Com conquistas como as de Roland Garros, ou do Masters 1000 de Xangai, entre outras tantas vitórias, Marcelo Melo irá aparecer na liderança do ranking mundial de duplas no próximo dia 2. Mas seu caminho para o topo não foi construído apenas com parcerias como as de Ivan Dodig, Raven Klaasen ou Lukasz Kubot. Mas sim quando decidiu ter seu irmão, Daniel, que também foi um bom tenista, como seu treinador.
Não é segredo para ninguém que as duplas hoje são formadas por especialistas. É um jogo completamente diferente das simples. São jogadas novas, outras opções daquelas em que um defendia a direita e outro cobria a esquerda. Nem mesmo àquela de ‘vou cruzar no segundo serviço’. Um treinador de olho nestas novas alternativas é imprescindível.
Em outras épocas as duplas contavam com jogadores de simples. Uma das mais famosas parcerias era formada pelos americanos John McEnroe e Peter Fleming. O primeiro usava todo o seu talento e genialidade para os toques de bolas. O outro distribuía pancadas… só dava tiro. Os espanhóis Emílio Sanchez e Sergio Casal também fizeram uma ótima parceria. Só que hoje em dia um duplista não se daria bem nas simples e nem mesmo um jogador de simples teria condições de disputar todas as duplas. É necessário ter prioridades.
O trabalho de Daniel foi o de entender e colocar em prática esta nova linguagem. Certa vez conversei com ele nos corredores do Rio Open, mas mineiramente revelou-se discreto. Não quis falar muito sobre si, seu trabalho, preferindo elogiar o esforço, dedicação e talento do caçula.
A interferência de um bom treinador numa dupla não é privilégio do brasileiro. Há um certo tempo os colombianos Juan Sebastian Cabal e Robert Farah contrataram o sul africano Jeff Coetzee e fizeram estrondoso sucesso. Só aqui no Brasil conquistaram tanto o título do Brasil Open, em São Paulo, como do Rio Open.
Para Marcelo Melo falta este tipo de reconhecimento ao trabalho dos treinadores de duplas. Certa vez na entrega do prêmio dos melhores do ano, na Costa do Sauipe, colocou-me na parede, pois acredita que se a mídia não dá atenção, seu irmão jamais seria indicado. Confesso que realmente votei no Daniel Melo para treinador do ano, no lugar de nomes como Larri Passos ou João Zwetsch. Mas a valorização dos técnicos especialistas em duplas vai além.