Sinner: “Não estava confortável na Austrália, me olhavam de forma diferente”

Roma (Itália) – Depois de uma temporada vitoriosa e turbulenta em 2024, com dois títulos de Grand Slam, a liderança do ranking e um caso de doping, o italiano Jannik Sinner começou 2025 no mesmo ritmo. Ele conquistou o Australian Open e então fez um acordo com a Agência Mundial Antidoping (Wada), ficando suspenso do circuito por três meses. Às vésperas de seu retorno, ele concedeu uma entrevista exclusiva à RAI, na qual falou um pouco sobre suas experiências.

Sinner revelou que antes mesmo de levar a suspensão, estava cogitando fazer uma pausa por causa do clima que sentia nos vestiários. “Lembro que, antes do Australian Open deste ano, eu estava muito infeliz. Na Austrália, eu não me sentia muito confortável no vestiário ou no restaurante, os jogadores me olhavam de forma diferente e eu não gostei nada disso. Naquela época, eu achava que a experiência do tênis daquela forma era muito difícil”, contou o italiano.

“Sempre levei o tênis na brincadeira, então pensei em tirar uma folga depois da Austrália. Aí as coisas acabaram acontecendo como sabemos. Eu não queria que fosse assim. Por outro lado, naquele momento foi bom para mim. Três meses é muito tempo, mas um dos motivos pelos quais não joguei em Roterdã foi justamente esse. Eu precisava de um tempo diferente, com amigos, priorizando as pessoas que me amam”, acrescentou Sinner.

Apesar das muitas vitórias, o número 1 do mundo garante que não foi fácil para ele desde a divulgação do doping. “A sorte que tive foi que as pessoas ao meu redor acreditaram em mim e me apoiaram muito nesses momentos. Estou falando do meu time, da minha família. Construí minha própria bolha, na qual ninguém mais podia entrar. Isso me deu vontade de continuar, voltar e me preparar bem para os Grand Slams, onde joguei muito bem no ano passado”.

Sinner garante que não foi beneficiado

O italiano afirma que cada um é livre para julgar e dizer o que quiser, mas destaca também que é importante saber o que aconteceu. “Foi muito difícil e eu não desejaria a ninguém inocente passar por algo assim. Mas vivemos em um mundo onde todos podem dizer o que quiserem, então não é grande coisa”, observou Sinner.

Acusado de ter sido beneficiado no julgamento inicial, em que não levou suspensão alguma, ele argumenta que seu protocolo foi o mesmo dos demais. “Quando todos testam positivo, seguem os mesmos protocolos. Não há tratamento diferente, embora no meu caso eu tenha recebido algumas críticas, mas não fui tratado de forma diferente. Precisei fazer muitas ligações, fui examinado e talvez até mais do que os outros. Tudo foi revisado novamente pela Wada”.

Outro ponto abordado na entrevista foi a reação ao saber que testou positivo e depois ao receber a pena. “Eu não sabia de nada, mas rapidamente descobrimos de onde vinham aqueles miligramas. Foi difícil para mim aceitar aqueles três meses: na minha cabeça sabia que não tinha feito nada. Passei por essa dificuldade por um ano inteiro, sempre concentrado nos resultados, mas em quadra, durante esse período, eu não me sentia como um jogador deveria. Eu não estava mais me divertindo, estava pensando em outras coisas”.