O que será, que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Eis a questão para Rafael Nadal. O que será? Se o maior jogador da história no saibro não consegue mais vencer no seu terreno preferido. A letra de Chico Buarque de Hollanda merece reflexão. Afinal, há muita gente se perguntando em todos os cenários descritos no verso acima.
Será que está na natureza? Difícil dizer. O certo é que o nove vezes campeão de Roland Garros anda em busca da reabilitação. Mas qual o caminho? Prefiro entender como Carlos Moya. O espanhol também ex-número um do mundo – hoje ao lado de Milos Raonic – acha que seu compatriota está desorientado. Seria então o momento de buscar uma mudança radical.
Aparentemente esta inacreditável virada já pode estar acontecendo. Seu tio, Toni, quase não foi visto no Rio Open. Andou discreto pelos cantos, no que pode ser um sintoma do conformismo e da aceitação de que seu ciclo chegou ao fim.
Mas será que uma mudança de treinador irá levar de volta Nadal ao seu melhor tênis? Pode ser sim o caminho. Mas o que se sussurra em versos e trovas é que o espanhol sacou a 130 km/h, que sua direita não machuca e que suas pernas não estão assim mais tão rápidas.
É preciso entender o que anda pelas cabeças do tenista e seu staff. Porque ouvir apenas o que se fala pelos botecos não vai levar a nada. Com 29 anos, ainda há muito tempo para recuperação, mesmo para um corpo já tão desgastado e sofrido.
Seja o que for, para quem goste, admire ou deteste, ou até quem atire pedras. É preciso aceitar que Nadal é um gênio. Sua situação hoje é difícil. Quem não torce por ele, que pelo menos tenha o respeito.