Paris (França) – O espírito batalhador que por vezes é associado a Coco Gauff, que ela afirma ter desenvolvido desde criança, foi fundamental para que a jovem norte-americana buscasse a virada sobre a compatriota Madison Keys no duelo válido pelas quartas de final de Roland Garros. Inconformada com o começo ruim no primeiro set, a número 2 do mundo tentou o que pôde para se recuperar e uma das alternativas encontradas foi trocar a raquete.
“Joguei uma partida em Orange Bowl (no juvenil), estava perdendo por 5/1 e consegui me recuperar para vencer o jogo. Eu adoro vencer, tenho vontade de vencer. É algo que sempre tive em mim, não só no tênis. Sou uma pessoa muito competitiva e é bom saber que, quando as coisas estiverem difíceis, eu sou capaz de superar as adversidades. A minha filosofia diz que se posso entregar tudo de mim em quadra, então a derrota irá doer muito menos do que o arrependimento de não ter dado meu melhor”, relatou.
A norte-americana conta que sua recuperação durante o primeiro set pode dever-se à sua troca de raquetes, mas destaca também o fator psicológico: “Eu não estava sentindo a bola no começo da partida, então troquei a tensão da minha raquete para ver se me ajudava. Talvez tenha ou talvez não, mas o fato é que estava perdendo por 4/1 e consegui chegar a 5/4, então gosto de pensar que me ajudou um pouco. Às vezes pode ser algo mental, pensei que jogaria melhor com a raquete nova e comecei a melhorar”.
“Eu estava tentando ser agressiva e tive chances no tiebreak, mas não gostei da forma como o disputei. Apesar de ter sido muito acirrado, senti que fui muito passiva. Normalmente, se você joga passivamente, o jogador mais agressivo tende a vencer. Sabia que teria de entregar meu melhor no segundo e terceiro sets, porque ser agressiva contra Maddie é difícil, é diferente”, detalhou.
Gauff mencionou seus serviços ruins durante o tiebreak e a falta de concentração no início do segundo set como suas principais falhas durante a partida, mas exaltou a boa capacidade de recuperação: “Durante o segundo set, acho que errei quatro voleios. Então lembrei a mim mesma que tinha de fazê-la merecer esses pontos e não dá-los de graça. Depois fiquei contente em vencer o jogo e me senti confortável”.
Na quinta-feira, a norte-americana enfrenta a francesa Lois Boisson pelas semifinais e espera adesão pesada do público à tenista da casa, mas diz estar acostumada. “Tenho experiência em jogar com uma torcida que não torce por mim. Eu tenho duas formas lidar com isso. A primeira é fingir que eles estão torcendo por mim e a segunda é não deixar que te afete e usar isso como motivação. Eu espero que todos sejam respeitosos, mas se não forem, tudo bem, é algo para o qual eu estarei mentalmente preparada. Acho que isso deixa o esporte empolgante e não posso ficar irritada por alguém torcer para a heroína de sua cidade, pois eu faria o mesmo”, comentou.
Inspiração em Carlos Alcaraz
Perguntada sobre o documentário sobre Alcaraz produzido pela Netflix, em que o tenista espanhol explica a sua relação entre a vida dentro e fora das quadras, Gauff admitiu se inspirar na filosofia do atual campeão de Roland Garros. Na produção, Carlos comenta que gosta de viver uma vida descontraída e que isso o ajuda a se concentrar em quadra e tratar os jogos com mais leveza.
“É ótimo estar concentrada, mas era algo mais fácil quando eu era junior, porque jogava um campeonato e depois passava as três semanas seguintes em casa. Obviamente estar no circuito é completamente diferente. É algo que estou tentando aprender com ele. Eu disse a ele que já tentei me divertir em quadra e sorrir como ele costuma fazer, isso é algo que ele me inspira a fazer. Quando aproveito a vida no geral, sinto que jogo melhor. Costumo ser uma pessoa mais séria em quadra, mas tento lembrar que é apenas um jogo e lidar com isso”, relatou.