Ela mostra alguma compaixão ou indignação com os sequestrados israelitas que estão sendo torturados pelo Hamas até hoje, desde Outubro de 2023? Por que Jabeur não faz uma campanha pela libertação dos sequestrados israelitas? Quando o Hamas invadiu vilas, aldeias, kibutz israelitas atirando a queima roupa e degolando civis israelitas, cadê a indignação de Jabeur? Gostaria de saber também onde está a indignação de Jabeur com os atentados terroristas de grupos como Hezbolah, Jihad Islâmica, Al Qaeda, Estado Islámico, Hourhis, entre outros?
Parabéns ao tenisbrasil, principalmente ao responsável pela publicação da matéria!
Destoa da maioria da midia, que ignora,ou praticamente ignora, os crimes de guerra que ocorrem em Gaza.
Eles não são justificaveis, quaisquer que tenham sido os atos do Hamas
Exatamente. Uma população inteira pagando o preço por terroristas (estes sim merecem pena capital). Agora nada justifica o que vem acontecendo dia apos dia.
Qualquer pessoa pública que tem a coragem de se manifestar a favor da causa Palestina atualmente deve ser reverenciada. Minha admiração por Ons Jabeur só aumenta. O cerco sionista não se resume à balas e mísseis, apesar de ser sua face mais horrenda. Perseguições políticas, perdas de patrocínio, demissões, deportacões, sabotagens, envenenamentos, o cardápio é imenso, depende do cliente. Ons deve triplicar seus cuidados com alimentação, suplementos e medicação utilizada .
Lamentável o que acontece em Gaza e mais ainda o silêncio hipócrita da imprensa mundial.
A responsabilidade pela guerra é dos terroristas que assassinaram e torturam inocentes, grávidas e crianças. Enquanto os terroristas do Hamas, hezbolah, huths e outros não entregarem os refens , vai continuar a pressão. Em nome da justiça e da democracia, estes terroristas tem que serem condenados pela comunidade internacional.