A canadense Victoria Mboko é um nome a ser observado na nova geração feminina. Em sua primeira participação em um Grand Slam como profissional, a jovem tenista de 18 anos já passou pelas três rodadas do quali e venceu mais dois jogos na chave principal. Adversária da chinesa Qinwen Zheng, número 8 do mundo e atual campeã olímpica, na terceira rodada, Mboko já acumula 42 vitórias no ano, considerando todos os níveis de competição do circuito.
Mboko começou a temporada como 333ª do ranking, mas já está garantindo uma vaga no top 100 ainda no primeiro semestre. A canadense já conquistou cinco títulos de ITF em 2025, três torneios W35 e mais dois W75, além de jogar uma recente final no WTA 125 de Parma. Ela também respondeu bem quando foi testada no alto nível e fez jogos equilibrados nas segundas rodadas dos WTA 1000 de Miami contra Paula Badosa e Coco Gauff, depois de vencer as fases iniciais.
A jovem tenista é nascida nos Estados Unidos, em Charlotte, onde a família se estabeleceu depois de deixar para trás a turbulência política na República Democrática do Congo. Ela tem três irmãos mais velhos, que também jogam tênis. Depois de se destacar em competições regionais, ela recebeu oferta da Tennis Canada para treinar em um dos principais centros do país e defender a bandeira canadense nas competições do circuito. Suas fontes de inspiração são Serena Williams e Bianca Andreescu, campeã do US Open em 2019 e primeira canadense a vencer um Grand Slam.
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“Sinto que quando eu era bem mais jovem e assistia muito tênis na TV, sempre via a Serena ganhando tudo. Era fácil para mim admirá-la como um modelo a ser seguido. Ela era um ícone na época”, disse Mboko, na coletiva de imprensa após a vitória sobre a neozelandesa Lulu Sun, 45ª do mundo, na estreia. “Eu realmente amava o jeito que ela jogava. Quando eu era mais nova, tentava jogar como ela e tentava bater forte na bola. Ela é uma inspiração para muitas meninas. Não só para mim”.
“Além disso, eu me inspirei um pouco na Bianca quando ela venceu o US Open em 2019. Ela foi a primeira canadense a conseguir isso, foi realmente um grande feito para nós. Isso mudou um pouco a maneira como as coisas funcionavam lá”, revelou. “Às vezes, eu a vejo no vestiário e batemos um papo rápido aqui e ali. Eu sempre tenho o número dela. Sei que sempre posso entrar em contato e pedir conselhos… Fico muito feliz por tê-la aqui para pedir alguns conselhos aqui e ali, às vezes”.
Top 100 garantido
Atual 120ª do ranking, Mboko já está chegando ao grupo das cem melhores do mundo. Ao vencer a alemã Eva Lys por duplo 6/4 nesta quarta-feira, ela está saltando para o 89º lugar. “Para ser honesta, eu jamais teria esperado isso. É muito empolgante, de verdade, mas eu nem sabia até os meus pais me contarem”, comentou a canadense sobre o feito. “É uma grande conquista. Quem não gostaria de estar no top 100? Você está entre as melhores do mundo, jogando os torneios do Grand Slam o tempo todo. É um marco muito importante para mim, especialmente considerando que eu estava em torno da 300ª posição no início do ano. Foi um salto bem grande. Estou feliz até aqui”.
Duelo com Zheng
Em mais uma experiência contra uma tenista de alto nível, Mboko tenta jogar sem pressão contra Zheng. “Ela é a top 10, então isso já é algo enorme por si só. É uma atleta incrível e que já venceu grandes jogadoras. Sei que vai ser uma batalha muito dura para mim. Sobre as minhas expectativas? Sinto que não gosto muito de colocar muitas expectativas sobre mim mesma ou sobre o resultado do jogo. A única certeza que tenho agora é que vai ser uma partida muito difícil. Claro que vai ser muito desgastante. Vou precisar construir pontos longos e jogar o meu melhor tênis. Isso é tudo o que posso esperar por agora”.
Amizade com Victória Barros
Mboko também é bem próxima de Victória Barros, juvenil potiguar de apenas 15 anos e brasileira mais bem colocada no ranking mundial da categoria. Ela espera reencontrar a amiga em Paris na próxima semana, quando acontecem as competições da chave juvenil. “Conheci a Victória quando ela era bem pequena, muito pequena mesmo. Eu estava jogando um torneio juvenil no Brasil em 2022 e falei com ela e também com a mãe. Ela estava jogando uma categoria que acontecia junto com o que eu disputava. Ela era uma garotinha muito fofa e me pediu uma foto”, relatou durante a coletiva desta quarta. Mais cedo, a brasileira já havia publicado essa foto nas redes sociais.
“Eu a vi recentemente no Miami Open e ela cresceu muito! Está jogando um tênis muito bom e melhorando no ranking juvenil. Acho que ela só precisa continuar acreditando em si mesma. Tem um grande futuro pela frente. Talvez eu a veja de novo essa semana ou algo assim, mas com certeza vou trocar algumas palavras com ela. Desejo o melhor para ela. É uma menina muito legal”.
Nova Serena?
Eu a vi jogar no qualy em Paris e fiquei bastante impressionado. Tem golpes muito potentes, de ambos os lados, é alta, forte, um saque poderoso e movimenta-se muito bem, por toda a quadra. E é tranquila e equilibrada, nada de gritos histéricos nem palavrões, até porque nenhuma adversária lhe deu trabalho.
A Tennis Canada viu potencial na jovem, após alguns bons resultados, trouxe para o Canadá (família estava radicada nos EUA, depois de deixar o Congo) e investiu na jogadora, hoje Mboko defende o Canadá.
Interessante como a Tennis Canada tem centros de formação em várias províncias canadenses.
Um trabalha estrutural de busca e formação de jovens tenistas, onde quer que esteja.
Legal a atenção que ela dá à Victoria Barros. Estes dias uma pessoa reclamou que a Victoria Barros só publica coisas em inglês. Ora, ela está corretíssima em praticar o inglês. É uma necessidade para os tenistas se expressarem bem em inglês.
E quando estava endurecendo o jogo com a Paula Badosa num dos torneios recentes, a Paula virou para sua equipe me disse: “Ela joga melhor que a Arina Sabalenlka!” Talvez tenha sido exagero, mas mostra o nível da menina.