Ainda que seu favoritismo seja absoluto, Rafael Nadal não poderia contar com uma chave mais dura em sua primeira aventura sobre o saibro de 2018. O número 1 do mundo vai em busca do 11º troféu em Monte Carlo, um torneio em que venceu 63 de 67 jogos, com a provável necessidade de enfrentar uma série de nomes muito respeitáveis sobre a terra batida.
A estreia já pode ser interessante se der Aljaz Bedene, já que o esloveno saber jogar na terra. Em seguida, deve vir o canhoto Adrian Mannarino e portanto tudo indica que teremos uma fantástica terceira rodada diante de Dominic Thiem ou Novak Djokovic.
Não sabemos o que esperar da forma física e técnica tanto do austríaco como do sérvio. E os dois ainda têm testes reais pela frente: Nole pega um quali antes de Borna Coric e Thiem aguarda Andrey Rublev ou Robin Haase.
De qualquer forma, são adversários que conhecem muito bem Nadal e estarão motivados a uma surpresa. Vale lembrar que Djokovic bateu Rafa na final de 2013 e encerrou sua série de 46 vitórias no torneio de então, enquanto Thiem cruzou quatro vezes com Rafa no saibro de 2017, vencendo em Roma.
Claro que o mundo do tênis apreciaria muito rever o mais repetido duelo da era profissional, já que Nadal e Nole se cruzaram exatas 50 vezes, com apertados 26 a 24 em favor do sérvio. Eles se enfrentaram pela última vez em Madri do ano passado, com vitória tranquila do espanhol. Porém, Nole ousou derrotar Rafa até em Roland Garros. Fora tudo isso, cada um tem 30 títulos de Masters e se torce por uma luta direta por essa supremacia ao longo de 2018.
No mesmo lado da chave de Nadal, estão ainda Grigor Dimitrov, David Goffin e Albert Ramos. O saibro lento não é a praia do búlgaro, que ainda por cima pode pegar Ramos, vice do ano passado, já na terceira rodada. Goffin fez um grande torneio em 2017, porém só ganhou um game desde o acidente em Roterdã.
O outro lado da chave me parece totalmente aberto. Alexander Zverev teria o favoritismo caso não vivesse uma fase tão irregular. Para piorar, tem Fabio Fognini no caminho antes de um possível duelo com Lucas Pouille ou Diego Schwartzman. Um quadrante bem interessante e imprevisível. A outra vaga para a semi está entre Marin Cilic ou Pablo Carreño. Uma incrível primeira rodada acontece entre o vice de 2015 Tomas Berdych e Kei Nishikori.
Detalhes
– Nadal começa a temporada de saibro com a incrível marca de 391 vitórias e apenas 35 derrotas sobre o saibro ao longo da carreira, ou seja, eficiência superior a 91%.
– Se existe alguma pressão sobre o espanhol, certamente é a manutenção do número 1. Derrota em Monte Carlo já lhe tira o posto pelo menos até o final de Roma, mas muito provavelmente até o começo de junho.
– Djokovic e Pouille moram em Monte Carlo, mas não se pode dizer que jogam em casa, porque o Tênis Clube monegasco está localizado em território francês.
– Zverev tem um retrospecto muito discreto no Principado: apenas cinco jogos, com três vitórias.
– Dos tenistas em atividade, Stan Wawrinka foi o único outro campeão em Monte Carlo, além de Nadal e Djokovic. O suíço está fora desta edição e ainda tenta recuperar a forma. A previsão de volta é em Madri.
– Nunca é ruim recordar que Guga Kuerten ganhou as duas finais que disputou no Principado, em 1999 e 2001.