Como de hábito, a lentidão de Monte Carlo abre o calendário europeu de saibro no próximo domingo e traz como grande atração o retorno de Novak Djokovic, que enfim fará seu segundo torneio da temporada. Ele tem dois títulos lá, o mais recente em 2015, e portanto espera-se um teste interessante para seu ritmo de jogo. O atual campeão é Stefanos Tsitsipas, mas nem ele ou Alexander Zverev estão em grande momento.
Carlos Alcaraz e Casper Ruud surgem como reais ameaças. O espanhol virou assunto obrigatório – especialistas não fizeram outra coisa nos últimos dias do que especular qual seu limite -, mas terá duas dificuldades. A primeira é justamente lidar com as expectativas, a outra será jogar num piso que exige mais paciência e tira um tanto do seu poder ofensivo. Já o norueguês estará no habitat natural, ainda que goste de um saibro um pouco mais veloz. Andrey Rublev, Felix Aliassime e Jannik Sinner aparecem quase como coadjuvantes no Principado.
Claro que todos gostaríamos de ver logo Djokovic e Rafael Nadal numa mesma chave, o que não acontece desde o histórico Roland Garros do ano passado, mas ao que tudo indica isso ficará para o saibro veloz de Madri, que todos sabemos nunca é uma referência para Roland Garros. O torneio da Caixa Mágica, que trocou de mãos e agora pertence à IMG, promete ser fortíssimo, já que anunciou na terça-feira a inscrição de todos os top 40 – agora à exceção do operado Matteo Berrettini -, além de Stan Wawrinka e Borna Coric, que entraram com ranking protegido.
Antes disso, Nadal deve reaparecer em Barcelona, depois de se recuperar da fratura por estresse na costela. Se for assim, terá companhia de alguns nomes que pesam no saibro, como Tsitsipas, Ruud, Alcaraz, Diego Schwartzman e Pablo Carreño. Ao mesmo tempo, Djoko estará em casa como favorito ao 250 de Belgrado, junto a Rublev, Gael Monfils, Cristian Garin e Fabio Fognini. Dominic Thiem está inscrito, mas virou dúvida depois de contrair covid e pular Monte Carlo, voltando para casa.
A grande notícia para o tênis masculino é que enfim surgem novos nomes com verdadeiro talento sobre o saibro, o que pode trazer maior imprevisibilidade para todos esses deliciosos torneios, tão diferentes entre si. Até Roma chegar, sempre o verdadeiro aquecimento para Paris, ainda poderemos ver o quanto Miomir Kecmanovic, Francisco Cerúndolo, Hugo Gastón ou Sebastian Baez poderão contribuir para o espetáculo.
Algo me diz que estamos diante de uma das mais concorridas temporadas de saibro dos últimos tempos.
Feminino se antecipa
O saibro começou para as mulheres bem mais cedo, já que nesta semana acontece o tradicional 500 de Charleston, onde Aryna Sabalenka, Paula Badosa, Karolina Pliskova e Ons Jabeur arriscaram ir atrás do título mesmo com pouco tempo para a transição da quadra dura de Indian Wells e Miami.
Dentro de duas semanas, Iga Swiatek, Maria Sakkari, Barbora Krejcikova se juntam no saibro de Stuttgart e aí a coisa realmente fica boa. A polonesa volta a sua superfície predileta e, no máximo de sua confiança, será favorita ao quarto título seguido. Já a atual campeã de Roland Garros tenta voltar às quadras depois da lesão no cotovelo que a fez também perder a vice-liderança do ranking.
Ausências importantes nessa largada do saibro, Garbiñe Muguruza e Simona Halep devem enfim aparecer em Madri depois de não jogarem Miami por conta de problemas musculares. A espanhola está em baixa neste começo de temporada, sem resultados convincentes e com pouca confiança. Halep ao contrário reencontrou o prazer de jogar e ainda anunciou que passa a ser treinada por Patrick Mouratoglou.
Swiatek, Krejcikova, Badosa e Halep seriam minhas apostas para a fase do saibro. Nessa exata ordem.
E mais
- Bia Haddad, que está nesta semana atrás top 50 em Bogotá, terá de disputar quali em Madri. O ranking de duplas deve lhe dar vaga direta.
- Thiago Monteiro foi muito mal nos challengers portugueses e não conseguirá lugar em Roland Garros, tendo de se aventurar no quali. Deve ter companhia de Felipe Meligeni, Laura Pigossi e Carol Meligeni, com alguma chance para Matheus Pucinelli e Thiago Wild.
- Jo-Wilfried Tsonga vai dar adeus ao circuito em Roland Garros. Um tenista excepcional, mas com físico comprometido há muito tempo. Diz ter enfim cansado de brigar contra o corpo.
- Vika Azarenka e Elina Svitolina decidiram se retirar por um tempo do circuito e não se sabe quando voltarão. Talvez pulem todo o saibro. Serena Williams deve no máximo se despedir de Paris.
- Naomi Osaka diz que desta vez vai treinar mesmo no saibro e pode aparecer em Madri.
- Não ficaria surpreso se Daniil Medvedev só disputasse o Slam francês. Ele nunca gostou do saibro e pode preferir um tratamento cauteloso para a hérnia.