A utilização do ranking da grama para o Torneio de Wimbledon acabou provocando algumas ironias do destino. É claro que, em teoria, pouca diferença faz quem seja o número 1 ou o número 2. Mas beneficiado pelos critérios do All England Club Roger Federer subiu ao posto mais alto do quadro. Só que o sorteio da chave trouxe dos céus adversários em tese mais difíceis para o suíço. Enquanto Rafael Nadal deverá ter um caminho mais tranquilo pela grama do aristocrático clube do subúrbio londrino, o SW-19, pelo menos na primeira semana da competição.
Como se sabe, os torneios do Grand Slam são regidos pela ITF, a Federação Internacional de Tênis, e portanto não precisam seguir a lista de classificação da ATP ou WTA. Mas seria tudo mais fácil, sem polêmicas, se seguissem os rankings masculino e feminino, sem arranjos.
Desde que foi criado este ranking da grama, ele gera discussões e até boicotes. Vários tenistas espanhóis, por exemplo, se sentindo prejudicados desistiram de jogar no All England Club. Mas foram engolidos pelo gigantismo de Wimbledon e poucos disas depois, ninguém mais lembrava que existiu uma desistência coletiva dos ibéricos.
O mais incoerente, ao meu modo de ver, é que os critérios do ranking da grama são usados apenas em alguns casos. Rafael Nadal, por exemplo, caiu nas quartas de final de Wimbledon no ano passado. E em 2016 sequer disputou o Grand Slam inglês por causa de lesão.
Vale explicar que o ranking da grama acrescenta 100% de pontos aos resultados obtidos em torneios disputados nesta superfície nos últimos 12 meses e 75% às competições do ano anterior.
No lado feminino, este ranking da grama jamais foi utilizado e não faz parte dos critérios de definição das cabeças de chave. Mas, desta vez, o All England colocou Serena Williams como 25a. Fica a pergunta: por que não 32, 15 ou 1?
Colega de profissão, Vera Zvonareva, que já foi vice-líder do ranking da WTA, disputou o qualifying e passou para ter o direito de voltar a jogar a chave principal do Torneio de Wimbledon.
Nada contra criar uma espécie de ranking protegido para as tenistas que tiveram filhos. Apenas seria coerente estabelecer uma regra. É o que está pensando a toda poderosa associação de tênis dos Estados Unidos, a USTA, como já adiantou a presidente Katrina Adams.
Enfim, agora com a chave definida, os jogos marcados, o melhor é recorrer mesmo a aquela velha máxima e “que vença o melhor”.