PLACAR

“Ainda existem ‘duas Bias’ e a mais emotiva apareceu”, afirma a brasileira

Foto: Divulgação/Alice Joyce

Entrevista por Clarissa Veneziani, de Melbourne
Colaboração de Mário Sérgio Cruz

Um dia depois da eliminação na terceira rodada do Australian Open, Beatriz Haddad Maia falou a TenisBrasil sobre a derrota para a russa vinda do quali Maria Timofeeva, jovem de 20 anos e 170ª do ranking. Bia afirma ter saído de quadra insatisfeita com seu nível de tênis e que não conseguiu controlar as emoções durante a partida.

“Tive um jogo bem abaixo do que eu gostaria, especialmente no mental”, disse Bia sobre a derrota por 7/6 (9-7) e 6/3 em 2h09 de partida. “Estou insatisfeita com o meu trabalho. Foi um jogo bem emotivo, onde ainda existem ‘duas Bias’ e que a Bia mais emocional apareceu e não lidou bem com os momentos da partida. Não fui agressiva e também não fui sólida. Errei bastante. Isso não condiz com meu sonho e meus objetivos”.

“E ao longo do ano passado, especialmente nas semanas em que eu tive muito sucesso, eu aprendi que uma Bia não pode existir. Que é aquela que joga com o coração na boca e fica muito emotiva. Eu acabei sendo domada por isso. Mas não desmereço o mérito da minha adversária. É preciso ter coragem para ganhar o jogo”, acrescentou a número 1 do Brasil e 12ª do mundo.

Nova oportunidade nas duplas
Bia permanece em Melbourne para a disputa do torneio de duplas, ao lado da norte-americana Taylor Townsend. Elas já conseguiram duas vitórias no torneio e estão nas oitavas, fase em que enfrentam a espanhola Cristina Bucsa e a russa Alexandra Panova. “Vou caprichar na dupla e tentar fazer o melhor torneio possível para sair com a melhor sensação possível aqui de Melbourne. A dupla, em muitos momentos da minha carreira, me ajudou muito e me mantém competitiva e trabalhando sob pressão.

“O tênis dá uma nova oportunidade todos dias e uma das minhas maiores qualidades é a forma como eu me levanto quando eu caio. Vou seguir trabalhando duro, estou treinando bem e agora só preciso executar bem no momento do jogo”, explica a paulista de 27 anos, finalista de duplas em Melbourne em 2022, ao lado da cazaque Anna Danilina.

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A parceria entre Bia e Townsend começou o ano com o título do WTA 500 de Adelaide e elas pretendem jogar juntas ao longo de toda a temporada, por mais que circuito de simples seja a prioridade para a brasileira. “Acho que temos atitudes parecidas. Nós duas lutamos muito, desde o primeiro ponto, não importa a situação e é isso que nos fazer conseguir as vitórias que estamos tendo. O que temos em comum é que nós duas somos canhotas e incomodamos as adversárias. Sabemos que podemos jogar bem juntas, mas temos que nos concentrar nas nossas rotinas e seguir passo a passo”, falou após a vitória por 7/6 (7-2) e 6/4 sobre Anna Blinkova e Aliaksandra Sasnovich neste sábado.

“Elas formam um ótimo time e começaram jogando muito bem. Blinkova está muito confiante depois de ter vencido a Rybakina em simples”, disse a norte-americana. “E as condições estavam difíceis hoje, o vento mudava muito de direção, tivemos que nos ajustar. Talvez tenhamos cometido mais erros nas devoluções, mas acredito que fizemos uma boa partida no geral. Fomos agressivas nos momentos que precisávamos e vencemos os pontos mais importantes”. Bia acrescentou: “Acho que a única coisa que poderíamos melhorar foi no 5/3 do primeiro set, quando eu estava sacando. Eu poderia ser mais agressiva com o forehand e pressionado mais”.

“Duas canhotas jogam melhor do que uma”, diz Townsend
Townsend já tem experiência de jogar com mais uma canhota e vê essa característica como um diferencial. “Eu já jogava com outra canhota ano passado, a Leylah Fernandez, então estou acostumada com isso. E é uma vantagem, porque não é algo que se vê tanto no circuito. Normalmente você até enfrenta uma canhota, mas não duas. As adversárias precisam se ajustar para as devoluções e também ao nossos forehands. Então, as vezes elas precisam ajustar os pontos fortes delas para evitar os nossos. Duas canhotas são melhores que uma”.

A norte-americana já jogou com Luísa Stefani no ano passado e foi parceria de Marcelo Melo nas duplas mistas. Ela espera terminar o ano falando português. “Por enquanto, só sei um pouquinho, consigo falar ‘tudo bem’, mas o meu técnico morou em Portugal e diz que sabe falar português. Mas até o final do ano, eu quero conseguir manter uma conversa em português. É uma meta para mim”.

18 Comentários
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Marcos Vinicius de Oliveira
Marcos Vinicius de Oliveira
3 meses atrás

Excelente autocrítica.
Bia é uma jogadora talentosa e está no caminho certo. Dará muitas alegrias aos torcedores.

Paulo A.
Paulo A.
3 meses atrás

Sem dúvida mas acho que ela não precisa se justificar nem dar explicações pelas derrotas. Elas acontecem e irão sempre acontecer, é inerente ao esporte. Perdeu porque não jogou bem. Ela já nos dá muitas e suficientes alegrias. Tem um ano inteiro pela frente.

