Rafael Nadal e Dominic Thiem fizeram belas apresentações e saíram vencedores na abertura do grupo 2 do ATP Finals de Londres, o maior título que o canhoto espanhol jamais conseguiu e talvez tenha sua última grande chance em 2020.
Tudo funcionou à perfeição para o canhoto espanhol. Sacou muito bem – e explorou com inteligência o corpo do russo Andrey Rublev -, foi ofensivo nas trocas de bola com o forehand e muitas vezes com a devolução, arrumou seus notáveis contra-ataques. Ao estreante faltou é claro paciência, no conhecido abuso da força. Quando jogou longe a raquete logo ao sofrer a primeira quebra, demonstrou o tamanho da ansiedade.
Thiem e Stefanos Tsitsipas por sua vez reeditaram a final do ano passado e surpreenderam pelo nível muito bom apresentado, afastando qualquer preocupação com contusão ou falta de entusiasmo. Embora tenha sido mais versátil, o grego pecou em pontos importantes, principalmente depois de ter 5-3 no tiebreak do set inicial. Poderia ter ido mais à rede. Me pareceu ter respeitado demais os contragolpes de Thiem, que só não me convenceu com um segundo serviço por vezes curto demais. Agradou acima de tudo a cabeça do austríaco, bem focado.
Os vencedores de hoje se cruzam na terça-feira. Dos 14 duelos entre Nadal e Thiem, apenas dois não foram no saibro e aí o placar está empatado. Dez meses atrás, o austríaco ganhou aqueles três tiebreaks das quartas do Australian Open, num piso mais veloz do que este da O2. Vai ser interessante, principalmente porque os dois devem jogar soltos depois da vitória de estreia.
O jogo decisivo entre Tsitsipas e Rublev é totalmente imprevisível: empatam por 2, com uma vitória para cada um na temporada, ambas no saibro. Na dura, Rublev venceu no US Open do ano passado em quatro sets e o grego levou a melhor no Next-Gen, que convenhamos não é realmente um jogo normal.
Melo perde a primeira
Como se esperava, o torneio de duplas deste Finals já mostra um tremendo equilíbrio. Os dois primeiros jogos foram ao match-tiebreak. Pena que Marcelo Melo e o polonês Lukasz Kubot saíram derrotados logo de cara, mas isso nem de longe tira suas chances de ir à semifinal.
Kubot devolveu muito bem a maior parte do tempo, porém a precisão sumiu justamente no desempate crucial. E olha que Joe Salisbury fez algumas tremendas bobagens na partida, bem menos sólido que o veterano Rajeev Ram.
Como é norma no Finals, na terça-feira duelam os perdedores e então Melo e Kubot precisam reagir diante dos alemães Krawietz/Mies, a quem a parceria do mineiro venceu dias atrás na semi de Viena, num placar bem duro.
50 anos do Finals
A ideia de realizar um torneio nobre para finalizar a temporada foi ‘roubada’ do WCT. O circuito profissional da ITF adotou o padrão de juntar os melhores do ano e fez o primeiro ‘Finals’, então chamado ‘Masters’, em Tóquio, patrocinado pela Pepsi. Os seis homens jogaram todos contra todos e Stan Smith ganhou quatro dos cinco jogos (entre eles contra Rod Laver e Ken Rosewall), faturando US$ 15 mil. Também ganhou duplas ao lado de Arthur Ashe.