Não dá para apontar culpados na derrota do Brasil para a Croácia pelo playoff do Grupo Mundial da Copa Davis. Thomaz Bellucci foi até onde deu. Sentiu um problema que já não é de hoje. Também a escolha do Santinho, em Florianópolis, não pode ser apontada pelas suas características: nível do mar, bola lenta. Ora, nestas condições os bons serviços de Bellucci e de João Souza, o Feijão, não funcionam bem. Mas o esquema estava armado para um sacador ainda mais eficiente: Marin Cilic, que vinha de verdade e desistiu nos últimos dias. Para completar, Borna Coric, com apenas 18 anos, não sentiu o peso da responsabilidade. E as longas trocas de bolas só lhe deram ainda mais confiança.
Agora é de se esperar e torcer para que o ‘fator Davis’ não atrapalhe o restante da temporada de Bellucci. Ele já manifestou pelas redes sociais sua frustração por não ter conseguido lutar até o fim. O ideal seria levantar a cabeça, porque a vida continua.
A situação do Brasil, na verdade, não muda muito. Há tempos que ouço e concordo que a segunda divisão na Davis é a nossa realidade. Nesta quarta-feira será realizado o sorteio em Santiago do Chile. A ITF manteve a equipe brasileira como cabeça de chave. Assim, o time de João Zwetsch só entra em ação na segunda rodada, de 15 a 17 de julho, com boas perspectivas de voltar a disputar o playoff para 2017.
O fator Davis manifestou-se em duas diferentes formas neste fim de semana. De um lado, Roger Federer pode ter feito sua última participação no time suíço. Ele já declarou que deveria ter parado quando conquistou o sonhado título. Voltou para atender aos apelos do técnico Severin Luthi e fazer companhia a Stan Wawrinka. Com atuação em três jogos – inclusive duplas, na qual perdeu – o ex-número um do mundo recolocou os suíços no Grupo Mundial, mas já teve ter avisado para não ser chamado na hora de apagar outro incêndio.
Bem diferente e em ritmo de Federer há anos atrás, Andy Murray fez uma declaração das mais contundentes para a rede BBC. Afirmou que não pretende disputar o ATP Finals, caso a Bélgica anuncie na próxima semana a escolha do saibro como superfície para o confronto decisivo em novembro. O escocês já entrou para a história ao vencer Wimbledon em 2013, depois de mais de 70 anos, e agora tem a chance de levar a Grã-Bretanha a um título que não acontece desde 1936.
O ATP Finals, como se sabe, é disputado em Londres e não há dúvidas que muitos dos ingressos já comprados são para ver e torcer por Andy Murray. Mas as condições na O2 Arena não bem diferentes, com quadra rápida. E a Davis, possivelmente na terra batida, será disputada apenas uma semana depois do milionário e importante torneio em Londres.
Por essas e por outras a Davis é ao mesmo tempo uma das mais empolgantes e controvertidas competições do tênis. Pode rapidamente fazer heróis e destruir astros. Tem um lado sentimental muito grande, mas compromete a vida no circuito do tenista… é o X Factor.