Que diferença um ano faz!
Quando escrevemos uma série especial de artigos sobre quem deveria ser considerado o GOAT, embora Novak Djokovic apresentasse extraordinários feitos em seu invejável currículo, a única categoria que ele então liderava era a dos chamados “grandes títulos” (a soma de Grand Slam, ATP Finals e Masters 1000).
Passado um ano, contudo, Djokovic:
- ultrapassará Roger Federer na próxima segunda-feira, dia 8 de março, e se tornará o novo líder isolado em semanas no topo do ranking. Na verdade, Djokovic tem a liderança do ranking matematicamente garantida até pelo menos 4 de abril, lhe dando um total de no mínimo 314 semanas no topo.
- tornou-se também líder em términos de temporada como número 1 (seis vezes), empatado com Pete Sampras e à frente de Rafael Nadal e de Federer, ambos com cinco;
- é líder em títulos de Masters 1000, tendo ultrapassado Nadal (36 a 35);
- é líder em títulos de Grand Slam em quadra dura (12, contra 11 de Federer).
Não bastasse isso, ele ainda:
- ampliou a liderança na categoria de grandes títulos, abrindo quatro em relação a Nadal e cinco em relação a Federer (59 x 55 x 54);
- completou pela segunda vez o Golden Masters (ele tem agora pelo menos dois títulos em cada um dos nove torneios, enquanto Federer e Nadal ganharam “apenas” sete dos nove possíveis);
- está agora a apenas dois títulos do recorde de Grand Slam, atualmente nas mãos de Nadal e Federer, ambos com 20.
Além disso, não podemos tampouco esquecer que Djokovic continua:
- a ser o único a ganhar todos os chamados grandes títulos (“big titles”);
- a ser o único a ganhar consecutivamente os quatro Grand Slam em três superfícies diferentes;
- a liderar o confronto direto tanto contra Federer (27-23) quanto contra Nadal (29-27).
O que vemos, portanto, é que Djokovic ganhou terreno em praticamente todas as principais
métricas em relação a seus adversários, não tendo perdido espaço em nenhuma delas.
Com efeito, diferentemente do ano passado:
- Nadal tem agora menos términos como #1 e menos Masters 1000 do que Djokovic;
- Federer tem agora menos términos e menos semanas como #1 do que Djokovic;
- Sampras não é mais o líder isolado em términos de temporada como #1.
Vejamos a tabela abaixo, que traz os principais feitos dos 10 maiores candidatos a GOAT.
Como podemos ver, o único recorde decisivo*** que falta a Djokovic é o de Grand Slam.
A pergunta que se impõe então é: o fato de Federer e Nadal terem dois títulos a mais em Slam é suficiente para compensar os outros incríveis recordes e marcas superiores de Djokovic? Ou suas recentes proezas já o catapultam para ser considerado o GOAT – o maior de todos os tempos?
** Djokovic tem a liderança do ranking matematicamente garantida até pelo menos 04 de abril, lhe dando um total de no mínimo 314 semanas no topo.
*** Federer ainda lidera a contagem de títulos no ATP Finals (6-5), mas essa diferença de um título, nesse contexto, claramente não tem um peso grande no veredito final no debate sobre o GOAT.
* Marcos Bulcao é filósofo e aventureiro, escritor e empreendedor, não necessariamente nessa ordem. Louco por tênis e estatísticas, está sempre pensando em maneiras de resolver o debate sobre quem é o GOAT. Tem seis livros publicados, cinco acadêmicos e seu favorito: O Filósofo Peregrino: de Londres a Roma a Pé. Mora atualmente no Canadá, onde ensina filosofia e gere uma empresa de investimentos automatizados em bolsa de valores.