Cinco dias de Wimbledon já se passaram. O que para um torneio em condições normais representaria metade das terceiras rodadas masculina e feminina já concluídas, a chuvosa edição de 2016 atrasou bastante a programação a ponto de a organização do evento realizar jogos no tradicional Middle Sunday pela quarta vez na história.
Vários jovens jogadores estiveram em quadra nos primeiros dias do britânico e disseram coisas interessantes, que muitas vezes acabam passando batidas no noticiário pela necessidade de destacar tudo o que acontece no torneio. Busquei algumas declarações de Taylor Fritz, Nick Kyrgios, Dominic Thiem, Madison Keys e Eugenie Bouchard sobre as primeiras partidas da semana na grama do All England Club.
Fritz não reclamou da sorte. Logo em sua primeira participação em Wimbledon, deu de cara com Stan Wawrinka, mas o americano de 18 anos preferiu destacar a experiência de enfrentar um grande jogador e não se intimidou por jogar em uma quadra tão grande pela primeira vez.
“É claro que você sempre quer a melhor chave possível, mas eu estava animado por ter a chance de jogar contra um dos melhores do mundo. Quando vi a chave, eu realmente não reclamei. Tentei apenas ser positivo quanto a isso”, disse o americano após a derrota por 7/6 (7-4), 6/1, 6/7 (2-7) e 6/4. “Vejo que eu não posso me dar ao luxo de me descuidar em alguns pontos e games contra esses grandes jogadores. Eles realmente tiram proveito disso e não te deixam voltar para o set depois que você faz alguns erros”.
“Foi muito bom entrar em quadra e sentir a atmosfera. Fiquei muito feliz com o fato de que isso não me incomodou. Eu não estava nervoso”, avaliou o ex-número 1 juvenil. “Isso era algo que me preocupava, mas não foi o caso. Eu estava bastante confortável e foi uma grande experiência”.
O precocemente eliminado Dominic Thiem, número 8 do mundo, citou a perda da quebra de vantagem que tinha no primeiro set e a postura defensiva nos três tiebreaks contra Jiri Vesely como decisivos para sua derrota na segunda rodada. “O maior erro em todo o jogo foi a quebra [sofrida] no primeiro set. Joguei muito na defensiva nos tiebreaks e cometi erros não-forçados. Tive muitos problemas com o saque dele e mesmo quando conseguia devolver a bola em quadra, joguei mal nos ralis”.
Kyrgios comentou sobre o imprevisível estilo de jogo de Dustin Brown, que foi seu adversário nesta sexta-feira pela segunda rodada e teceu muitos elogios ao show-man alemão. “Ele deu um drop-shot por entre as pernas que fez eu me sentir horrível. Tem horas que você literalmente não quer jogar, apenas guardar a raquete”.
Just your typical between-the-legs half-volley drop shot from Dustin Brown. #Wimbledon pic.twitter.com/hZOsT4V0rw
— Thierry (@tcote) 1 de julho de 2016
“Ele pode bater um backhand saltando que vai parar na lona, ou então conseguir um dos melhores voleios que você já viu. Acho importante ter um cara como ele jogando. É um jogo totalmente diferente do meu, ou do Gael Monfils. É um grande atleta, muito talentoso e ótima pessoa”.

Kyrgios e Brown fizeram duelo de cinco sets e pontos bonitos pela segunda rodada (Foto: Joel Marklund/AELTC)
Nova integrante do top 10 feminino e responsável por quebrar um incômodo jejum do tênis americano, Madison Keys já foi perguntada sobre chances de assumir a liderança do ranking. “Acho que eu posso. Estou aqui, obviamente, para trabalhar a cada dia. Não acho que vai ser fácil e nem que vá acontecer só porque as pessoas estão dizendo que vai”, comentou a jovem de 21 anos.
“É por isso que sempre que ouço isso, eu só quero ir para quadra de treino e tentar ficar melhor”, acrescentou Keys. “É uma coisa boa de se ouvir e aumenta a confiança ver que as pessoas pensam isso de mim. Mas, mais do que qualquer coisa, o que apenas realmente vai me faz chegar lá é continuar trabalhando e manter minha cabeça um pouco para baixo ainda”.
Eugenie Bouchard, 22, já foi finalista em Wimbledon e tem um fã clube em cada canto do sistema solar. Mas na segunda rodada, passou pelo teste de jogar como “visitante” diante do público britânico que empurrou bastante a anfitriã Johanna Konta. “Ela é a favorita da casa, então eu não esperava nada diferente. Ainda assim era uma grande atmosfera para jogar, mesmo com toda a torcida contra mim. Eu vejo isso como um desafio e aproveitei a atmosfera, não importa qual seja, porque os fãs estão curtindo o tênis e é isso o que importa”.
Juvenil vai começar – A chave juvenil de Wimbledon dá a largada neste sábado. Os paulistas Gabriel Décamps e Felipe Meligeni Alves serão os dois representantes brasileiros na competição. Houve apenas uma grande torneio preparatório na grama, disputado na semana passada, em Roehampton.
No masculino, o canhoto canadense Denis Shapovalov derrotou o japonês Yosuke Watanuki na decisão -não esperava ver o Watanuki tão bem na grama, aliás- e o americano Ulises Blanch teve uma grande semana com semi de simples e título de duplas ao lado de Vasil Kirkov. No feminino, final russa e título de Anastasia Potapova diante da cabeça 1 Olesya Pervushina.
Grande semana de Orlando Luz – O jovem gaúcho fez sua melhor semana do ano ao furar o quali e conquistar o future de US$ 25 mil de Pardubice, na República Tcheca. Foi o primeiro título profissional de simples na terceira vez em que disputou uma final.
Orlando chegou a vencer adversários com mais de 300 posições à frente dele no ranking nesta semana. Três desses rivais, inclusive, têm ranking melhor que o alemão Peter Torebko, adversário da final deste sábado. Os 27 pontos conquistados garantem um salto de mais de cem posições e o aproximam do melhor ranking. Ele agora segue para o saibro italiano de Nápoles.
Sensacional a campanha do Orlandinho nesse torneio de 25 mil. Vindo do quali, ele jogou muito bem e venceu adversários muito melhor ranqueados que ele. Que seja o primeiro de uma longa sequência de outros que estão por vir. E que ele abra a porteira para outros garotos de sua geração também!