Muitos dizem, com certa razão, que seu jogo não é tão vistoso e atraente, mas o fato é que o russo Daniil Medvedev roubou a cena. Achou um padrão e está cada vez mais difícil alguém competir com ele, principalmente nas quadras sintéticas. Ele conquistou neste domingo o segundo troféu consecutivo de Masters, justamente nos dois pisos mais velozes desse nível no circuito..
O russo de 23 anos desfila números impressionantes. Desde o vice no US Open naquela incrível final em que quase virou em cima de Rafa Nadal, venceu todos os 18 sets que disputou. A sequência desde Wimbledon inclui 29 vitórias em 32 possíveis, e não foram quaisquer triunfos: bateu cinco de oito top 10, entre eles outra vez o líder do ranking.
Aliás, penso que a reação que conseguiu na semi de Cincinnati, quando Djoko parecia caminhar para a vitória com facilidade, tem muito a ver com o momento que Medvedev vive. Ele vinha dos vices para Nick Kyrgios e Nadal, mas daí em diante virou um leão. Destruiu David Goffin na final, fez um US Open incrível e nem deu bola para a polêmica com o público.
A fase é tão boa que ele tem superado com folgas seus momentos de provação. Na final de São Petersburgo, tinha histórico de 0-4 contra Borna Coric e o placar foi um massacre de 72 minutos. Na decisão de Xangai, outro 0-4 diante de Alexander Zverev, e um resultado muito parecido, apenas um game e dois minutos a mais para o adversário.
A frase de Zverev diz tudo: “Hoje ele é outro jogador”. Na final deste domingo com teto fechado, Medvedev atacou o forehand do alemão para ir a 3/0, perdeu consistência e cedeu empate, mas aí viu o adversário cometer as tradicionais duplas faltas sob pressão. Enquanto Zverev se apressou no segundo set, o russo disparou winners.
Com 59 vitórias na temporada, sendo 46 na quadra dura e 22 de nível Masters, o russo já supera Roger Federer no ranking da temporada por 185 pontos, o que significa que irá duelar diretamente pelo terceiro posto daqui para a frente.
E não pensem que Medvedev considera um descanso. Ele entrou na chave de Moscou, onde estreará na segunda rodada e tem Karen Khachanov como principal concorrente, e depois emenda o 500 de Viena e o 1000 de Paris antes de enfim uma semana de preparação para debutar no Finals de Londres.
O apetite desse rapaz parece insaciável.
Bruno reage
Sempre admirador dos pisos mais velozes, Bruno Soares conseguiu enfim um grande resultado ao lado do novo parceiro Mate Pavic, depois que foi abandonado no meio do ano pelo escocês Jamie Murray.
A campanha em Xangai foi excepcional: nenhum set perdido, apenas um serviço quebrado. Tiraram os números 1 colombianos e derrotaram o próprio Jamie. A decisão contra os atuais campeões Marcelo Melo e o polonês Lukasz Kubot não teve o equilíbrio esperado.
Soares e Pavic sobem ao 18º lugar no ranking de parcerias, 1.120 pontos atrás da oitava e última vaga para Londres. Difícil, mas eles jogam agora o 250 de Estocolmo e seguem para o 500 de Viena, podendo chegar a Paris com ao menos uma chance matemática de se classificar.
Frases e fatos
– “Todo mundo estava dizendo que precisava de algo novo (no tênis masculino), então dei a eles isso”
– Esta foi a primeira final de Masters 1000 entre dois tenistas com menos de 24 anos desde que Novak Djokovic (22) venceu Gael Monfils (23) em Paris-2009.
– “Sou um tenista melhor do que era no início desta temporada. Tudo melhorou, nunca me senti tão confiante com o saque e me sinto à vontade até nos voleios”.
– Desde o título do russo Nikolay Davydenko na primeira edição de Xangai, em 2009, apenas três jogadores haviam vencido o torneio: Djokovic, Federer e Andy Murray.
– “Se continuar com essa sequência de vitórias, posso pensar no número 1 do ranking em 2020”.
– Bruno tem agora 32 títulos na carreira, sendo 4 de Masters. Melo é recordista em ambos, com 33 troféus e 9 de Masters.