Miami já garantiu duas mudanças nos números 1 do ranking – Iga Swiatek e Joe Salisbury – e parece favorável para que Daniil Medvedev complete o quadro de renovações na próxima segunda-feira.
Depois de duas atuações muito seguras, ainda que diante de jogadores defensivos como Andy Murray e Pedro Martinez, ele precisa agora vencer Jenson Brooksby e depois quem passar entre o atual campeão Hubert Hurkacz e Lloyd Harris. Claro que não jogos fáceis. O norte-americano é um tanto preso no fundo de quadra, embora goste de ser agressivo lá de trás, e talvez o grande perigo esteja em Hurkacz, que é um tenista bem completo e que se mexe bem.
Há dois jogos imperdíveis nesta terça-feira. O duelo entre jogadores muito versáteis entre Stefanos Tsitsipas e Carlos Alcaraz tem tudo para ser um dos jogos da temporada, ainda mais que os dois se mostram confiantes. O espanhol continua naquele padrão quase perfeito na sua postura ofensiva, com a vantagem de ter sacado com qualidade até aqui. O grego é mentalmente mais instável e pode sentir o favoritismo natural por conta do ranking e do currículo.
Jannik Sinner e Nick Kyrgios farão enfim o confronto que não aconteceu em Indian Wells por conta da desistência do italiano. A sorte até aqui jogou a favor de Sinner, que evitou três match-points na estreia e mais cinco diante de Pablo Carreño, que ainda por cima sacou para a vitória. É notável como o italiano joga solto e de forma corajosa sob pressão. Kyrgios até aqui está jogando super bem, controlado e econômico na fanfarrice. Quando o australiano joga para valer, é extremamente perigoso.
Também me impressionou como Taylor Fritz se adaptou bem entre as condições um tanto radicais entre Indian Wells e Miami, sem falar no desgaste físico e emocional. Teve uma estreia de altos e baixos e foi firme contra o amigo Tommy Paul, em ambos os jogos se mostrando concentrado no fato de que Miami exige paciência e mobilidade. Esses fatores aliás serão de grande valia diante de Miomir Kecmanovic, um tenista que preza pela regularidade. É outra partida que vale a pena conferir.
Distante dos holofotes, Alexander Zverev vislumbra ótima perspectiva de chegar ao menos na semi. Encara hoje Thanasi Kokkinakis, que vem de dois jogos cansativos, e deve enfrentar depois Casper Ruud ou Cameron Norrie, jogadores com predicados e que podem dar trabalho se o alemão continuar jogando na lentidão das rodadas noturnas. Ou seja, a chave masculina está completamente aberta.
Vale por fim registrar a façanha do argentino Francisco Cerundolo, que está fora do top 100 e é um saibrista típico. Se deu bem contra um contundido Reilly Opelka e massacrou Gael Monfils. A tarefa contra Frances Tiafoe, que eliminou seu irmão mais novo Juan Manuel, é mais difícil, mas nunca impossível.
De olho em Osaka
Depois de tantas surpresas, a chave feminina de Miami enfim tomou ares de normalidade. As quartas de final, definidas nesta segunda-feira, terão seis das cabeças ainda restantes e também Naomi Osaka, que dispensa elogios quando se trata de quadra sintética. A única real ‘zebra’ é Daria Saville, uma jovem australiana de predicados e que viu dar tudo certo. Não pegou uma única favorita em quatro jogos e a adversária de maior gabarito, Katerina Siniakova, nem completou a partida.
Torço particularmente por Osaka. Seria um momento perfeito para ela voltar aos títulos, ficar positiva e recuperar ranking, já que começou Miami sob ameaça de deixar até o top 100. Naomi revelou ter iniciado trabalho com um psicólogo devido à insistência da irmã e gostou da experiência. Chegar à final não parece coisa de outro mundo. Enfrenta já nesta terça-feira Danielle Collins, a quem bateu duas vezes, e aí enfrentaria Saville ou mais provavelmente Belinda Bencic.
Do outro lado, Iga Swiatek está demais e seria loucura tirar dela o favoritismo em qualquer rodada daqui em diante. Absorveu magnificamente a pressão para virar líder do ranking, só perdeu oito games em três rodadas e massacrou a jovem porém ‘engessada’ Cori Gauff. O jogo de quarta-feira contra a experiente e canhota Petra Kvitova promete, ainda que a tcheca esteja um tanto longe de seus melhores dias.
A outra vaga na semi será disputada entre Paula Badosa e Jessica Pegula, mais duas que gostam de bater na bola. A espanhola suou muito diante da sensação tcheca Linda Fruhvirtova, que em seus tenros 16 anos mostra tênis de gente grande e parece fadada a galgar rapidamente o ranking, ainda que precise ganhar um saque mais contundente. Pegula ganhou Doha em fevereiro e virou top 15, porém de forma geral falta a ela presença constante nas rodadas importantes dos torneios de peso.
A queda de Bia
Por falar em Pegula, cabe menção à chance perdida por Bia Haddad Maia nas oitavas de final de domingo, principalmente porque sua adversária, a ucraniana Anhelina Kalinina, desistiu do jogo contra a norte-americana hoje após levar ‘pneu’, certamente contundida. Há duas situações a se mencionar na virada que a brasileira levou.
A primeira é como Bia se desencontrou na partida depois de ganhar com placar elástico o primeiro set e abrir o segundo com quebra, até então mandando no ritmo do jogo e sendo agressiva de forma correta. O outro destaque foi justamente a reação de Kalinina, que mudou complemente sua postura, passou a buscar pontos mais curtos e encurralou a brasileira. Como ela pediu atendimento logo no começo do segundo set, talvez tenha feito ajustes táticos por conta já de algum incômodo físico. E isso é louvável.
Vale registrar que é muito provável que Bia atinja seu recorde pessoal e apareça no 57º lugar do ranking na segunda-feira. E o mais importante: estará apenas 88 pontos atrás da 50º colocada. A batalha continua. O saibro de Bogotá, onde será cabeça 2, é o próximo desafio.