Petkovic diz que premiações maiores deixam tênis mais solitário e desigual

Foto: Reprodução/Instagram

Stuttgart (Alemanha) – Em uma semana na qual muito se destacou o equilíbrio maior no circuito, principalmente no masculino, com declarações de Alexander Zverev e Alexander Bublik sobre o assunto, a alemã Andrea Petkovic usou as redes sociais para fazer uma reflexão comparando o momento atual do tênis com o que viveu até o final de 2022, quando encerrou sua carreira.

“Aposentei-me há dois anos, mas, em termos de tênis, parece que foi há uma eternidade. Trabalho como especialista e analista agora, então continuo no tênis. Ainda assisto religiosamente e falo e penso sobre isso sem parar. E, no entanto, às vezes, parece que joguei um esporte completamente diferente, em outra época”, observou a alemã de 37 anos.

Petkovic destacou vários fatores, mas a parte mais contundente foi quando falou sobre a diferença nas premiações e nas consequências que trouxe para o circuito. “O aumento do prêmio em dinheiro tem um lado negativo, infelizmente”, observou a ex-top 10.

“Enquanto no início da minha carreira ainda dividíamos treinadores e viajávamos em grupos com outras jogadoras, dormindo três no quarto para economizar dinheiro, roubando presunto e queijo de bufês de café da manhã e formando amizades para a vida toda, o aumento do tamanho das equipes também aumentou a solidão no circuito. Pessoas que você paga não são suas amigas”, disse Petkovic.

“Como os jogadores viajam com fisioterapeutas, treinadores, psicólogos e treinadores, os tenistas estão cercados por pessoas que pagam e que estão ocupando o espaço para uma possível amizade real. Uma em que seu amigo não precisa se preocupar em perder o emprego quando disser que aquela saia em particular fica uma porcaria em você”, comentou a germânica.

Ela também pontua que as premiações maiores podem ampliar certas diferenças no circuito. “Talento não se compra, mas bons treinadores e preparadores físicos podem ser comprados, e você pode se dar ao luxo de voar na classe executiva e se hospedar em hotéis melhores, o que, por sua vez, ajuda a superar o jet lag mais rápido e a descansar melhor o corpo”.

Mudança nos equipamentos e na preparação

Petkovic salientou duas coisas que também mudaram muito nos últimos tempos: a preparação física e os materiais. “No último ano, mais ou menos, tornou-se normal experimentar novos materiais. As jogadoras estão trocando de raquete, cordas e patrocinadores de roupas”, disse a alemã;

“Havia uma romantização em relação à raquete com a qual você jogava, uma lealdade cega à sua marca e uma estranha superstição sobre as pessoas tocarem no seu material. Os jogadores são menos religiosos sobre como as coisas deveriam ser e mais dispostos a tentar a transformação. Que bom para eles”, comentou a ex-número 9 do mundo e vencedora de sete títulos na WTA.

A germânica comentou sobre a mudança nos treinos. “São de forma diferente agora do que costumavam. Eles se exercitam tanto na academia quanto na quadra. Estão mais fortes, mais rápidos e mais flexíveis. Todos têm uma rotina de alimentação e sono e tratam o corpo como se fosse um cavalo caprichoso que precisa de atenção constante”, falou Petkovic.

Ela própria presenciou boa parte desta revolução durante seu tempo no circuito. “Ao longo dos meus 16 anos de carreira, as coisas começaram a mudar lentamente. Cada vez mais horas eram gastas na academia e na prevenção de lesões. E em certo momento, o treinamento neurológico foi introduzido”.

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