Roger Federer lançou o desafio; será que é ainda é possível nos dias de hoje jogar no estilo saque e voleio? O chamado ‘big game’ marcou uma época. Passou por nomes que fizeram história como Pete Sampras, Goran Ivanisevic, Pat Rafter, Stan Smith, Tony Trabert, entre vários outros que brilhavam com bons saques e belos voleios. Entre estes tantos, por coincidência ou não, está também Stefan Edberg, um dos raros suecos que assumiram este estilo.
Em recente entrevista em alemão, traduzida pelo jornalista René Stauffer, Federer revelou seu desejo de buscar mais o saque e voleio em Wimbledon este ano. Na sua estreia não esteve assim tão desvairado como faria Ivanisevic. O suíço de 42 subidas à rede, ganhou 30 pontos, com aproveitamento de 71%. Uma boa média, sem dúvida, mas ainda longe que que mostrava, por exemplo, o alemão Boris Becker.
O ‘big game’ viu o seu fim com o atual estilo do tênis. Golpes agressivos e regulares de fundo de quadra. Subir á rede transformou-se em tática suicida. A tendência está clara nas marcações das quadras de grama de Wimbledon. De uns tempos para cá, o desgaste fixa-se apenas no fundo quadra, linha de base. Há muitos anos formava-se um triângulo com uma das pontas próxima à rede.
O estilo saque e voleio tem sua beleza. Mas não pensem que era o preferido da torcida. Certo ano, em Wimbledon, lembro de uma polêmica criada pelo croata Ivanisevic. Era dono de um dos saques mais poderosos da história do tênis. Por outro lado, surgiam reclamações com a falta de ralis e pouco tempo de bola em jogo. Apareceram estatísticas mostrando que os confrontos tinham mais tempo de intervalos do que propriamente disputas. Questionado sobre o assunto, Ivanisevic respondeu com sua habitual sinceridade. Disse que em Wimbledon estava em busca do título e dos prêmios em libras esterlinas. Se o público queria vê-lo trocando bolas, que o pagassem por uma exibição, que aí sim estaria disposto a dar espetáculo..
Diante deste cenários, os conservadores organizadores do All England Club resolveram interferir no que é mais sagrado em Wimbledon: a grama. Pediram ao jardineiro para buscar um tipo que diminuísse a velocidade do jogo. A bolinha também mudou. E o estilo dos atuais jogadores tratou do resto.
Com o sonho de ganhar mais um título de Grand Slam, Roger Federer tenta reinventar um estilo que estava desaparecido. Seu jogo permite, sua empunhadura também. Tudo á sua maneira de olhar… afinal uma das coisas que o tempo nos reserva é definida pelo suíço com certa nostalgia: “o difícil de chegar a Wimbledon hoje em dia é saber que não poderei ter a perspectiva de jogar por mais 15 anos”. O desafio está lançado.