De menina prodígio ao sucesso nas quadras, a vida de Bia Haddad Maia não foi sempre um mar de rosas. Enfrentou muitos obstáculos, desafios e provações. Mas com muita garra, resiliência e apoio da família seguiu em frente e se consolida como uma das principais personagens do tênis brasileiro.
Já contei esse caso por aqui, mas vale relembrar. Quando Bia tinha apenas 12 anos fui, meio contrariado, convocado para fazer uma entrevista para revista de grande circulação no País, a Época. Não queria colocar pressão na menina. Mas eu sim fui pressionado, pois muitos já viam Bia com um tênis de enorme potencial e que poderia fazer grande sucesso. E ao chegar no Clube Pinheiros para a reportagem percebi que a família, na figura de sua mãe, Lais, (também tenista) estava disposta a dar todo apoio e incentivo.
Outro episódio marcante e que já revelava a grande expectativa sobre a carreira da tenista brasileira aconteceu em 2012, em Roland Garros. Bia foi para a final de duplas no juvenil. O jogo realizou-se na quadra 2, que fica ao lado, quase à sombra, da Philippe Chatrier. Guga Kuerten assistia a partida. E um pouco atrás dele estava o saudoso Antônio Carlos de Almeira Braga, o Braguinha, um grande incentivador do esporte nacional. Num dos intervalos do encontro, ele perguntou ao tricampeão em Paris, o que achava de jovem brasileira. A resposta: “Braga… ela veio para brilhar alí”, disse Kuerten apontando para a quadra central.
Mesmo diante de tantas expectativas e o recente sucesso, Bia mantém-se com os pés no chão. Deixou isso bem claro numa entrevista dada em Toronto, no Canadá, logo após sua final com Simona Halep. A brasileira disse que é muito especial para o Brasil ter Maria Esther Bueno e Guga Kuerten. Mas ela não se compara a nenhum dos dois e define ambos como ‘fenômenos’. Também falou do prazer e orgulho de ser brasileira e sul americana.
Apesar de toda humildade, Bia Haddad Maia já entrou para a história do tênis brasileiro. E se não conquistou o título em Toronto fez uma campanha para guardar em um lugar especial de sua memória, superando adversárias de peso. Segue agora para novos desafios, mas como lá quando Bia tinha 12 anos, sem colocar pressão, afinal o tênis é um esporte muito difícil e merece respeito.