A contratação de Boris Becker como head coach para o time de Novak Djokovic e a parceria de Stefan Edberg com Roger Federer é muito mais do que uma coincidência. É sim um sintoma. Ter dois grandes sacadores, dois mestres no saque e voleio representa um ideal de mudanças radicais no tênis a ser praticado em 2014.
Afinal, se superar Rafael Nadal do fundo de quadra é difícil ou quase impossível, junto à rede pode acuar o espanhol. O jogo fica mais rápido, muda a característica, diminui o tempo de reação e alcance das jogadas.
Antes que se fale na impossibilidade desta tendência dar certo é importante lembrar que Edberg jogava ao seu estilo diante de Ivan Lendl, Mats Wilander e foi número um do ranking mundial. É claro que também foi surpreendido em Roland Garros por um baixinho de pernas ágeis, como Michael Chang.
Becker também foi o número um. É ainda o tenista mais jovem a conquistar um título de Wimbledon, quando tinha apenas 17 anos. Seu estilo marcou época e também enfrentou grandes adversários de fundo de quadra como Ivan Lendl.
Sua forma de jogar era realmente devastadora como um ‘Panzer’ , veículo blindado de combate, um tanque alemão, como Becker ficou conhecido. Certa vez, quando estudava inglês em Londres, na Bercy Street, aproveitei uma tarde de folga e fui buscar minha credencial de Wimbledon, bem antes do início do torneio. Passeando pelo All England Club vi Becker treinando numas quadras anexas. Estava, se não me falha a memória, com Gunther Bosch. O treinador colocava umas fitas esticadas partindo da área de saque. E seu pupilo tinha de alcançar a ponta, um pouco à frente da área do ‘mata burro’ a tempo de alcançar a devolução adversária. O primeiro voleio não era definitivo, mas abria a quadra para o segundo.
É claro que os tempos são outros. Os golpes de fundo de quadra estão muito mais consistentes. Mas não acredito que dois craques do tênis da atualidade, como Djokovic e Federer fossem contratar nomes como Becker e Edberg sem terem analisado todos estes aspectos.
Enfim, estas contratações prometem agitar o tênis já no início da temporada de 2014. Afinal, a Austrália é o berço de grandes nomes do saque e voleio. E quem sabe não seja o local de renascimento deste estilo. É claro, com suas variações.