Fernando Brack
Fernando Brack
3 meses atrás
Responder para  Paulo A.

Também acho isso, Paulo. É muita explicação e me parece que essa falação toda não a ajuda em nada. Bia precisa urgentemente aprimorar o saque, aumentando sua velocidade e contundência e, para isso, como já apontaram vários aqui, deveria chamar um expert no quesito. Com a estatura dela, o saque deveria ser o terror das adversárias. Acredito que boa parte de sua insegurança resida na tibieza do golpe.

Groff
Groff
3 meses atrás
Responder para  Fernando Brack

Boa, Brack! Também comentei sobre o débil serviço da moça algumas vezes, e o Dalcim comentou sobre uma cirurgia que ela teve no ombro que pode ser a resposta. Grande abraço!

Refaelov
Refaelov
3 meses atrás
Responder para  Fernando Brack

Justamente, a minha impressão é q ela sempre julga q ganha e perde os jogos pelo aspecto emocional, qnd tá bem clr q existem ene aspectos técnicos e táticos a serem trabalhados.. me preocupa se ela e o staff dela não tão enxergando isso..

Paulo A.
Paulo A.
3 meses atrás
Responder para  Refaelov

Mais preocupante é ver uma jogadora experiente ainda não ter aprendido a ganhar quando é a ampla favorita. A pressão sempre vai existir quanto mais alto for o ranking dela. E uma jogadora emotiva demais sempre será assim. Difícil mudar temperamento de um adulto.

Fernando Venezian
Fernando Venezian
3 meses atrás

Quando ela tava indo pro vestiário, deu pra notar que ela tava chorando tanto, que até soluçava! Foi um daqueles dias que nada deu certo!

SANDRO
SANDRO
3 meses atrás

Que lindo o depoimento!
Isso aí BIA! Levanta e vai em frente! Agora é foco TOTAL nas duplas…
A parte emocional faz muita diferença, Bia deve se inspirar muito em Djokovic e em Nadal, que são os jogadores que mais conseguiram “DOMAR” o fator emocional dentro de suas carreiras que os fizeram sair de situações muito adversas e conseguir dar a volta por cima!!!

Ygor
Ygor
3 meses atrás

Que Bia sempre se supere. Ela merece tudo de melhor. Depende muito de estar bem no dia. Aconteceu com Iga hoje, com Bia ontem, depende muito…

Sadi
Sadi
3 meses atrás

Fale menos e jogue mais… o discurso eh sempre o mesmo

Cabelo de Boneca, o retorno
Cabelo de Boneca, o retorno
3 meses atrás
Responder para  Sadi

Concordo Sadi

Davi Cezar
Davi Cezar
3 meses atrás
Responder para  Sadi

Ela sabe do que está falando. Com 27 anos não deveria acho, estar sofrendo mental com a número 170. Ela deveria sim usar sua estatura, forma atlética, canhota e se impor contra qualquer uma. Ela é top 12. Tem que se impor. Ter plano B. C D e voltar pro A. Joga bem sim. É um orgulho nosso. Mas se perde fácil dentro do jogos as vezes.

Camila
Camila
3 meses atrás
Responder para  Davi Cezar

Concordo, ela se não me engano, neste ano já vai fazer 28 ou 29 anos. A carreira do tênis femenino dura menos que o masculino. A não ser que seja uma Serena da vida. Daqui a pouco a Bia já estará nos 30 anos, e vai ficar duelando entre suas personalidades como o Jack e Hard !!!!! A nova safra está aí estourando a boca do balão !!! Meninas de 16, 17, 18, 20 anos dando aula pras mas velhas.

Ranalfo Maia
Ranalfo Maia
3 meses atrás

Bia, esta sua reação demonstra o quanto vc vai crescer. Quem não tem emoção é Robô.!

Carlos Alberto Ribeiro da Silva
Carlos Alberto Ribeiro da Silva
3 meses atrás

Não acho que tenha sido um desastre a performance dela contra a Timofeeva. O que pesou mais foi o lado emocional mesmo pelo fato dela estar jogando como favorita. A adversária, embora nova e 170ª do ranking, era talentosa, rápida, tem um grande vigor físico, estava chegando em todas as bolas, e não tinha nada a perder no jogo, o que viesse seria lucro, tal qual a Linda Noskova hoje contra a Iga. Então, é trabalhar o lado mental (controle emocional), buscar melhorar nos fundamentos que ainda não estão satisfatórios e bola pra frente. Vão vir muitos torneios ainda em 2024, que já está melhor que 2023, porque ela já tem um título em duplas e chegou na terceira rodada do AO, sendo que em 2023 caiu na estréia.

André
André
3 meses atrás

Boa leitura da Bia. Nós, brasileiros, temos mania de colocar emoção em tudo, até no que não precisa (como na política). No tênis essa reação mais atrapalha que ajuda e saber ser mentalmente frio é importante nos momentos decisivos.

Fernando Venezian
Fernando Venezian
3 meses atrás
Responder para  André

André, concordo em tudo, menos no “nós, brasileiros”. É o ser humano que é assim, tem nada a ver com nacionalidade

SANDRO
SANDRO
3 meses atrás
Responder para  Fernando Venezian

Tem a ver com nacionalidade sim… UCRANIANAS, RUSSAS, SĖRVIAS, TCHECAS são nitidamente mais frias na hora de jogar do que as latinoamericanas…

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