A derrota para o Brasil no playoff do Grupo Mundial da Copa Davis gerou um grande conflito entre os espanhóis. A polêmica começou com tom machista e chegou as acusações de incompetência. Tudo porque a Real Federação Espanhola de Tênis resolveu colocar uma mulher, a ex-tenista Gala León, no comando da armada espanhola.
O crítico mais feroz é justamente Toni Nadal. Começou falando que na Davis muitas coisas se resolvem no vestiário. Ora, não tenho nada contra olhar nos olhos para se conversar.
Na Espanha seja homem ou mulher existe o hábito de se começar uma frase com a palavra ‘macho’. Não importa também a que sexo esteja se referindo. É uma tradição, destas que surgem como ‘véio’ ou ‘meu’ no nosso português. Portanto, ninguém ficaria surpreso se os jogadores conversassem com a treinadora falando “macho que horas comienza la practica”.
Entre o ‘macho’ e o incompetente, Toni Nadal e Gala León travaram uma batalha em rede nacional de rádio na Espanha. O treinador não se definiu como machista. Mas sim como antiquado. Disse que a atual capitã da Davis não conhece sequer o 40. do ranking masculino. Para isso, usou sua própria experiência. Confessou que conhece Serena, Sharapova e mais umas duas ou três jogadoras, mas nem sabe quem é a 20a. da WTA. Por isso, afirmou que Gala León não tem condições de assumir o posto de capitã. Sugeriu nomes como os de Sergui Bruguera ou Juan Carlos Ferrero.
Ora, vamos ser sinceros. Para a Espanha vencer um confronto de segunda divisão da Davis não precisaria assim de um treinador revolucionário. O que falar para Rafael Nadal… “olha vamos jogar com garra. Corra em todas as bolas, devolva tudo e quando sobrar uma chance defina com seu forehand”. He he he estou ficando bom nisso hein? Ora… até o zelador do meu prédio se daria bem como capitão contando com Nadal, Ferrer e Cia em confronto de segunda divisão.
O que a Real Federação Espanhola busca com Gala León é comprometimento. Alguém que convoque os melhores jogadores e evite um vexame como foi a derrota para o Brasil. Ela vai estar aí para salvar a pele dos dirigentes. Afinal, presenciei uma cena marcante no Ibirapuera. Moyá dando entrevista e um cartola roendo as unhas de raiva. Com aquela expressão do que ‘eu vou falar lá em casa’.
Moyá não exigiu a presença dos principais jogadores. Bruguera ou Ferrero também respeitariam a vontade dos ex-colegas. E como ficaria a equipe espanhola da Davis então?
Essa história de ‘as coisas se resolvem no vestiário’ trata-se de reserva de mercado. Aliás, no futebol brasileiro uma repórter tornou-se pioneira ao cumprir sua função com dignidade, olhando nos olhos nas entrevistas, jamais se vulgarizando.
Aliás, o US Open, em Nova York, retrata bem situações comuns que podem transformar-se em constrangedoras, dependendo do caráter de cada um. Entre os americanos entrar no vestiário é uma tradição. Seja no basquete, beisebol, futebol. Por isso, alguns anos em Flushing Meadows a credencial com a letra B da mídia dava acesso aos vestiários. O clima sempre foi amistoso. Lembro até que à entrada existe uma sala de estar. Frutas, comidinhas e, certa vez, até mesmo uma máquina de chopp. É isso mesmo… resultado do patrocínio de uma famosa marca de cerveja. O Pardal deve lembrar de algum happy hour. Tudo tranquilo, simples e respeitoso como devem ser relacionamentos profissionais.
Tudo caminhava bem, até que um idiota do Leste Europeu resolveu entrar no vestiário das mulheres. Não se limitou a ficar na sala de estar. Avançou bobamente para os chuveiros, com olhos para todos os lados. Ora, o que determina a competência são as atitudes e não o poder ou não entrar no vestiário. Afinal, mulher no vestiário… pode?