O tênis brasileiro esta semana é ‘top sem’. Não estranhe a grafia. Não faz parte da reforma ortográfica, mas faz parte de uma triste realidade. Não temos mais jogadores entre os cem (agora sim com ‘c’, sem ironias) primeiros do ranking da ATP. Thomaz Bellucci, ainda o nosso número um, está em 113. O segundo melhor é Rogério Dutra Silva, 119, e o terceiro, João “Feijão” Souza, em 122. Entre as novas esperanças Guilherme Clezar está entre os 300 e Tiago Monteiro aproxima-se deste grupo.
Desde 2009, o Brasil não ficava fora do top 100 da ATP. E é importante que este fato sirva como um sinal de alerta. Difícil definir exatamente o que acontece, assim como parece impossível prever um novo cenário a curto prazo. A CBT, pelo que sei, não faltou com apoio aos tenistas profissionais. Conseguiu patrocínios, passagens e nos confrontos da Copa Davis tivemos uma estrutura de primeiro mundo, com técnicos, preparadores, médicos etc e tal.
Acredito que a melhor definição veio nas entrelinhas de uma entrevista de Bruno Soares, da modalidade de duplas que vive outra realidade. Ele deixou transparecer que vivemos uma entressafra. Seu sucesso, certamente, serve como incentivo, mas precisamos também de bons representantes no ranking de simples.
Não canso em dizer que Thomaz Bellucci tem grande potencial. Mas voltar a figurar próximo dos 20 primeiros será uma batalha pr’a lá de dura para o temperamento do nosso número um. Quase um recomeço. com diferentes condições e disposição. Subir novamente degrau por degrau é para poucos. Afinal, uma história parecida (é claro guardando as devidas proporções) ficou famosa na trajetória de Andre Agassi. O fato de Bellucci ter perdido dois Slams, Roland Garros e Wimbledon, deixando de faturar, pelo menos, 40 mil euros, não deixa dúvidas de que sua lesão foi série. Agora precisa de paciência para recuperar o ritmo, mas tem a pressão de precisar também de resultados.
Longe do grupo dos cem primeiros, o Brasil fica fora dos Grand Slams. Bellucci está dentro, pois o brasileiro tinha ranking para entrar no US Open. No feminino temos ainda uma esperança com Teliana Pereira. Mas, sei lá, será que isso é suficiente para o potencial brasileiro?