Nova York (EUA) – Um dos árbitros de cadeira mais respeitados e conhecidos do tênis profissional, o brasileiro Carlos Bernardes, depois de quatro décadas de trabalho nos maiores palcos do mundo, está se despedindo neste ano das quadras. No US Open, Bernardes comandou a final de simples masculina de 2006 e 2008, vencidas por Roger Federer, além da final de duplas de 2010.
Recentemente, entrevistado pelo USOpen.org, Bernardes contou como foi seu início no tênis. “Quando eu tinha talvez 13 anos, costumávamos ir ao clube e pular a cerca nos fins de semana para jogar tênis”, disse. “Meus amigos e eu tínhamos algumas raquetes. Costumávamos jogar na rua, mas então eu encontrei esse lugar e costumávamos ir lá. Mas um dia, o chefe do clube estava lá nos esperando. Quando entramos, ele olhou para nós e disse: ‘Por que vocês não vêm jogar como pessoas normais? Venham e se registrem’, disse a Victoria Chiesa, do site do US Open.
Mas seu primeiro contato com a arbitragem aconteceu alguns anos depois, após a morte de seu pai, quando ainda era adolescente. Bernardes começou a treinar e, em 1984, o Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo, sediou um confronto regional da então chamada Fed Cup, rebatizada como Billie Jean King Cup. O evento de uma semana entre o Brasil e países vizinhos precisava de mais de 100 árbitros de linha e Bernardes, que estava trabalhando no Esporte Clube de São Caetano, se candidatou.
Bernardes continuou se equilibrando entre a arbitragem em torneios pela América do Sul, os treinamentos e os estudos de engenharia mecânica, antes de voltar sua atenção em tempo integral para a arbitragem no início dos anos 1990. Seu primeiro evento de nível foi em Miami em 1992, ano em que se tornou árbitro de cadeira da ATP em tempo integral.
Ao longo dos anos, Bernardes acompanhou o crescimento do esporte, tornando-se uma fonte de conhecimento em relação à história do tênis. Ele brinca que, nos primeiros dias, seria provável encontrá-lo nas quadras de treino em um torneio como um parceiro de rebatidas quanto na cadeira de arbitragem.
Mas depois de incontáveis viagens pelo mundo e semanas vivendo em hotéis e 60 anos completados durante o US Open, no dia 1º de setembro, decidiu que este seria seu último ano. “Eu não vim de uma família rica e depois de todo esse tempo, perceber que visitei mais de 100 países diferentes, conheci desde pessoas simples a presidentes, parece irreal”. comentou. “A paixão pelo esporte é uma das coisas que me manteve em movimento.”
Fã da Big Apple
Outros destaques da carreira de Bernardes incluem a arbitragem da final masculina de Wimbledon de 2011, entre Novak Djokovic e Rafael Nadal, a final de 2016 entre Djokovic e Andy Murray no ATP Finals e presença em cinco Jogos Olímpicos. Mas dessas paradas sagradas, Nova York tem sido um dos lugares favoritos do brasileiro. Ele calcula que visitou “45, 50 vezes” Nova York, entre o US Open e as férias ao longo dos anos e se coloca entre os fãs da Big Apple.
Uma de suas boas lembranças da cidade foi ter visto um concerto de Bruce Springsteen no Central Park. “Eu poderia viver em Nova York facilmente, sem nem pestanejar.” Sobre o Centro Nacional de Tênis, o brasileiro também se surpreende: “Quando vim ao US Open pela primeira vez, foi a mesma coisa. É uma loucura… A maneira como o lugar melhorou e mudou é inacreditável, e é tão bem feito, e eles ainda estão melhorando. Algumas pessoas dizem que nunca conseguiriam viver em Nova York, mas para mim é simplesmente ótimo.”
A temporada de despedida de Bernardes continuará até o final do ano, incluindo sua primeira vez nas finais da Copa Davis. O brasileiro tem se impressionado com algumas homenagens que tem recebido dos torneios em seu ano de despedida. Em Barcelona, por exemplo, onde calcula ter atuado em 10 finais, ele foi homenageado em quadra depois da final entre Casper Ruud e Stefanos Tsitsipas. O mesmo aconteceu após a decisão do ATP de Estoril.
“Eu nunca esperei isso. Foi difícil escolher os eventos que eu queria fazer este ano — não consegui fazer a temporada inteira! Um conhecido de Umag (Croácia), veio até mim em Cincinnati me perguntando: ‘Por que você não veio?’ É muito legal quando jogadores, diretores de torneios, o público vêm e falam com você. Eu realmente aprecio o carinho de todos eles.”
“Por 40 anos”, Bernardes acrescenta, “foi simplesmente incrível fazer parte de algo desde o começo.” Uma caminhada e tanto para um garoto que pulava cerca para jogar no clube.
Que trajetória fantástica! Bernardes é um figura emblemática do árbitro que consegue se impor com uma rara combinação de seriedade, profissionalismo e simpatia. Daí o enorme respeito conquistado no circuito.
A vida é muito curta para todos e quem teve a oportunidade de juntar o suficiente para ter independência econômica e uma aposentadoria digna não deve jamais abrir mão de aproveitar e gozar o tempo que lhe resta longe dos compromissos e desgastes da atividade escolhida.
As exceções seriam algumas carreiras que os profissionais não encaram como trabalho e sim como diversão e algo que lhes proporciona imenso prazer.
Tive o prazer de trabalhar por vários anos com o Bernardes nos mais diversos tipos de torneios
Um cara querido e respeitado por todos que vivem dentro do tênis
Espero que ele continue trabalhando ,pois tem muito a ensinar a nova geração.
Obrigado Bernardes
Deus te abençoe grandemente nessa nova fase de sua vida.
Parabéns Carlos Bernardes . Agora quem nem pode ver você pintado a ouro e o Nadal ne…..kkkkk
Tá desatualizado, o Nadal fez até uma homenagem quando o Carlos retornou ao trabalho após a parada cardíaca.
Profissional competente, sempre primou por aplicar as regras não se importando quem estava jogando. Por isso, é tão respeitado e querido no circuito
Parabéns ao grande Carlos Bernardes! Sorte nos novos projetos.
Gostaria muito, mas muuuitooo de ser árbitro de tênis. Por onde começo? Onde faço curso??
Procure o Ricardo Reis na Confederação Brasileira, Gil. Ele vai te dar ótimas dicas.
Como encontrá-lo meu amigo?
Tenho o mesmo desejo do colega abaixo…
Já atuei como árbitro de futebol profissional e de futsal…
Tênis e o vôlei são os próximos objetivos
O melhor caminho é ligar na CBT ou usar os emails oficiais da entidade.
Gigante! Uma biografia com curiosidades e “causos” dos bastidores seria legal para os fãs!
Brilhante carreira e um orgulho para nós brasileiros, parabéns Bernardes
Orgulho nacional. Sem mais.