Longe de ser o mais querido dos jogadores do circuito, não há como negar que Novak Djokovic é um monstro. E justamente pelo seu tom polêmico, a recente vitória no Masters 1000 de Roma vai esquentar o clima para Roland Garros, com efeitos de amor e ódio. Prefiro entender que o sérvio tem uma forte personalidade e a mente de campeão, descrita tão bem no livro sobre Pete Sampras de autoria do jornalista norte-americano Pete Bodo.
A formação de um grande campeão é recheada de adversidades e exigências. Djokovic vem enfrentando todos estes obstáculos com perseverança e, mesmo a contra gosto de muitos, revela um bom senso incrível, digno de admiração. Mas mesmo assim, muitos adoram atacar o sérvio.
Há várias razões para isso. A mais comentada é que Djokovic apareceu para estragar a festa. O público estava dividido entre Roger Federer e Rafael Nadal, até aparecer um sujeito determinado com um tênis p’ra lá de eficiente e forte nas palavras e decisões.
A situação tende a ficar ainda mais acirrada. Afinal, Djokovic vem realizando um ano incrível e seguindo assim irá bater muitos recordes. Esta semana passou Sampras no número de semanas como número 1 do ranking. Superou Nadal nos títulos de torneios da série 1000. Mas jamais poderá alcançar a série de títulos do espanhol em Paris.
Na final de Roma, Djokovic fez um afirmação das mais enfáticas. Disse que não sentiu estar jogando bem durante toda a semana. Só que nos momentos em que precisou, ele encontrou o seu melhor tênis.
Djokovic é assim na vida. Pode parecer antipático, polêmico, controverso, mas quando precisa sabe encontrar o melhor termo. No contato pessoal dá para perceber que o sérvio tem sinceridade. Há jogadores que dão entrevistas como se fossem robôs. Duros, sem sensibilidade e respostas “no automático”. Certo ano falei com ele, com exclusividade, em Paris e transmitiu interesse em responder bem, com atenção e a criatividade dos gênios.
Esta virtude de Djokovic é vista também na sua capacidade de falar e em diversos idiomas. Acompanho meu colega e amigo Chris Clarey (que também é digno de admiração pela sua competência e fluência em inglês, francês, espanhol e italiano). O jornalista americano escreveu que o sérvio é um poliglota ao falar sérvio, inglês, alemão, um bom francês e perguntou se havia outras línguas mais. Prontamente a esposa do tenista Jelena, respondeu dizendo que Nole também fala russo. E ela confessou que foi uma decisão de um dia para o outro. De repente, mostrou-se capaz em expressar-se também em russo. Muitos outros disseram que faz o mesmo com o espanhol.
Ora, com todo esse domínio e as inúmeras derrotas que impõe aos seus adversários é natural que Djokovic não seja uma unanimidade. E, por isso, ainda vai dar muito o que falar…