O surgimento da variante ômicron vai aumentar ainda mais as restrições do governo australiano aos participantes do primeiro Grand Slam de 2022. A frase de Daniel Andrews, Primeiro Ministro do Estado de Victoria, de que “ranking não irá determinar a entrada no país” tem endereço certo, mas serve para um número maior de jogadores. Há duas semanas li, com surpresa, que 25 dos 100 primeiros da ATP não tinham sido ainda vacinados. Ao longo dos últimos dias diversos atletas resolveram ceder e aderiram aos imunizantes.
Como primeira determinação da ômicron, a data inicial de entrada na Austrália, que seria 1º de dezembro, passou para o dia 15. O recém calendário distribuído pela ATP coloca uma série de competições na Oceânia. Uma decisão louvável, pois ajudaria na adaptação dos jogadores às diferentes condições de um país tão distante.
É claro que devemos sempre respeitar as diferentes opiniões, ainda mais num assunto tão novo e cheio de mistérios como a Covid-19. Mas vejo a atitude de não se vacinar como egoísta, palavra que no dicionário é definida como “pessoa que só pensa em si mesmo”. Ao mesmo tempo, não dá para esquecer o acontecido com o espanhol Carlos Alcaraz na Copa Davis. Embora o jovem tenista tenha se vacinado, ainda assim contraiu o vírus e não pôde representar seu pais na competição.
Nesse ponto mesmo os vacinados ou os que já contraíram a Covid-19 aparentemente não estão imunes, livres de cuidados. A OMS – Organização Mundial de Saúde – classificou a ômicron como variante de preocupação e “evidências sugerem que pode facilitar a reinfecção”.
Mesmo diante de um cenário desses há de se respeitar escolhas. Mas, sinceramente, achei exagerada a declaração do pai de Novak Djokovic, Srdan, de que “obrigação da vacina é chantagem”. Considero o termo forte, embora a decisão de se imunizar seja um direito pessoal, mas um país exigir não vejo como chantagem, mas sim determinação.
Assim é muito provável de que não seja possível mesmo a participação do atual número 1 do mundo no Aberto da Austrália. É uma pena para o esporte. Afinal, Djokovic em quadra é garantia de um lindo espetáculo.