Sete anos depois de fazer o duelo mais importante entre si, Novak Djokovic e Jo-Wilfried Tsonga voltam a se cruzar num jogo de peso e numa quadra sintética. Será tudo muito diferente daquela decisão no Australian Open de 2008, que marcava a primeira e única final de Grand Slam do francês e daria o primeiro grande troféu ao sérvio.
A distância entre as duas carreiras se distanciou exponencialmente. Enquanto Nole cumpriu seu destino e recheou o currículo de façanhas, Tsonga viveu grande dificuldade até mesmo para se manter no top 10.
Acima de tudo, mudaram a forma de jogar. Djokovic é outro tenista em todos os quesitos, com destaque para o saque e o jogo de rede que foram adicionados à regularidade da base, enquanto o francês continua apostando no saque e no forehand, porém indo menos à rede do que costumava fazer.
Tsonga ainda ganharia cinco dos seis confrontos seguintes diante do sérvio, mas a partir da ascensão definitiva de Novak, em 2011, venceu apenas duas de 13 partidas. Não se encontraram desde a vitória do francês nas oitavas de Toronto do ano passado. Daí a curiosidade desta decisão em Xangai.
As partidas deste sábado espelham o momento de cada um. Djokovic atropelou Andy Murray com uma exibição de gala. Verdade que o escocês não jogou um tênis condizente com o segundo lugar do ranking, errando demais no saque e em simples trocas de bola, mas ainda assim o volume de jogo do sérvio foi assustador. Nos games finais, deu aula diante de um adversário atônito e impotente. Menção honrosa para as várias oportunidades em que Djokovic abriu buraco e foi à rede para completar o ponto, exatamente o que Murray deveria ter feito e não conseguiu.
Tsonga viveu seus típicos altos e baixos diante de Rafael Nadal, fazendo o terceiro jogo seguido em três sets. O francês teve dificuldade com o backhand na maior parte do tempo, mas se valeu do saque e de pequenos vacilos do espanhol na primeira série. Depois, Rafa cresceu e deu a impressão de que marcaria uma virada espetacular. Tsonga se recompôs após o ‘pneu’ e o terceiro set foi brigado, game a game, ótimos lances e muita disposição. Por fim, vieram aqueles instantes de falta de confiança que ainda atormentam Rafa e Tsonga carimbou seu feliz e merecido retorno ao top 10.
Para o tênis brasileiro, o sábado também foi especial. Marcelo Melo está em mais uma final de nível Masters 1000 e, ao mesmo tempo, diminui a distância para o sonhado número 1. Se conquistar o 17º troféu da carreira, o terceira da temporada e o bi de Xangai (venceu em 2013 com Ivan Dodig), ele estará a cerca de 500 pontos dos irmãos Bryan e poderá aparecer na ponta do ranking dentro de nove dias. Cruzemos os dedos.
Curtinhas
– Tanto no ranking tradicional como no da temporada, Djokovic tem agora o dobro de pontos do terceiro colocado, Roger Federer. Se for campeão, a vantagem sobre Murray subirá para 8 mil pontos.
– Com a ascensão de Tsonga, metade do top 10 do tênis masculino tem mais de 30 anos. E olha que Nadal está com 29 e Nole e Murray, com 28.
– A ATP deve divulgar nesta segunda-feira que Nadal e Tomas Berdych garantiram matematicamente vagas para o Finals de Londres. Mesmo que não vença Xangai, Tsonga entrou na briga com Ferrer, Gasquet, Anderson e Isner.
– A última vez que o ranking masculino de duplas teve um número 1 inédito foi em setembro de 2008, com o sérvio Nenad Zimonjic. Mike Bryan lidera o ranking (com ou sem o irmão) seguidamente desde 10 de setembro de 2012.
– Para o Finals feminino, Halep, Muguruza, Sharapova, Kvitova, Kerber e Radwanska estão certas. A outra vaga está entre Safarova e Bacsinszky, que ainda jogam semana que vem. Pennetta está em oitavo, mas deve ganhar convite da WTA se não entrar.