A gente sabe que talento o Brasil sempre teve no tênis. Mas nos últimos anos, o que começou a fazer real diferença foi a coragem de mudar — de país, de treinador, de rotina. Cada vez mais tenistas brasileiros estão pegando suas raquetes e partindo para fora em busca de algo que falta por aqui: estrutura de alto nível e uma rotina de treinos à altura dos grandes do circuito, muitas vezes aliadas aos estudos e oportunidades.
Meninas escolhem seu caminho
Se tem alguém que entendeu cedo o valor do circuito internacional, é Laura Pigossi. Ela construiu a carreira basicamente fora do Brasil, montando sua base na Espanha. Isso não apenas permitiu crescimento técnico como facilitou o calendário e deslocamento pelo vasto calendário do circuito europeu. Em 2022, chegou ao 100º lugar do ranking de simples, um marco. No ano seguinte, brilhou no Pan de Santiago e levou ouro em simples e duplas.
Antes dela, no entanto, Luísa Stefani e a família já havia escolhido o caminho dos EUA. A paulistana está radicada por lá desde os 15 anos, aproveitando para cursar a universidade de Pepperdine. Ela é uma das brasileiras com maior sucesso no circuito no momento, tendo figurado entre as 10 melhores do mundo nas duplas e conquistado também as duplas mistas do Australian Open, ao lado de Rafael Matos.
Opção pelo Universitário dos Estados Unidos
É bem verdade que nomes importantes como Thiago Wild e Thiago Monteiro procuraram montar bases fora do Brasil nos últimos anos, à procura de novos caminhos, mas os dois seguem com a preparação mais apurada no país, em diferentes centros de treinamento. É também o caso de João Fonseca. Embora é claro esses jogadores passem grande parte da temporada percorrendo o circuito pelo mundo.
Estudar e se aperfeiçoar nas quadras nos Estados Unidos continua a ser opção de muitos dos brasileiros: Ingrid Martins está na Universidade de South Carolina, Luiza Fullana entrou em Charleston Southern e Rebeca Pereira cursa a North Florida, para citar apenas os principais exemplos entre as meninas.
Muitos brasileiros de sucesso treinaram nos EUA, como André Sá, que também saiu muito jovem do Brasil. Hoje, o principal nome brasileiro oriundo das universidades é Karue Sell, que fez UCLA, mas diversos nomes ainda de potencial estão em diferentes entidades. Enzo Kohlmann estuda e compete pela Louisiana State, Nicolas Oliveira está na Central Florida, Olivia Carneiro optou pela Georgia Tech e Natan Rodrigues acabou se graduar em Louisville. Há diversos outros nomes por lá, como Luis Sandoval, Henrique Brito, Lorenzo Esquici, Lucca Pignaton e Lucas Silva.
A estrutura no Brasil melhorou, mas ainda falta cancha
Claro, não dá para ignorar os avanços por aqui. O Brasil tem um considerável calendário de torneios, incentivo com patrocinadores e centros de treinamento profissionais. Só que a estrutura nacional dificulta a prática aliada ao estudo e ainda distancia muito o tenista do circuito internacional, principalmente o europeu e o norte-americano.
Apesar disso, nomes como João Fonseca, mesmo com base nacional, mostram que é possível alcançar resultados expressivos — e com regularidade. Não por acaso, ele já começa a aparecer entre os melhores palpites para apostar em torneios internacionais, ao lado de outros talentos em ascensão.
É possível ter grande sucesso com base nacional? Gustavo Kuerten, Bia Haddad e agora João Fonseca mostram claramente que sim.