Tamanho é documento?

Por Maurício Luís Silva
De São João da Boa Vista/SP

Existe uma gama enorme de esportes. Esta variedade é fundamental pra possibilitar a inclusão de todo biotipo de atleta.

No tênis, o fator estatura vem gradativamente, ao longo das décadas, impondo um tipo de seleção natural. O principal motivo? O saque bombástico desta turma possibilita pontos “de graça”.

O aclamado Rod Laver fez o Grand Slam na década de 60 com seus 1,73m. Depois foram-no sucedendo na ponta do ranking John Newcombe, Ilie Nastase, Jimmy Connors – 1,78m – Bjorn Borg e John Mckenroe – ambos 1,80m – Ivan Lendl, Boris Becker, Stefan Edberg, Pete Sampras…

A bem da verdade, o único “number one” após Rod Laver com menos de 1,80m foi o talentoso chileno Marcelo Rios.

Nos últimos anos, já são comuns jogadores acima de 1,90m e alguns com mais de 2 metros.

Voltando então à pergunta do título: tamanho é documento?

Sim e não.

Sim, se o tenista mais baixo tiver a meta de se fixar longamente como um Top Five ou Top 10. E não… no sentido de que dificulta, mas não impossibilita jogar tênis em alto nível. Porque estes tenistas compensam a baixa estatura com rapidez na cobertura da quadra e redução de erros não forçados.

E por outro lado, os grandalhões têm certa dificuldade em chegar em “deixadinhas” quando posicionados no fundo da quadra. E a grama, com o quique baixo da bola, os obriga a dobrar muito o joelho.

As exceções existem e sempre vão existir, mas a tendência é serem cada vez mais raras.

Seguem mais alguns exemplos, além do chileno Marcelo Rios, de tenistas que jogam ou jogaram em alto nível mesmo não tendo o saque como a principal arma.

– Ken Rosewall (AUS) – entre 1,70m (site ATP)/1,75m (Wikipedia) – 8 títulos de Grand Slam – melhor ranking: 2 na Era Aberta;
– Harold Solomon (EUA) – 1,68m – vice Roland Garros 1976 – melhor ranking: 5;
– Michael Chang – 1,75m – campeão Roland Garros 1989 e vice em 1995. vice do Australian Open. e vice do US Open – melhor ranking: 2;
– David Ferrer, o “operário”; 1,75m – vice do Finals em 2007 ( só perdeu pro Federer) e vice de Roland Garros em 2013 . Campeão do Masters de Paris 2012 – melhor ranking: 3;
– Mais recentemente, o argentino Diego Schwartzman, 1,70m, classificou-se pro Finals e chegou ao número 8 do ranking.
– Em plena atividade e no Top 100, temos o Yoshihito Nishioka e o Sebastian Baez, ambos com 1,70m.
– Também em atividade, há o que talvez seja o mais baixo da ATP atual: o canhoto japonês Yuta Shimizu – 1,63m – cujo melhor ranking é 143… o que não deixa de ser também uma proeza.

Conclusão
Muito mais importante do que a resposta ao título da matéria, é percebermos que não só a coleção de recordes, mas principalmente a resiliência e determinação em superar limites – que antes pareciam intransponíveis – servem de inspiração a nós, atletas amadores e cidadãos comuns.

Para ficarmos em só 2 dos muitos exemplos de superação: em Roland Garros 1989, quem apostaria que Michael Chang, enfrentando cãibras terríveis, iria bater o então todo-poderoso Ivan Lendl em seu piso predileto? Ou… quem apostaria que Novak Djokovic sairia vice de Wimbledon/24 e medalha de ouro pouco tempo depois de uma contusão seguida de artroscopia no joelho?

Cada um herói ao seu modo, estes atletas se tornam celebridades em seus países e exemplo para os jovens… não só no âmbito esportivo, mas na vida.

5 Comentários
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Marcelo Reis
Marcelo Reis
1 mês atrás

Abordei essa mesma temática em duas postagens meses atrás. Conseguir o que esses “baixinhos” conseguem/conseguiram, num mundo de gigantes, só demonstra o talento que eles têm. Alguns são verdadeiros alpinistas por escalar “montanhas” tão altas. Parabéns pelo texto!

Última edição 1 mês atrás by Marcelo Reis
João Sawao ando
João Sawao ando
1 mês atrás

Esqueceu do Carlos Alberto kirmayr que fez final contra eddie dibbs e se não me engano os dois eram muito baixos ou seja menos de 1,70.confirma dalcim?

Oscar Riote
Oscar Riote
1 mês atrás

Altura é importante, ainda mais hoje em dia que tenistas bem altos como Medvedev, Tsitsipas, Zverev, Fritz e Sinner são extremamente ágeis.
Hoje em dia, é cada vez mais raro ter tenistas baixos no alto nível, até por isso o El Peque se aposentou cedo. Acabou a confiança que ele adquiriu, nunca mais conseguiu ser competitivo no alto nível.

Paulo H
Paulo H
1 mês atrás

Não mencionou o australiano Lleyton Hewitt que do alto dos seus 1,80m (alguns sites citam 1,77) conseguiu chegar ao número um do mundo com apenas 20 anos e 8 meses (mais jovem australiano a chegar ao número um, recorde que persiste até hoje), vencendo 2 Grand Slams na carreira de simples e um na de duplas.

Neri Malheiros
Neri Malheiros
1 mês atrás

Excelente texto e escolha de tema, Maurício Luís! No meio de padrões estabelecidos, existe uma série de peculiaridades e exceções e é sempre bom um olhar sensível sobre elas. ‘El Peque’ e ‘O Operário’ são belos exemplos de determinação, de ajuste e de sucesso em uma modalidade esportiva que, como outras mais, favorece os atletas de maior estatura. Eles, os considerados ‘baixinhos’, assim como os grandalhões Karlovic e Isner e outros excepcionais tenistas de ‘tamanho normal’ só não tiveram currículos mais recheados de títulos por terem sido contemporâneos do Quarteto Fantástico.

Imagino que cada vez que entravam em quadra para enfrentar um dos quatro maiores das últimas duas décadas, havia sempre o sentimento inicial de encarar um grande desafio que poderia render glórias se fossem vitoriosos e, quase sempre, o sentimento final de enorme frustração. Um abraço!

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