Já foi dada a largada para dois dos mais grandiosos torneios da série 1000: Indian Wells e Miami. Há tempos que as duas competições rivalizam pelo título simbólico de 5º Grand Slam. A princípio a organização da Flórida saiu na frente, mas perdeu terreno para a Califórnia e a disputa segue acirrada.
As duas competições são realmente gigantescas, com complexos invejáveis, sem dúvidas capazes de serem sede de um Slam. Mas, embora ambos sejam muito atraentes e fascinantes, têm suas diferenças. Indian Wells é sossegado, Miami agitado.
Aliás, Indian Wells fica na realidade em Palm Springs. O vilarejo de Indio está a uns 15 minutos de carro, local repleto de imigrantes e hotéis mais baratos. Mas a localização do Tennis Garden é exuberante. Diversos condomínios luxuosos, cenários deslumbrantes, mas poucas atividades para o público em geral. Aos amantes do golfe o local é um paraíso.
Essa rotina de calmaria já chegou a ser quebrada, em época fora da data do torneio, com a realização de um frenético festival com bandas como The Eagles, The Who, entre outras. Houve até quem disse ter visto Bob Dylan andando pela cidade, tranquilo, como se estivesse em casa.
O grande mentor de Indian Wells foi o ex-tenista americano de origem porto-riquenha Charlie Pasarell. Sua família tinha uma grande propriedade na região e, com o auxilio e investimentos de grandes empresas da região, iniciou a construção de um enorme complexo que culminou com o segundo maior estádio de tênis do mundo, com capacidade para pouco mais de 16 mil pessoas, perdendo apenas para o Arthur Ashe, no US Open, em Nova York. Hoje – na verdade desde 2009 – o comando financeiro é do milionário da Oracle, Larry Ellison.
Para tentar ganhar definitivamente o título de 5º Slam, Indian Wells investiu em diversos pequenos detalhes. Criou uma atmosfera agradável para os jogadores, abriu espaços mais aconchegantes para a mídia, com fácil interação com os tenistas e ofereceu comidas e hotéis bons a preços interessantes. Com isso, o torneio ganhou por diversos anos a preferência em eleições realizadas pela própria ATP. Isso fez com que Miami investisse na troca de local.
A mudança do Miami Open para o Hard Rock, em Miami Gardens, um pouco mais ao norte de downtown, foi para tentar acompanhar o crescimento de IW. Uma decisão arrojada, com quadras construídas no estacionamento e um enorme estádio com arquibancadas adaptadas. Ficou realmente grande e bonito. Mas, sinceramente, pelo menos ao meu ver, perdeu o gostoso charme de Key Biscayne. Por isso, muitos preferem seguir se hospedando mais ao sul e seguem diariamente de carro para o tênis.
O torneio de Miami começou na realidade em Delray Beach, em 1985, mas já no ano seguinte seguiu para Key Biscayne, onde ficou até 2018. Na época mais romântica era conhecido como Lipton. O ex-tenista americano Butch Buchholz foi durante muitos anos um nome importante para o desenvolvimento da competição. Esperto, sempre teve um olhar para a América do Sul. Todos os anos recebia para um café da manhã os jornalistas do continente. Visionário, essa boa relação talvez tenha contribuído para hoje ter o patrocínio de um banco brasileiro como o Itaú.
Enfim, difícil eleger qual mereceria o título de 5º Slam, mas certamente são duas competições que os amantes do tênis não devem perder. São locais diferentes, sem dúvida. Na Califórnia é para pessoas como eu, as que passam praticamente o dia inteiro nas quadras e arrumam um tempo para correr, bater uma bola e aproveitar os green fees mais acessíveis da região. Só que nada é comparável à agitação, ao charme e tantas atrações de Miami. A escolha é sua, ou ambas, né?
Quem é o autor deste texto?
Nossa… que pergunta…
Sampras dizia que o 5° Slam era o Finals.
Concordo com o Sampras
O Finals com certeza seria 5º Slam tanto que em termos de prestígio, tradição, premiação, reúne os 8 melhores da temporada e mais pontos do ranking. O Sampras está certo.
O finals já diz tudo. É um torneio pequeno com os 8 melhores do mundo. O Chiquinho tá falando da grandiosidade dos torneios. Número de jogadores, complexo tenístico , capacidade de público ,duração etc.
Muito interessantes essas informações. Você foca muito bem o que acontece extra-quadra. Porque focar em resultados já tem outros que o fazem. Gostei demais.