Cada vez maior

Nem mesmo a ruidosa e por vezes mal comportada torcida americana conseguiu tirar a estabilidade de Novak Djokovic. Com mínimos momentos de baixa, o tricampeão manteve seu amplo favoritismo sobre Taylor Fritz e bateu mais uma marca importante do eterno rival Roger Federer. Isola-se agora como o tenista que mais disputou semifinais de Grand Slam em toda a história, com 47, numa coleção que começou em Roland Garros de 2007.

Em casa e no seu piso predileto, Fritz entrou em quadra nesta terça-feira com 49 de 50 serviços mantidos e nenhum set perdido neste US Open. Mas diante de Djokovic conseguiu poucos momentos brilhantes e sofreu a oitava derrota consecutiva, a sétima sem ganhar uma única parcial. Chegou a tirar um serviço do cabeça 2 no terceiro game, mas seu próprio saque estava uma lástima, com 43% de acerto.

Nem mesmo quando Djokovic pareceu sentiu um ligeiro mal estar, provocado por outro dia quente e úmido, ele pareceu perder o controle. Só no terceiro set Fritz deu algum sufoco, recuperou quebra quando Nole sacou com 4/3, mas imediatamente jogou um game pavoroso e, apesar de ainda ter uma chance de quebra final, seria completamente injusto que a partida se alongasse mais.

Nota zero, claro, para alguns torcedores que tentaram desconcentrar Djokovic em games importantes, mas que no fundo acabaram apenas por mostrar a força mental e o quanto o sérvio está determinado a buscar o 24º Grand Slam. “Não sei quantas outras chances eu terei, então quero aproveitar ao máximo”, sentenciou, ao manter-se invicto em quartas disputadas no torneio, o que já fez por notáveis 13 vezes.

E vem aí outro homem da casa e portanto novo possível estresse com o público, o surpreendente Ben Shelton, de 20 anos e vivendo o primeiro grande momento da carreira. Excepcional sacador, abusa de seu excelente forehand de canhoto e não pensa muito para arriscar. Foi assim que superou nesta madruada um Frances Tiafoe um tanto apático, mas nem por isso deixou de merecer. Nole tem ótimo retrospecto contra canhotos, com 132 vitórias e 40 derrotas, das quais 30 triunfos e 29 quedas aconteceram diante de Rafael Nadal.

Coco e Muchova se reencontram
As primeiras quartas femininas tiveram momentos equilibrados, mas a competitividade ficou aquém do esperado. Tanto Coco Gauff como Karolina Muchova abriram suas partidas com ‘pneu’ e aí administraram a vantagem para concretizarem suas melhores campanhas em Flushing Meadows.

Coco se vingou assim da derrota em sets diretos sofrida para Jelena Ostapenko no recente Australian Open, mas viu uma atuação decepcionante daquela que havia jogado tão bem contra Iga Swiatek. A letã perdeu todos os cinco primeiros games de serviço e se encheu de erros, com 36, mais de dois por game disputado.

Ostapenko é mesmo assim, coisa de 8 ou 80. Se cometeu apenas 20 falhas contra Iga numa virada espetacular, totalizou incríveis 80 no duro jogo de três sets de segunda rodada contra Elina Avanesyan. Primeira adolescente a fazer semi no US Open desde Serena Williams em 2001, Coco diz que foi essencial manter o foco. “Nunca me senti realmente à vontade, nem mesmo nos match-points, porque conheço Ostapenko”.

Muchova por sua vez marca uma história especial. Em 2021, fez semi na Austrália antes de sofrer sério rompimento no abdôme e. em Roland Garros do ano passado, contundiu o tornozelo. Por isso tudo, era apenas 235 do mundo quando jogou o US Open do ano passado. Agora, aos 27 anos, é top 10 e finalista de Slam.

Tenista de muitos recursos, disputou alguns games muito longos contra Sorana Cirstea, que não repetiu o nível que mostrara diante de Elena Rybakina e Belinda Bencic. As duas tenistas tiveram 11 chances de quebra, mas Muchova aproveitou seis e Cirstea, apenas uma. A diferença de winners espanta: 32 a 12, lembrando que a romena também gosta de bater na bola.

As duas se cruzaram apenas uma vez e foi dias atrás, na final de Cincinnati, com vitória de 6/3 e 6/4 de Gauff.

Stefani de novo na semi
Impossível não ficar feliz com o retorno de Luísa Stefani à semifinal do US Open. Há dois anos, ela e Gabriela Dabrowski encaravam em pé de igualdade Gauff e McNally quando houve aquele lance desafornatunado da torção de joelho da brasileira. Por ironia, ela chegaria ao top 10 praticamente no hospital.

Em parceria inédita com a local Jennifer Brady, que não é segura junto à rede mas tem um jogo muito sólido da base, Luísa obteve vitória difícil sobre Magda Linette e Bernarda Pera no terceiro set e aguarda agora Bia Haddad Maia e Vika Azarenka, que tentam a semi em jogo complicado diante da alemã Laura Siegemund e da russa Vera Zvonareva.

Stefani provisoriamente recupera o 9º lugar do ranking, mas ainda depende de pelo menos outras quatro concorrentes, entre elas a própria Bia, que sobe no momento para 13º.

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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