Miami (EUA) - A configuração do Conselho de Jogadoras da WTA passou por grandes mudanças em 2019. A eleição realizada em agosto promoveu cinco novos nomes para o grupo de oito atletas que discutem melhorias no circuito em conjunto com realizadores de torneios e dirigentes da própria entidade.
Entre as novas integrantes do grupo, a norte-americana Sloane Stephens já começa a se destacar por seu papel de liderança. Campeã do US Open em 2017 e atual 25ª do ranking, a jogadora de 26 anos falou à revista norte-americana Tennis sobre a necessidade de tornar o circuito financeiramente viável para as atletas da nova geração.
5 new members have been elected to the 8 person WTA Players’ Council:
— WTA Insider (@WTA_insider) August 27, 2019
Sloane Stephens - Top 20 rep
Madison Keys - Top 20 rep
Donna Vekic - 21-50 rep
Aleksandra Krunic - 51-100 rep
Gabriela Dabrowski - 21+ rep
They join Konta & Pavlyuchenkova (Top 20 rep), and Ahn (101+ rep).
"Eu sinto que as meninas que estão abaixo de nós no ranking têm mais dificuldades e merecem ganhar um pouco mais, porque elas também fazem parte do mesmo circuito que nós", explica Stephens. "Tive boas condições e experiências desde os meus 17 e 18 anos, que realmente moldaram a minha mentalidade de como estou agora. Mas acho que o circuito está ficando um pouco mais jovem. Eu só acho que elas precisam de um pouco de apoio. Minha maior meta será garantir que eles recebam isso".
Stephens começou a se destacar no apoio às colegas de circuito durante o último Australian Open. Na ocasião, ela amparou a croata Petra Martic, que estava muito abalada depois de uma derrota sem que ninguém do torneio viesse atendê-la. "Eu precisava defender as minhas colegas. Não tenho medo de dizer o que sinto ou como precisa ser dito. Se ninguém ia falar por ela, eu resolvi falar". Já a ex-número 1 Naomi Osaka relembra uma passagem curiosa: "Eu sabia que a Sloane seria eleita. Ela me pedia para votar nela sempre que a gente se encontrava".
Norte-americana dialoga com conselho da ATP
O canadense Vasek Pospisil, que faz parte do conselho de jogadores da ATP, comentou que já conversou com Stephens a respeito da premiação nos Grand Slam. Isso porque os quatro maiores torneios do circuito oferecem prêmios iguais para homens e mulheres em todas as fases de competição, desde o qualificatório até a final.
"Quando você discute os Grand Slam, precisa falar com homens e mulheres. Eu sinto que é contraproducente não se comunicar com elas", disse Pospisil durante o US Open. "Estou realmente impressionado com a Sloane, para ser sincero. Tive boas conversas com ela", comenta o canadense de 29 anos.
Jogadoras de ranking mais baixo também se posicionam
Além de Stephens, assumiram em setembro a norte-americana Madison Keys (representante do top 20), a croata Donna Vekic e a sérvia Aleksandra Krunic (top 50) e a duplista canadense Gabriela Dabrowski. O grupo ainda conta com mais duas representantes do top 20, a britâninca Johanna Konta e a russa Anastasia Pavlyuchenkova, além da norte-americana Kristie Ahn (indicada por atletas de fora do top 100). As novas integrantes do grupo substituíram Venus Williams, Victoria Azarenka, Lucie Safarova, Bethanie Mattek-Sands and Julia Goerges.
Krunic, que já foi número 39 do mundo em 2018, aparece atualmente apenas no 136º lugar. A jogadora de 26 anos falou sobre as dificuldades financeiras enfrentadas pelas atletas de ranking mais baixo, mesmo em torneios de elite do circuito. "Joguei em Nanchang e cheguei nas quartas. Gastei US$ 1 mil com o meu voo, mais US$ 2 mil com meu treinador e o hotel dele, e ainda tive um desconto de 25% de imposto na premiação. Então, fiquei no zero. Na maioria das semanas, não dá para ganhar dinheiro. Você só começa a ter lucro se chegar à semifinal. Assim, de 32 jogadoras, só 15% ganham. É duro, você fica frustrada e menos motivada. Não podemos pensar apenas nas top 10, porque o tênis feminino é muito maior que isso".